Poucos dentre os pósteros, sabem que o célebre autor da novela “Vinte Mil Léguas Submarinas” e outras primorosas obras literárias que fizeram e fazem o encanto de jovens e adolescentes no mundo todo, era em verdade um “Iniciado” nos Mistérios da Existência: apaixonado pela Simbologia, pela Numerologia, pelo Tarô, Júlio Verne previu a própria morte, e o seu túmulo, na cidade francesa de Amiens, é uma espécie de “leitura iniciática”, onde o símbolo da Rosa e da Cruz também está presente...
Na extensa galeria dos homens geniais que sentiram, meninos ainda, o chamamento para aquela escuta interior transcendental, a humanidade nunca poderá esquecer a fulgurância da inteligência e sensibilidade de Júlio Verne, o escritor que se firmou como sendo mais do que “um simples divulgador da ciência e da técnica do século XIX,e, muitíssimo menos, um mero novelista para jovens adolescentes”.
Júlio Verne, o consagrado autor de obras como “Viagem ao Centro da Terra”, “Vinte Mil Léguas Submarinas”, “Da Terra à Lua”, “Cinco Semanas em um Balão”, “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, conquistou várias gerações de leitores.
Para o estudioso J.J.Benitez, autor de “Eu, Júlio Verne[Ed. Mercuryo, SP, 1990], Verne foi “um louco maravilhoso”, profundamente enraizado no mundo do esoterismo e da simbologia, fanático dos enigmas e criptogramas, sendo freqüentes em seus livros trocadilhos, jogos de palavras, números secretos, uma permanente contradição e um espírito em constante luta consigo mesmo”. Relata Benitez que o sepulcro de Júlio Verne, no cemitério de La Madeleine, na cidade francesa de Amiens ao norte de Paris, “é todo um cântico à simbologia esotérica. Casualmente, e para começar, a face leste do túmulo esta fechada e protegida por sete altos abetos [1],que formam um semicírculo perfeito. Sete árvores – os sete dias do trabalho do homem – plantadas exatamente em 1907...Sete abetos orientados em direção ao Leste e que, da mesma forma que as rosáceas das catedrais, falam do principio do caminho da iniciação e do conhecimento...” “E esse homem – Verne, possuidor da sabedoria e da iluminação, ressuscita para a imortalidade e eterna juventude. Sua mão esquerda na terra, e a direita erguida [O Mago do Tarô], a cabeça semi-coberta pelo sudário de uma morte vencida e a pedra sepulcral [casualmente pentagonal, símbolo do homem cósmico] descansando sobre as costas, constituem algo mais que uma poética recordação funerária. E, no máximo da precisão esotérica, o rosto e a palma da mão direita diretamente orientados ao Oeste, em direção ao Sol poente, ao vermelho alquímico, à quinta-essência ou perfeição final... É assombroso. Tudo neste sepulcro expressa a ressurreição. No fórnice, uma misteriosa estrela de seis pontas paira sobre um ramo de palmeira que cobre o nome de Verne. Qual o significado critico da estrela de Davi? Entre outros, o de um velho e familiar conhecido: o algarismo 6. o 6 que ao mesmo tempo simboliza o homem. Temos, pois, um homem – Júlio Verne – sob o ramo de palmeira: a vida eterna.”
E para os estudantes de Mistérios vem a constatação especialmente reveladora, conforme o relato do pesquisador e escritor espanhol J.J.Benitez:”E por cima da estrela, no frontispício do muro funerário, outros ‘sinais’ aguardam o iniciado: uma cruz com uma rosa no centro, fechada em um círculo, um ramo de oliveira, duas lâmpadas de óleo [a que foi esculpida à esquerda da ‘rosa-cruz’ está sem tampa] e os pilares do rigor [à esquerda] e da misericórdia [à direita]”...
O prolífico Benitez, de início alerta: “Pode ser que o leitor considere o livro um jogo ou uma ilusão. Acertará e se enganará em partes iguais. Mas será que existe algo mais real que os sonhos?”
Queremos aqui enfocar algo do livro Eu, Júlio Verne, como elaborado por Benitez, um diário em que o célebre escritor confessa que alquimia, tarô e Cabala foram os seus vôos intelectuais, revelando que sempre foi um extremista no trabalho, e ao mesmo tempo, confessando ter-lhe faltado coragem para revelar ao mundo os seus conhecimentos místicos. Confessa mesmo haver sepultado a sua “iluminação iniciática” sob a aparência de aventura, escrevendo então seus magníficos relatos de viagens, como “Vinte Mil Léguas Submarinas”, “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, “Viagem ao Centro da Terra” e tantas obras lidas e relidas com avidez por várias gerações de leitores.
Quando amigos intelectuais o incentivaram “empreender a grande aventura de ‘romancear’ a ciência,” Verne contou que os relatos, experiências e teorias daqueles ‘sábios’ foram decisivos:”E um maravilhoso projeto germinou em meu coração:aquele era meu caminho! Por que não tentar? Por que não criar um novo estilo literário? Por que não aproximar a natureza, as descobertas, as viagens, as explorações e o ‘futuro’ já esboçado pelos físicos, ao homem da rua? Deus, misericordioso, acabava de abrir minha alma e minha inteligência para o meu verdadeiro e nobre destino!”
No seu estremunhado diário, Júlio Verne revela o encontro com um ser superior, que o marcou para toda a vida:”Droga de memória! Nunca foi boa e agora, no final da travessia muito menos. Custa-me rememorar. É como se uma espessa névoa encobrisse meus anos de adolescência. E acho que sei porquê. Contarei o pouco que posso intuir. Foi ao cair da tarde, quando saí da sala de aula da senhora Sambain. Este urso velho devia ter seis ou sete anos. Meu irmão Paul, que estava doente, não pôde me acompanhar. E no caminho de volta ao cais Jean-Bart aconteceu algo singular e premonitório. Anos mais tarde, ao entrar no mundo da iniciação, soube que aquele Superior Desconhecido seria meu guia e protetor até o final dos meus dias. Diante de mim surgiu um ser de luz, altíssimo e corpulento, com um cabelo longo albino e o rosto entalhado em pedra, que falou comigo sem dizer uma palavra. Sua roupa não era como a nossa, mas usava botas altas e douradas. Seus olhos asiáticos me impressionaram e todo meu corpo tremeu de pavor. Jamais consegui lembrar o que falou e nem o seu estranho nome, ainda que saiba que tem algo a ver com “Axiel”, “Axal”, ou “Oxal”. Mas isso não interessa. E tão furtivamente como se apresentou diante de mim, desapareceu... Mas guardei segredo e, com o tempo, o assunto caiu num granítico esquecimento. Talvez minha própria mente, assustada, tenha rejeitado o misterioso encontro. Desde então, apesar da névoa que encobre o incidente, soube que não seria como os outros homens. O destino possuía planos diferentes para mim. E assim foi...”.
Em 1863, aos 35 anos de idade, quando acontecia o sucesso estonteante de sua primeira novela – “Cinco Semanas em um Balão” -, relata Júlio Verne a sua ligação com o poeta Edgar Poe e os amigos Nadar e Jules Hetzel, à luz da Numerologia: ”Curioso! Eu mesmo me surpreendo. Urso Velho, não és aceitável a esta altura da vida...pois é verdade, quanto mais o percebo mais isso me desconcerta. E bem sabe Deus que não foi premeditado...Observa, pé-de-chumbo, que te encontras no capítulo 15. E que dizem os sagrados algarismos? Um mais cinco é igual a seis. 06! O número da criação conforme o Hexameron bíblico, o ‘mediador’ entre o ‘princípio’ e a ‘manifestação’. E que acontece se os mágicos nomes de Poe, Nadar e Hetzel são convertidos em seus equivalentes numéricos? A soma de tais números dá novamente o 6! Não é maravilhoso? E mais Hetzel, que soma seis – coincida com a da minha primeira e autêntica ‘criação’ e, muito em especial, com a descobertas de Hetzel, meu editor e pai espiritual? O seis, mediador entre o ‘princípio’ de Julio Verne e a ‘manifestação’ de Júlio Verne...”Sei que alguém atribuirá o fato ao acaso. Já o disse: blasfema palavra. O acaso jamais poderia repetir a excelsa geometria verde de um cacto, nem a matemática perfeita de uma estrela de neve, nem o regular fluxo das marés, nem a arquitetura da colméia, nem sequer o periódico e sinistro rito da morte...Muitos sábios cansaram-se de repeti-lo: a causalidade não existe. O homem, seu temor à Verdade Suprema, prefere evitar essa palavra. Não sabe ou não deseja saber que o acaso também está regido por uma ordem, tal como apregoava Novalis. O acaso não é outra coisa, se me permites a liberdade, do que a mão esquerda de Deus. Com a direita nos cria; com a esquerda nos conduz”.
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[Texto por Ney Teles de Paula, extraído do livro: “A escada de Jacó e outros escritos”, Asa Editora Gráfica]
[Nota: [1] Abeto: planta da família da pináceas, planta perene, alta. Sua madeira é importante para o fabrico do papel]
Na extensa galeria dos homens geniais que sentiram, meninos ainda, o chamamento para aquela escuta interior transcendental, a humanidade nunca poderá esquecer a fulgurância da inteligência e sensibilidade de Júlio Verne, o escritor que se firmou como sendo mais do que “um simples divulgador da ciência e da técnica do século XIX,e, muitíssimo menos, um mero novelista para jovens adolescentes”.
Júlio Verne, o consagrado autor de obras como “Viagem ao Centro da Terra”, “Vinte Mil Léguas Submarinas”, “Da Terra à Lua”, “Cinco Semanas em um Balão”, “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, conquistou várias gerações de leitores.
Para o estudioso J.J.Benitez, autor de “Eu, Júlio Verne[Ed. Mercuryo, SP, 1990], Verne foi “um louco maravilhoso”, profundamente enraizado no mundo do esoterismo e da simbologia, fanático dos enigmas e criptogramas, sendo freqüentes em seus livros trocadilhos, jogos de palavras, números secretos, uma permanente contradição e um espírito em constante luta consigo mesmo”. Relata Benitez que o sepulcro de Júlio Verne, no cemitério de La Madeleine, na cidade francesa de Amiens ao norte de Paris, “é todo um cântico à simbologia esotérica. Casualmente, e para começar, a face leste do túmulo esta fechada e protegida por sete altos abetos [1],que formam um semicírculo perfeito. Sete árvores – os sete dias do trabalho do homem – plantadas exatamente em 1907...Sete abetos orientados em direção ao Leste e que, da mesma forma que as rosáceas das catedrais, falam do principio do caminho da iniciação e do conhecimento...” “E esse homem – Verne, possuidor da sabedoria e da iluminação, ressuscita para a imortalidade e eterna juventude. Sua mão esquerda na terra, e a direita erguida [O Mago do Tarô], a cabeça semi-coberta pelo sudário de uma morte vencida e a pedra sepulcral [casualmente pentagonal, símbolo do homem cósmico] descansando sobre as costas, constituem algo mais que uma poética recordação funerária. E, no máximo da precisão esotérica, o rosto e a palma da mão direita diretamente orientados ao Oeste, em direção ao Sol poente, ao vermelho alquímico, à quinta-essência ou perfeição final... É assombroso. Tudo neste sepulcro expressa a ressurreição. No fórnice, uma misteriosa estrela de seis pontas paira sobre um ramo de palmeira que cobre o nome de Verne. Qual o significado critico da estrela de Davi? Entre outros, o de um velho e familiar conhecido: o algarismo 6. o 6 que ao mesmo tempo simboliza o homem. Temos, pois, um homem – Júlio Verne – sob o ramo de palmeira: a vida eterna.”
E para os estudantes de Mistérios vem a constatação especialmente reveladora, conforme o relato do pesquisador e escritor espanhol J.J.Benitez:”E por cima da estrela, no frontispício do muro funerário, outros ‘sinais’ aguardam o iniciado: uma cruz com uma rosa no centro, fechada em um círculo, um ramo de oliveira, duas lâmpadas de óleo [a que foi esculpida à esquerda da ‘rosa-cruz’ está sem tampa] e os pilares do rigor [à esquerda] e da misericórdia [à direita]”...
O prolífico Benitez, de início alerta: “Pode ser que o leitor considere o livro um jogo ou uma ilusão. Acertará e se enganará em partes iguais. Mas será que existe algo mais real que os sonhos?”
Queremos aqui enfocar algo do livro Eu, Júlio Verne, como elaborado por Benitez, um diário em que o célebre escritor confessa que alquimia, tarô e Cabala foram os seus vôos intelectuais, revelando que sempre foi um extremista no trabalho, e ao mesmo tempo, confessando ter-lhe faltado coragem para revelar ao mundo os seus conhecimentos místicos. Confessa mesmo haver sepultado a sua “iluminação iniciática” sob a aparência de aventura, escrevendo então seus magníficos relatos de viagens, como “Vinte Mil Léguas Submarinas”, “A Volta ao Mundo em Oitenta Dias”, “Viagem ao Centro da Terra” e tantas obras lidas e relidas com avidez por várias gerações de leitores.
Quando amigos intelectuais o incentivaram “empreender a grande aventura de ‘romancear’ a ciência,” Verne contou que os relatos, experiências e teorias daqueles ‘sábios’ foram decisivos:”E um maravilhoso projeto germinou em meu coração:aquele era meu caminho! Por que não tentar? Por que não criar um novo estilo literário? Por que não aproximar a natureza, as descobertas, as viagens, as explorações e o ‘futuro’ já esboçado pelos físicos, ao homem da rua? Deus, misericordioso, acabava de abrir minha alma e minha inteligência para o meu verdadeiro e nobre destino!”
No seu estremunhado diário, Júlio Verne revela o encontro com um ser superior, que o marcou para toda a vida:”Droga de memória! Nunca foi boa e agora, no final da travessia muito menos. Custa-me rememorar. É como se uma espessa névoa encobrisse meus anos de adolescência. E acho que sei porquê. Contarei o pouco que posso intuir. Foi ao cair da tarde, quando saí da sala de aula da senhora Sambain. Este urso velho devia ter seis ou sete anos. Meu irmão Paul, que estava doente, não pôde me acompanhar. E no caminho de volta ao cais Jean-Bart aconteceu algo singular e premonitório. Anos mais tarde, ao entrar no mundo da iniciação, soube que aquele Superior Desconhecido seria meu guia e protetor até o final dos meus dias. Diante de mim surgiu um ser de luz, altíssimo e corpulento, com um cabelo longo albino e o rosto entalhado em pedra, que falou comigo sem dizer uma palavra. Sua roupa não era como a nossa, mas usava botas altas e douradas. Seus olhos asiáticos me impressionaram e todo meu corpo tremeu de pavor. Jamais consegui lembrar o que falou e nem o seu estranho nome, ainda que saiba que tem algo a ver com “Axiel”, “Axal”, ou “Oxal”. Mas isso não interessa. E tão furtivamente como se apresentou diante de mim, desapareceu... Mas guardei segredo e, com o tempo, o assunto caiu num granítico esquecimento. Talvez minha própria mente, assustada, tenha rejeitado o misterioso encontro. Desde então, apesar da névoa que encobre o incidente, soube que não seria como os outros homens. O destino possuía planos diferentes para mim. E assim foi...”.
Em 1863, aos 35 anos de idade, quando acontecia o sucesso estonteante de sua primeira novela – “Cinco Semanas em um Balão” -, relata Júlio Verne a sua ligação com o poeta Edgar Poe e os amigos Nadar e Jules Hetzel, à luz da Numerologia: ”Curioso! Eu mesmo me surpreendo. Urso Velho, não és aceitável a esta altura da vida...pois é verdade, quanto mais o percebo mais isso me desconcerta. E bem sabe Deus que não foi premeditado...Observa, pé-de-chumbo, que te encontras no capítulo 15. E que dizem os sagrados algarismos? Um mais cinco é igual a seis. 06! O número da criação conforme o Hexameron bíblico, o ‘mediador’ entre o ‘princípio’ e a ‘manifestação’. E que acontece se os mágicos nomes de Poe, Nadar e Hetzel são convertidos em seus equivalentes numéricos? A soma de tais números dá novamente o 6! Não é maravilhoso? E mais Hetzel, que soma seis – coincida com a da minha primeira e autêntica ‘criação’ e, muito em especial, com a descobertas de Hetzel, meu editor e pai espiritual? O seis, mediador entre o ‘princípio’ de Julio Verne e a ‘manifestação’ de Júlio Verne...”Sei que alguém atribuirá o fato ao acaso. Já o disse: blasfema palavra. O acaso jamais poderia repetir a excelsa geometria verde de um cacto, nem a matemática perfeita de uma estrela de neve, nem o regular fluxo das marés, nem a arquitetura da colméia, nem sequer o periódico e sinistro rito da morte...Muitos sábios cansaram-se de repeti-lo: a causalidade não existe. O homem, seu temor à Verdade Suprema, prefere evitar essa palavra. Não sabe ou não deseja saber que o acaso também está regido por uma ordem, tal como apregoava Novalis. O acaso não é outra coisa, se me permites a liberdade, do que a mão esquerda de Deus. Com a direita nos cria; com a esquerda nos conduz”.
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[Texto por Ney Teles de Paula, extraído do livro: “A escada de Jacó e outros escritos”, Asa Editora Gráfica]
[Nota: [1] Abeto: planta da família da pináceas, planta perene, alta. Sua madeira é importante para o fabrico do papel]
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