11 de set. de 2010

A “Explosão Psíquica” _ seus perigos atuais.

Um estado de ambivalência se manifesta no atual campo dos fenômenos psíquicos. No começo do século, a palavra ‘psíquico’ era aplicada a funções da mente e do organismo humanos subjacente ao estado normal de consciência objetiva. Os assuntos classificados nesse campo eram, principalmente, a ‘insanidade’, as funções involuntárias do corpo, as emoções, e a natureza da consciência.

Temas como telepatia, telecinese, bilocação [projeção da consciência], eram incluídos no campo do sobrenatural, pela ciência. Eram classificados na mesma categoria da crença em fantasmas e espiritismo, ou seja, na comunicação com os mortos. Não obstante, naquela época, havia um núcleo de pessoas, tanto na Europa como nos Estados Unidos, interessado no estudo dos fenômenos psíquicos. Essas pessoas se organizaram em grupos locais denominados ‘sociedades de pesquisa psíquica’. Estas eram compostas de sinceros investigadores de fenômenos misteriosos, tais como intuição, premonição, precognição, telepatia, etc. Seus membros eram, principalmente, cientistas [suficientemente corajosos para ignorar o escárnio de seus colegas], bem como jornalistas, clérigos, e outros indivíduos de mente aberta. O Dr. H.S.Lewis, foi Presidente da primeira Sociedade de Pesquisa Psíquica da cidade de Nova York, no começo do século XX.

As revistas cientificas, especialmente as dos Estados Unidos, não publicavam as conclusões dessas sociedades. Declaravam que as descobertas não eram suficientemente conclusivas; que não se apoiavam em comprovação experimental.

Nesse estado embriônico de investigação, não era possível encontrar prova da causa dos efeitos observados. Naturalmente, os pesquisadores denunciaram muitas fraudes, e esses engodos foram revelados. Entretanto, observaram fenômenos que não podiam ser explicados por qualquer meio físico, e é preciso levar em conta que os componentes dessas sociedades eram pessoas inteligentes, que não se deixavam enganar facilmente.

Os relatórios das sociedades de pesquisa psíquica, decorrentes de seu persistente trabalho, foram afinal publicados, mas em suas próprias revistas e, não, na imprensa em geral. Isto atraiu a atenção de membros das faculdades de universidades famosas. Com certa cautela e quase de desculpando, essas personalidades acadêmicas deram então inicio à sua própria séria investigação dos fenômenos psíquicos. E levantaram estatísticas de suas observações. Seus primeiros comentários passaram a reconhecer esses fenômenos, porém, eles hesitaram em classificá-los decididamente, exceto para declarar que, aparentemente, relacionavam-se com desconhecidos poderes da mente ou ocultas profundezas da consciência.

PERCEPÇÃO EXTRA-SENSORIAL
Posteriormente, esses pesquisadores admitiram que, aparentemente, certas pessoas eram dotadas de ‘percepção extra-sensorial’.Foi declarado que essa faculdade ou esse poder transcendia os sentidos conhecidos, mas que a maneira como se desenvolveria e o alcance de suas funções permaneciam misteriosos. Esse reconhecimento final da percepção extra-sensorial e da aparente sensibilidade manifesta por algumas pessoas encorajou artigos a este respeito em publicações populares. O publico reagiu de vários modos a essa publicidade. Religiosos fundamentalistas classificaram-na de ‘malévola’, como uma espécie de invocação das forças de Satan latentes em todo individuo. Outros acharam que tudo não passava de magia e charlatanismo. Não obstante, inúmeras pessoas começaram a revelar suas próprias e inexplicáveis experiências, que nunca haviam ousado discutir com outrem, por medo de terem sido consideradas ‘um tanto esquisitas’.

Com o objetivo de explorar o interesse público, muitos periódicos populares, como inda hoje o fazem, editaram extravagantes artigos sobre o ‘misterioso mundo psíquico’. Para fins de maior circulação, exageravam o tema citando experiências de pessoas que na verdade eram emocionalmente instáveis, e o próprio relato da experiência indicava tratar-se de pessoa anormal. Avançando até os nossos dias, este assunto foi intensificado e atingiu o que pode ser chamado de ‘explosão psíquica’.

Indivíduos sem formação cientifica estão instalando equipamento para ‘testes’de biorritmo e outros, em lojas antes vazias. Anúncios afixados em suas vitrinas informam que eles se oferecem pra interpretar gráficos, com seus instrumentos simples. E os fazem de modo a ‘agradar’ aos seus clientes. Esta espécie de atividade é semelhante à que os observadores de bolas de cristal e adivinhos há muito vêm desenvolvendo. É evidente que essas pessoas, em maioria, não são sinceras, nem são pesquisadores qualificados. Para elas, trata-se apenas de uma nova ‘onda’ popular, que podem explorar.

Como afirmamos de inicio, esta situação levou a um estado de ambivalência no atual mundo dos fenômenos psíquicos. Em outras palavras, de um lado, há mentes progressistas e treinadas – médicos, psicólogos, biólogos, psiquiatras, estudantes de misticismo e de filosofia -  que pesquisam metodicamente, em laboratórios, com o devido equipamento técnico. Estes indivíduos não consideram os fenômenos psíquicos como coisas que transcendem a lei natural, ou pertencentes ao reino do sobrenatural. Como estudantes, sustentam eles que não fenômeno algum que transcenda o espectro total da realidade ou lei cósmica, ou que dele esteja separado. Portanto, com base nesta premissa, crêem eles que esses fenômenos podem ser experimentalmente estudados, isto é, reduzidos a inteligíveis leis da natureza. Esta é a idéia que prevalece também no Laboratório Rosacruz de Parapsicologia, dirigido pó pessoas que tem grau acadêmico em campos congêneres da ciência.

O ‘outro aspecto’ dessa ambivalência é muito perturbador, no transcorrer desta explosão psíquica, devido à confusão que gera, difundindo concepções errôneas, e ao comercialismo a ele associado. Muitas pessoas não estão interessadas em como ocorrem os fenômenos, mas, tão-somente numa apresentação bombástica, espetacular, pretensamente autêntica. Para essas pessoas curiosas e crédulas, muitas ‘igrejas’ foram fundadas. A pretexto de religião, podem tais igrejas fazer quaisquer declarações, por menos que estejam comprovadas, impunemente. Assim, suas atividades não são contestadas e, além disso, seus ‘imóveis são isentos de impostos’. Essas ‘igrejas’ ocupam, de inicio, algum vestíbulo de loja desocupado, ou mesmo a sala de estar de alguma residência. Declaram elas, em sua literatura, que se tornaram, graças ao ‘desenvolvimento psíquico’ de seus lideres, um canal direto para contato com inteligências de outros planetas. Além disso, pretendem receber ‘mensagens’ de divindades ou messias orientais, as quais transmitem a seus desventurados seguidores, que aceitam sua autenticidade sem contestação. Naturalmente, este gênero de igreja não é realmente uma religião, como teologia devidamente instituída, nem seus ‘reverendos’ tem formação teológica.

OS ‘MESTRES’ ou ‘GURUS’
Os lideres de muitas dessas atuais seitas psíquicas, quase todas declarando-se igrejas, afirmam que recebem diariamente revelações diretas de Jesus, do Buda e de Saint-Germain. [Por sua literatura, muitas indicam desconhecer que Saint-Germain nunca foi canonizado, que ele não é um santo. A palavra Saint era apenas parte do seu nome. Na verdade, sua reputação na Europa, durante sua vida, não foi geralmente louvável]. As pessoas crédulas que pagam contribuições a esses indivíduos, que em geral são chamados de ‘gurus’, com freqüência tem se tornado seriamente perturbadas, emocionalmente , devido a sua imposta submissão ao ‘guru’ ou ‘Grande Mestre’ de sua igreja.

Economicamente, essas vitimas são também gravemente afetadas. Em vários casos que ainda persistem, são elas obrigadas a se submeter inteiramente ao que lhes é transmitido, devido ao caráter ‘sobrenatural’ ou divino da autoridade associada a tais revelações. Por conseguinte, doam seus bens de raiz ao líder, reverendo ou guru da igreja -  bem como grande parte do seu dinheiro.

FALSAS PRETENSÕES
Uma pessoa ponderada tem dificuldade em compreender como pode alguém aceitar essas absurdas pretensões. Por exemplo, alguns declaram que o Cristo, o Buda e outros expoentes espirituais, escolheram-nos como divinos mensageiros para toda a humanidade, e em troca de uma contribuição monetária! Creio que é interessante citarmos parte de um artigo escrito pelo Dr.H. Spencer Lewis:

“O que eles oferecem de mais categórico, aos seus seguidores, é uma lista de promessas que incluem a capacidade de ascenderem a sagrada comunhão com os santos e entes espirituais do passado e do presente; a capacidade de se tornarem imunes aos problemas, testes e tribulações da vida terrena; o poder para se tornarem sobre-humanos ou supernormais; a fórmula ‘garantida’ para se elevarem, rápida e completamente, acima da rotina comum da vida, para uma triunfante, proeminente e próspera posição; a formula para se colocarem na mais intima associação com os ‘Mestres invisíveis’, e centenas de outras promessas, absurdas mas atraentes.
...
Desejamos ser, sempre, seres humanos sensatos e racionais, lidando com seres humanos sensatos e racionais, de modo sensato e racional. Esperamos assim continuar a servir aos nossos Fratres e Sórores, e nos apresentar ao mundo do mesmo modo honesto, sincero, que o fizeram os oficiais do passado, em toda parte.”

O efeito prejudicial deste aspecto do interesse pelos fenômenos psíquicos é que muitos sinceros buscadores são desorientados por essas falsas declarações. As fantásticas afirmações desses grupos pseudo-psiquicos atraem a atenção e o buscador comparece. Por fim verifica, na maioria de tais grupos, que foi explorado e que nada do que aprendeu lhe foi proveitoso. Afasta-se desapontado e, em muitos casos, cessa de buscar, acreditando que todas as demais sociedades ou organizações – mesmo que não se denominem ‘igreja’ – tenham o mesmo caráter.

Organizações sinceras, de longa e honrosa história, não fazem declarações desse gênero. Sabem que elas são falsas; sabem que a consecução que o individuo busca tem de ser alcançada por ele próprio, mediante ‘estudo pessoal’ de leis e princípios básicos. Não pode o buscador promover a evolução do seu próprio estado de consciência escutando as bombásticas afirmações de um guru, ou de alguém que proclame dispor de um canal exclusivo para todo o Cósmico.

Essa ‘mania de psiquismo’ acabará resultando no desmascaramento de muitos desses charlatães que estão explorando o inocente, ingênuo buscador de conhecimento. Entrementes, deve cada interessado verificar a credibilidade desses ‘lideres’ psíquicos e seus grupos ou ‘igrejas’, Isto é: que tradição, história ou reconhecimento publico foram por eles e suas obras confirmados? Podem eles para isto recorrer a  enciclopédias e dicionários, ou apontar qualquer reconhecimento publico de sua autenticidade? Poucos podem fazê-lo.
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[Texto por Imperator]

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