9 de ago. de 2010

Mudanças


Os padrões sempre fluentes de nossa vida são marcados por variações e momentos decisivos, mudanças desejáveis e indesejáveis. É essencial refletir sobre as mudanças a fim de compreendermos o progresso que tenhamos realizado como criaturas humanas.

Mudanças são inevitáveis em todas as vidas; mas às vezes é muito difícil lidarmos com elas. O desconhecido pode ser assustador e mesmo mudanças positivas podem ser muito estressantes. Os psicólogos usam uma escala de estresse que mede a intensidade da tensão comumente sentida devido a eventos especiais da vida, e descobriram que mesmo as mudanças mais desejáveis podem produzir estresse. Por exemplo, um novo casamento ou uma promoção no emprego podem causar grande felicidade, embora um forte estresse possa também ser sentido.

Mas, podemos nos preparar melhor integrar as mudanças da vida de maneiras positivas e satisfatórias. Chave para isso está na importância ao conhecimento do Eu Interior e ao insight que decorre de nossas experiências na vida. Sabemos que mesmo uma experiência de vida difícil pode proporcionar uma oportunidade para crescimento pessoal e maior compreensão de nós mesmos e do mundo em que vivemos.

Com efeito, com freqüência verificamos que uma mudança ou experiência que parecia a ‘pior coisa que podia ter acontecido’ acaba sendo um catalisador que dirigiu nossa vida para um sentido muito positivo e desejável.

Podemos perceber as mudanças como experiências de transição, revelando que, quando alguma coisa está terminando, uma outra está começando. Refletindo nisso sua compreensão de que um término apenas anuncia um novo começo nos padrões da vida que estão constantemente mudando.

NOSSO SACRIFÍCIO
É interessante notar que, todos nós temos um desejo em comum: o desejo de mudança em nossa vida. Mas para alcançá-la precisamos ter um compromisso interior com a mudança e estar dispostos a fazer os sacrifícios necessários.

Mas, que sacrifício precisam ser feitos? Os dicionários definem sacrifícios como a renuncia ou a destruição de algo valorizado ou desejável, em troca de algo considerado superior ou mais premente. A palavra ‘sacrifício’, que vem do latim, significa ’tornar sagrado’. Segue-se que a força do nosso compromisso pode ser medida pelas coisas que estamos dispostos a renunciar ou eliminar de nossa vida.

NOÇÕES PRECONCEBIDAS
Nosso sacrifício pode ser de renunciarmos a crenças muito estimadas e a noções preconcebidas, bem como, às emoções que as sustentam. Isso pode se tornar necessário porque precisamos então desenvolver novas habilidades e novos recursos para nossa vida diária, e aprender a usar os que já temos de maneiras novas e criativas. Podemos sentir necessidade de sacrificar muitos padrões familiares em nossa vida, para ‘tornar sagrado’ o novo rumo que escolhemos.

Se não renunciarmos à nossa velha maneira de ver as coisas e não mantivermos a mente aberta para um novo modo de pensar, simplesmente projetaremos nossas velhas crenças e não compreenderemos o que estivermos tentando aprender. Por exemplo, há uma estória a respeito de um homem chamado Mulla Nasrdin, que levou uma manada de jumentos para atravessar a fronteira do seu país com uma país vizinho, todos os meses, durante muitos anos. Quando os oficiais da alfândega lhe perguntavam qual era o seu negócio, ele sempre respondia, ‘contrabando’.Os oficiais davam e então uma busca na manada, mas nunca encontravam nenhum contrabando.

Anos mais tarde, quando Nasrdin tinha se aposentado, um dos oficiais da alfândega o encontrou no mercado e perguntou: ‘agora que você está aposentado, não quer me dizer o que era que estava contrabandeando todos aqueles anos?’ E Nasdrin respondeu: ‘jumentos’.

A razão pela qual os oficiais não conseguiram encontrar os objetos contrabandeados era que eles tinham idéias preconcebidas. Presumiam que esses objetos estariam escondidos e, por isto, não percebiam o ‘óbvio’.

Não é fácil fazermos essas mudanças em nosso pensamento, se confiamos sempre nos outros para nos dizerem em que deveríamos acreditar e como deveríamos nos comportar, ou se presumimos que já temos todas as respostas. Devemos examinar todas as opiniões que já tínhamos formado sem reflexão ou análise. Devemos aprender a pensar e verificar a validade de novos conceitos demonstrando-os a nós mesmos, não somente pelo estudo mas através de exercícios e experimentos. Assim aprendemos a testar, em nossa própria vida, os princípios das leis da natureza. Desse modo chegamos a conhecer uma verdade viva e não apenas acreditar nela. Graças a esse método, a validade do aprendizado é estabelecida por cada um de nós, em nossa própria vida.

O CONHECIMENTO DA VERDADE
Como podemos ver, as mudanças na vida não são apenas as que vem de fora, mas na realidade aquelas que o próprio ser humano desencadeia. Isso exige coragem e envolvimento, pois a senda não é fácil. Muitas vezes, somos obrigados a ver nosso mundo de uma nova maneira, diferente de como o percebemos no passado, e isto pode resultar num sentimento de desilusão. Em outras palavras, vivenciamos o processo de extirpar uma ilusão. Isso não é necessariamente uma experiência agradável, de modo que podemos ser tentados a retomar nosso velho e confortável modo de pensar. Mas, uma vez impressionados com a verdade, não podemos mais ser felizes em retornar. Com o apoio do Cósmico, encontramos nosso próprio caminho, passamos a conhecer a nós mesmos, nos empenhamos em servir aos outros.

Na lenda do Rei Arthur fala-se de certa noite em que os cavaleiros estavam reunidos na Távola Redonda. O Rei se recusou a deixar a festa começar antes que ocorresse um milagre. Logo apareceu uma forma velada do Santo Graal. Em função dessa experiência mística, Sir Gawain propôs uma aventura. Foi decidido que cada um deles passaria um ano procurando o Graal, sozinho e começando por entrar nos pontos mais densos da floresta, onde não houvesse nenhum caminho.

A busca do Graal, por esses cavaleiros lendários, é a busca da verdade velada que é o Eu Interior. Devemos aceitar essa busca, sabendo que é algo que temos de fazer por nós mesmos, uma vez que se trata de encontrarmos nosso verdadeiro Eu. Mas as ferramentas e os ideais que podem nos servir nessa busca podem ser encontrados nos ensinamentos rosacruzes. Assim como os cavaleiros encontravam apoio e recursos na Corte do Rei Artur, nós os encontramos nos ensinamentos dos Mestres, para nossa busca tão pessoal. Essa busca é essencial ao nosso trabalho e constatamos que toda vida humana é enobrecida pelo dedicado esforço de conhecer a si mesmo.

As mudanças exteriores em nossa vida são meras distrações transitórias, mas as mudanças interiores definem quem somos. Citando Ralph Waldo Emerson: ‘o que está atrás de nós e o que está à nossa frente é insignificante em comparação com o que está dentro de nós.’
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[Texto de Donna G.O’Neill]




A Racionalidade da Reencarnação


Cedo ou tarde o buscador da verdade mística de defronta com a doutrina da reencarnação. Geralmente, nesse ponto, ele é iniciado nas doutrinas mais secretas dos filósofos místicos ou encerra sua busca e fecha para sempre o livro da revelação mística.

Não é necessário que o buscador do conhecimento superior aceite essa doutrina, para que possa progredir em sua busca desse conhecimento. Lê pode rejeitá-la totalmente e, mesmo assim, alcançar um estágio elevado. Mas é preciso que a rejeite sem qualquer preconceito, mantendo uma mente aberta que diga: ‘não a compreendo e, portanto, vou deixá-la de lado até que esteja convencido de que ela seja verdadeira ou falsa’. Mas é raro que alguém que se recuse a aceitar essa doutrina o faça com essa atitude. Conseqüentemente, a pessoa acaba inibindo sua futura iluminação.

Que é tão difícil na doutrina da reencarnação para as mentes do mundo ocidental aceitarem? Que é que existe na educação e nas convicções religiosas dessas mentes, que não dá margem a essa aceitação? Cerca de três quartos da população da Terra tem aceitado essa doutrina há séculos e somente as atuais religiões judaicas e cristãs não têm princípios que permitam sua aceitação. No entanto, originalmente, essas religiões aceitavam a reencarnação. Isto fica provado por escrituras sagras ainda existentes.

Será incompatível com qualquer manifestação na vida que conhecemos afirmar que nada morre, que tudo simplesmente muda e renasce numa forma semelhante, embora ligeiramente superior? A ciência nos informa de que tanto a matéria como a energia são indestrutíveis. A despeito de como modifiquemos a matéria, ela não perde sua substancia e se manifesta novamente, de modo progressivo, em outras formas.

Se cremos que a personalidade humana, ou o caráter espiritual presente no âmago do ser humano deixa de existir ao térmico do seu ciclo de expressão no plano terreno e nunca mais volta a se manifestar numa forma física semelhante, então estamos fazendo uma exceção a uma grande lei universal. Para os filósofos antigos e para todo estudante da lei natural e espiritual, essa exceção era incongruente e impossível.

Estou ciente de que há um grave equívoco generalizado quanto à doutrina da reencarnação no mundo ocidental. Por alguma razão inexplicável, ela acabou confundida com uma antiga doutrina supersticiosa denominada ‘metempsicose’, que já era um deturpação da doutrina da reencarnação. Só acreditavam nela as mentes não inquiridoras de épocas antigas, que eram dadas a toda sorte de crença supersticiosa.

Essas pessoas gostavam de acreditar que o renascimento na Terra não era apenas uma lei da alma humana, mas podia ocorrer em formas inferiores de expressão física, tais como cães, jumentos, répteis, aves e outros animais, muitos dos quais eram venerados como bichos sagrados em suas religiões. O fato de que pessoas inteligentes zombem da idéia da reencarnação baseando-se em que não acreditam que ‘a alma humana renasça num cão ou num gato’, é um dos aspectos espantosos de nossa atual compreensão das leis naturais e espirituais.

A DOUTRINA ORTODOXA
O cristão ortodoxo em geral é talvez o mais forte oponente da doutrina da reencarnação. Ele argumenta que essa doutrina refuta as doutrinas da fé cristã. Não percebe que não há nada na Bíblia, original ou em versão revisada, que contradiga a doutrina da reencarnação ou seja incompatível com princípios religiosos revelados. Essa doutrina pode ser incompatível com certos credos e princípios teológicos adotados pelas igrejas cristãs, mas esses credos e princípios foram estabelecidos por ‘concílios religiosos’ depois que a Bíblia foi escrita. Trata-se de postulados teológicos e não de princípios cristão fundamentais revelados por Jesus ou ensinados pó seus discípulos.

Portanto, de um ponto de vista puramente ortodoxo e dialético, não é a doutrina da reencarnação que está destacada, e sim esses credos e princípios que foram introduzidos após a época de Jesus. Se o devoto cristão quiser discutir sua fé com base na ortodoxia rigorosa, verá que será mais fácil aceitar a doutrina da reencarnação do que rejeitá-la em função de doutrinas teológicas. Isto se aplica também ao devoto do judaísmo na forma moderna de sua religião.

O CONCEITO BÍBLICO
Para aqueles que talvez perguntem onde podem ser encontradas insinuações na Bíblia que apóiem a declaração de que os cristão e judeus anteriores à era cristã acreditavam na doutrina da reencarnação, chamo atenção para alguns pontos ou trechos especiais e sugiro que a eles sejam dedicadas a mesma consideração e análise das doutrinas teológicas tidas como incompatíveis com a doutrina da reencarnação. Se essas pessoas forem tão tolerantes e analíticas para com as citações bíblicas que seguem como são em sua tentativa de contradizer a doutrina da reencarnação, verão que só esta doutrina pode explicar esses trechos.

Por exemplo, nas escrituras pré-cristãs, encontramos o livro de Jô, capitulo quatorze, vários provérbios e comentários sobre a vida do homem, seu nascimento, o desenrolar de sua existência e sua transição. No versículo 12 daquele capítulo, há uma clara afirmação relativa ao corpo físico do homem e ao fato de que, na chamada morte, ele vai para o túmulo e ali permanece até ‘que não haja mais céus’. Afirma-se que esse corpo nunca mais desperta do seu sono. Mas no versículo 14 levanta-se uma outra questão clara quanto ao ‘verdadeiro ser humano’, a parte que é realmente viva. Afirma-se então que o homem verdadeiro aguarda durante os dias do tempo que lhe cabe, após a transição, até que ocorra sua mudança.

Todo esse capítulo de Jô deve ser estudado analiticamente, para que se possa sentir a mensagem divina nele contida. Certamente, o versículo 12 não deixa margem a nenhuma interpretação que pudesse ser considerada coerente com a doutrina teológica da ressurreição do corpo e de uma nova vida no mesmo corpo. O versículo 14 não permite outra interpretação senão a de que a alma do homem aguarda seu momento ‘determinado’ para a mudança que ocorrerá.

Passemos agora ao capítulo 33 de Jô. Todo o capítulo é esclarecedor, especialmente a segunda metade. No versículo 28, lemos que Deus há de livrar a alma do homem de ir para a cova e que ela verá novamente a luz. No versículo 29,lê-se que essas coisas ‘são obra de Deus, duas e três vezes para com o homem’. Em que outro sentido que não o da reencarnação podem esses versículos ser interpretados? Se a alma do homem deixa a cova e volta para a luz dos vivos, e isto acontece várias vezes, não precisamos procurar nenhuma outra afirmação para apoiar a doutrina da reencarnação.

Essas passagens são extraídas das escrituras judaicas e não lhes é dada nenhuma ênfase elaborada. Não há nenhuma tentativa de fazê-las parecer doutrinas religiosas especiais, visto que são citadas tão naturalmente quanto qualquer um dos complexos da vida, porque a doutrina da reencarnação era tão universalmente aceita e compreendida como uma lei cientifica, biológica e física do universo.

Para verificarmos o quanto a crença na reencarnação era universal entre os judeus mesmo durante os dias da missão d Jesus, basta nos voltarmos agora para os Evangelhos cristãos e localizarmos um dos muitos incidentes que revelam total compreensão e crença na reencarnação. Chamo sua atenção para o incidente em que Jesus voltou-se para seus discípulos e fez uma pergunta que pareceria estranha se não soubéssemos nada a respeito da doutrina da reencarnação. Jesus perguntou: “quem dizem que eu sou?”

Que era que Jesus queria saber, que não teria importância para ele a menos que se relacionasse com algo que revelasse a percepção e compreensão espiritual cujo desenvolvimento ele esperava constatar no povo? Ele não fez essa pergunta para receber cumprimentos ou elogios.

UM PROFETA VOLTA À TERRA
Jesus queria verificar se o povo relacionava sua obra com a dos profetas que o haviam precedido e se percebia que ele era um de seus antigos profetas que retornara à Terra como tinha sido previsto e esperado. Que era essa a sua intenção fica indicado claramente pelas respostas dadas por seus discípulos. Eles disseram que o povo achava que ele era esse ou aquele profeta que vivera antes.

Depois, quando lê lhes perguntou quem eles próprios achavam que ele era, sua resposta indica que os discípulos estavam conscientes da razão desse questionamento, que sabiam que ele queria verificar se eles compreendiam que ele era, não somente a reencarnação de um grande profeta mas, também o espírito infinito da mais alta consecução como Filho de Deus. Lendo esse incidente da vida de Jesus e associando-o às declarações de João Batista e de outros profetas a respeito daquele que ainda estava para nascer, podemos perceber que só a doutrina da reencarnação pode explicar essas passagens.

NOS EVANGELHOS
Que é que pode ser encontrado nos Evangelhos que refute a doutrina da reencarnação? Pessoas que não pensam podem argumentar que, segundo as doutrinas cristãs, a alma da pessoa, no momento da transição, passa para um período de consciência suspensa, a fim de aguardar o dia do juízo, quando todos alcançaremos o reino espiritual e viveremos eternamente na consciência e presença de deus. E pode sustentar que esta doutrina contradiz a possibilidade de renascimento e a doutrina da reencarnação.

Mas será que isso é verdadeiro?
Haverá algo na doutrina cristã que exclua as mudanças freqüentemente mencionadas no livro de Jó? A verdadeira doutrina da reencarnação nos assegura que termos muitas encarnações na Terra, mas que, finalmente, após muitas oportunidades de aprendermos as lições da vida e fazermos compensação por nossos atos errôneos, chegaremos ao dia do juízo. Nessa ocasião será determinado se nos tornamos puros de espírito, semelhantes a Deus e dignos de viver eternamente na consciência divina.

Toda noite, quando fecharmos os olhos e adormecemos, encerramos um período que apresentou muitas oportunidades para o bem ou mal e com lições destinadas a nos purgar de nosso comportamento errôneo. Cada despertar é como um renascimento para a luz, como no versículo 28 do capitulo 33 de Jó. Cada dia é um novo período de existência encarnada para corrigirmos os males do dia anterior e nos redimirmos antes que chegue o dia do juízo. Se comparamos cada período de encarnação a um dia de nossa vida, vemos que a final e a suspensão da vida terrena que precede a hora do julgamento não exclui a possibilidade de períodos intermediários de encarnação e preparação antecipando o dia do juízo final.

A doutrina da reencarnação ensina, entre muitas outras coisas maravilhosas, extensas demais para serem enumeradas aqui, que a finalidade da vida, com seus períodos de reencarnação, é de nos habilitar a trabalhar pela nossa salvação. Devemos fazer compensação pelos males que cometemos, de modo que possamos finalmente ser absorvidos na consciência de Deus e ali permanecer eternamente.

Será isso incompatível com os princípios místicos e espirituais ensinados por Jesus e seus discípulos? Embora a doutrina da reencarnação possa parecer incompatível com algumas doutrinas teológicas que foram posteriormente acrescentadas aos ensinamentos cristãos, ela não é incompatível com o que Jesus ensinou e revelou.
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[Texto de H.S.Lewis]

Hiroshima e Nagazaki [Agosto Negro: 06 e 09/08/1945]


Hiroshima e Nagasaki relembram 65 anos de ataque dos EUA
Em 2010 se comemora o 65º aniversário da vitória sobre o nazi-fascismo, um feito de luta e de resistência aos povos que pôs um fim a um período de terror que marcou a história recente da humanidade. Esse aniversário também está associado, mas não por boas razões, ao primeiro bombardeio atômico de duas cidades. As japonesas Hiroshima e Nagasaki foram as primeiras vítimas da nova arma.
Por Humberto Alencar.

Na manhã de 6 de agosto de 1945, Hiroshima foi a primeira cidade do mundo arrasada por um ataque nuclear: 140 mil pessoas foram mortas instantaneamente e dezenas de milhares morreram ao longo dos anos em consequência da ação letal da radiação deixada pela explosão.

Três dia depois seria a vez de Nagasaki presenciar o desfecho de um dos crimes mais hediondos cometidos contra a Humanidade. Mais de 80 mil pessoas foram desintegradas pela explosão atômica de imediato. Os Estados Unidos haviam arrasado completamente duas cidades japonesas sem importância estratégica militar que justificasse um ataque.
A guerra no Pacífico já se encontrava em seus momentos finais. Em julho daquele ano o governo japonês já estudava as condições para a rendição, já que o país se encontrava praticamente cercado, desabastecido e destruído por sucessivos ataques aliados.
O Projeto Manhattan, que planejou e concretizou a nova arma, tinha sido concebido originariamente como um contra-ataque ao programa da bomba atômica da Alemanha nazista. Com a derrota da Alemanha, vários cientistas que trabalhavam no projeto consideraram que os EUA não deveriam ser os primeiros a usar tais armas. Um dos críticos proeminentes dos bombardeios foi Albert Einstein.
Com extrema hipocrisia, o imperialismo justifica o seu crime afirmando que poupou vidas que seriam perdidas com uma eventual invasão do Japão. O processo de revisão da História, em curso atualmente, investe na diminuição do significado e do impacto desse ato terrorista, omitindo o nome dos seus autores e diluindo os motivos reais que levaram à execução do crime.
A verdade de Hiroshima e Nagasaki tem a sua raiz na manifestação demente de poderio militar dos Estados Unidos diante do mundo, em particular diante da União Soviética, potência aliada vencedora da Segunda Guerra Mundial, procurando desta forma submeter o mundo e os povos, através da chantagem nuclear, às suas pretensões hegemônicas.
Antes de deflagrar o ataque, vários cientistas defendiam que o poder destrutivo da bomba poderia ser demonstrado sem causar mortes. Esses cientistas não foram ouvidos. A situação militar e estratégica do Japão era tão frágil que até mesmo setores do exército americano reconheciam, em um estudo, que a explosão das duas bombas foi desnecessária.
O United States Strategic Bombing Survey escreveu, após ter entrevistado centenas de japoneses civis e líderes militares, depois da rendição do Japão: "Baseado numa investigação detalhada de todos os fatos e apoiados pelo testemunho dos sobreviventes líderes japoneses envolvidos, é a opinião da Survey que, certamente antes de 31 de dezembro de 1945, e, em todas as probabilidades, antes de 1.º de novembro de 1945, o Japão ter-se-ia rendido mesmo se as bombas atômicas não tivessem sido lançadas, mesmo se a Rússia não tivesse entrado na guerra e mesmo se a invasão não tivesse sido planejada."

O bombardeio
Na madrugada de 6 de Agosto de 1945 o bombardeiro B-29, pilotado pelo coronel Paul Tibbets, decolou da base aérea de Tinian no Pacífico Ocidental, a aproximadamente 6 horas de voo do Japão. A aeronave chamava-se Enola Gay, nome da mãe do piloto.
A meteorologia determinou a escolha do dia 6. No momento da decolagem, o tempo estava bom. O capitão da Marinha William Parsons armou a bomba durante o voo, desarmada durante a decolagem para minimizar os riscos. O ataque foi executado de acordo com o planejado e a bomba de gravidade, uma arma de fissão de tipo balístico com 60 kg de urânio-235, comportou-se como esperado.
Inicialmente, o alvo seria Quioto, ex-capital e centro religioso do Japão, mas o secretário da Guerra, Henry Stimson, trocou-o por Hiroshima, por ser uma cidade situada entre montanhas, detalhe que amplificaria os efeitos da explosão.
O avião aproximou-se da costa a mais de 8 mil metros de altitude. Cerca das 8h, o operador de radar em Hiroshima concluiu que o número de aviões que se aproximavam era muito pequeno não mais do que três, provavelmente - e o alerta de ataque aéreo foi levantado.
Os três aviões eram o Enola Gay, o The Great Artist (em português, "O Grande Artista") e um terceiro avião que no momento não tinha batismo mas que mais tarde seria chamado de Necessary Evil ("Mal Necessário"). O primeiro transportava a bomba, o segundo tinha como missão gravar e vigiar toda a missão, e o terceiro foi o avião encarregado de fotografar e filmar a explosão.
Às 8h15, o Enola Gay largou a bomba nuclear sobre o centro de Hiroshima. Ela explodiu a cerca de 600 metros do solo, com uma explosão de potência equivalente a 13 mil toneladas de TNT, matando instantêneamente um número estimado de 70.000 a 80.000 pessoas e destruindo mais de 90% das construções da cidade.
Nagasaki foi atingida no dia 9 de agosto, às 11h02 da manhã. Inicialmente o plano era de jogar a bomba sobre Kokura, em Fukuoka. Mas o tempo nublado impediu que o piloto visualizasse a cidade, escolhendo a segunda opção. Os americanos não consideravam Nagasaki "um alvo ideal" porque a cidade é rodeada por montanhas, o que diminuiria a devastação de gente e de edifícios.
A bomba, chamada Fat Boy, era de plutônio 239, com potência equivalente a 22 mil toneladas de TNT, ou seja, 1,5 vez mais potente que a bomba jogada sobre Hiroshima.
As forças de ocupação dos EUA censuraram as fotos das cidades bombardeadas. Elas foram classificadas como secretas por muitos anos. O governo dos Estados Unidos queria impedir que as imagens do horror fossem vistas pelo mundo.
Símbolo da luta pela paz
O viajante que chega à moderna e povoada cidade de Hiroshima fica maravilhado com os grandes e suntuosos edifícios, hotéis e bem delineadas avenidas por onde passam milhares de veículos.
No entanto, no meio deste turbilhão deslumbrante, o visitante não pode esquecer que se encontra na primeira cidade praticamente volatizada pelo afã dos Estados Unidos de dominar o mundo.
Este impacto é recebido quando se visita e percorre o Parque da Paz, o Museu das Vítimas e a chama eterna adiante do cenotáfio negro que inscreve os nomes das vítimas do genocídio da Casa Branca para chantagear o mundo dia 6 de agosto de 1945.
A presidente do Conselho Mundial da Paz, Socorro Gomes, que está no Japão participando dos eventos em memória da tragédia, descreve por e-mail enviado à redação do Vermelho a sensação que teve ao visitar o Museu das Vítimas e o Parque da Paz: "O que os EUA fizeram não tem perdão. As pessoas derretiam literalmente. Não é aceitável o imperialismo continuar cometendo crimes contra a humanidade, como fez em Hiroshima e Nagasaki há 65 anos e recentemente em Faluja, no Iraque".
"O uso das armas de destruição em massa, além das mortes instantâneas, faz com que até a terceira geração as pessoas nasçam com mutações genéticas, sem olhos, sem órgãos, outros com cancer generalizado", relatou.
"É incrível que os EUA continuam impunes e falando em combate ao terrorismo! Os maiores terroristas da humanidade são eles! Eu fiquei estarrecida, só de ver as fotos. É inesquecível!" protestou Socorro.
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[Causa e Efeito = 2 bombas nucleares/2 torres]