A harmonia é um aspecto da Mente Divina ou Cósmica. O Cósmico encerra o potencial de tudo. Por isso, contêm potencialmente a harmonia e a desarmonia. Concretizamos uma ou outra segundo a capacidade de escolher de que somos dotados. A harmonia se manifesta especialmente na função criativa do Cósmico, pela qual a Força Cósmica, torna manifesta a Sabedoria Cósmica, que inclui tudo o que existe; e tudo isso é uma unidade: a Força, o Propósito e a Sabedoria na unidade da Mente. Só nos cabe perceber a Harmonia em nossa mente e manifestá-la em nossa consciência.
Esse é o nosso Divino Destino, e não apenas uma questão de capricho ou de escolha aleatória. É fundamental que manifestemos a Divindade. Aí está uma afirmação completa do propósito de vivermos. Podemos retardar ou nos esquivar ao fato, fingindo que outras coisas são mais importantes;mas no final teremos de manifestar nossa Divindade, o Deus de nosso interior, simplesmente porque ‘somos seres divinos’.
Com frequencia afirmamos que nosso objetivo final é o retorno à fusão com a Divina Mente do Cósmico. Mas será que também compreendemos que, no momento do retorno à fusão, deveremos estar em completa e final harmonia com a Mente Divina?
Tudo de valioso que já desejamos, tudo o que vale a pena possuir nos será concedido em conseqüência das mudanças que teremos de proceder em nossa personalidade antes que esse resultado seja alcançado. Muitas das coisas que hoje desejamos serão inúteis quando e conforme mudarmos. Nossos valores serão mudados com nossa consciência. E seremos mais felizes do que jamais sonháramos. Quando crianças talvez pensássemos que possuir um triciclo nos faria extremamente felizes. Hoje não mais pensamos assim. Sabemos agora que a posse de coisa não traz [porque não pode trazer...] a felicidade. A felicidade só pode advir da harmonia, que nada tem a ver com posses, mas somente com a manifestação da unidade.
A palavra “harmonia” veio do grego, através do latim. No grego, “harmonia” derivou-se de “harmos”, que significa junção. Assim, basicamente, harmonia significa unificação por junção.
Falamos de harmonia de cor numa pintura ou num por-de-sol. Falamos de harmonia numa música orquestrada, nos acordes de um órgão ou piano ou no canto que um pássaro entoa enquanto a brisa da manhã farfalha por entre árvores e a relva. Falamos também de harmonia que deveria existir e que às vezes existe nos sentimentos ou nas relações entre as pessoas. E percebemos claramente que todas essas harmonias resultam da junção, da união de todos os elementos de cada qual nas forças e propósitos que se manifestam em cada qual, porque cada qual é uma expressão da Sabedoria Divina.
Se falarmos a palavra “harmonia” a uma grande número de pessoas, algumas pensarão em musica, outras em pintura, dança ou cor, e muitas pensarão nas relações humanas. Analisemos alguns dos fatores que afetam a manifestação da harmonia entre membros de um grupo que trabalham para um propósito comum.
QUATRO FATORES ESSENCIAIS
A harmonia, sendo expressão da Sabedoria Cósmica, é o estado natural. A desarmonia resulta de percepções defeituosas. Os quatro fatores essenciais à consecução da harmonia são:
1 => reconhecimento da distinção entre realidade e aparência;
2 => adotar atitude impessoal em nossa relação com os outros;
3 => prática da bondade, da ‘verdadeira’ bondade;
4 => cultivo da reflexão acertada.
Sabemos que nossos sentidos com freqüência apresentam deformada a realidade para nós. Olhamos uma longa estrada de ferro, e os trilhos parecem unir-se no horizonte. Isso não nos pertuba, porque sabemos qual é a realidade. Contudo, é freqüente enxergarmos só parcial e rapidamente o modo como algum conhecido ‘parece estar fazendo isto ou aquilo’, e ‘presumimos’ que conhecemos a realidade. Formamos, dos motivos ou capacidades da outra pessoa, uma percepção tão errada quanto a dos trilhos da estrada de ferro, e ficamos ressentidos, tensos, com raiva e completamente desarmonizados.
Às vezes a natureza da realidade faz pouco diferença para as nossas percepções. Podemos saber que a água consiste em moléculas, cada qual composta de dois átomos de hidrogênio unidos a um de oxigênio. Talvez ‘saibamos’ [em certo sentido] que cada átomo consiste num núcleo positivo ao redor do qual elétrons negativos giram como minúsculos satélites. Podemos ainda saber que a Física Matemática pode ‘provar’[como é costume dizer que tanto o núcleo positivo como os elétrons negativos nada mais são que energia vibratória. Mas não é assim que percebemos a água. Percebemo-la como um líquido incolor, essencialmente sem sabor, que é ‘molhado’ e, por isso, muito útil.
Talvez percebamos a água como chuva e, se formos um agricultor cuja lavoura está ameaçada pela estiagem, poderemos dar graças a Deus quando chove. Mas se formos um menino desejando jogar futebol ou uma garotinha desejando sair num piquenique, a mesma chuva pode ser vista como uma tragédia.
Esses simples exemplos apontam um só coisa: => é a percepção, não a realidade, que traz harmonia ou desarmonia à nossa consciência das relações humanas, e precisamos saber mudar a percepção. Mas para aprendermos a fazer isso, devemos aprender a diferenciar a realidade verdadeira da realidade aparente, e precisamos também aprender a ser impessoais e gentis e a refletir corretamente.
Algumas pessoas não conseguem ser impessoais. Acham que impessoalidade é indiferença e, sendo errado esse raciocínio, não conseguem ser impessoais. Devemos quase sempre ser impessoais, mas nunca indiferentes.
A grande maioria das pessoas não conseguem ser impessoais. Não conseguem nem mesmo imaginar ou compreender a noção de um Deus impessoal. Por isso, acham que Deus é uma pessoa que possui todos os atributos pessoais que ‘elas’ imaginam teriam se fossem Deus.
Tais pessoas não podem servir a um propósito, a um princípio ou a uma causa. Devem servir à pessoa de algum líder. Não avaliam os fatores de um problema estatal, e seguem as diretrizes do líder cuja personalidade mais as atrai. Não perseguem um ideal, mas alguma pessoa que enuncie ou exemplifique um ideal. Não conseguem atacar um problema; precisam atacar as pessoas envolvidas no problema.
A impessoalidade é a indiossincrasia do Mestre. As personalidades entram nas suas [do Mestre] concretizações da verdade somente na medida em que possam servir aos propósitos, princípios e ideais a que ele sirva, ou só conforme ele seja capaz de ajudá-las a fazê-lo. Ele não recrimina uma pessoa por ser ela o que é, do mesmo modo que não reciminaria um gato por ser um gato ou um pássaro por ser um pássaro. Ele não é iludido pelas aparências, porque pode distinguir a verdadeira realidade da realidade aparente. Se suas percepções são inarmônicas, ele as muda no sentido da verdade e percebe a harmonia. Conhecendo a verdade fundamental, nada teme e, assim nunca fica tenso ou confuso. Em suas necessárias relações com outras pessoas, ele sempre é guiado pela essência da verdadeira bondade.
São Paulo [segundo normalmente se traduz sua afirmação] disse:”...e restam estas três: Fé, Esperança e Caridade, e a maior destas é a CARIDADE.” Mas Paulo não falava português. Suas palavras são transmitidas em grego. A palavra que ele teria usado em que foi traduzida como caridade era HAGAPE. Na época das primeiras traduções talvez a palavra ‘caridade’ fosse uma tradução bastanete boa. Mas infelizmente ‘caridade’ passou a ter muitos outros significados além do atribuído por Paulo, e hoje ela quase nem sugere parte do que Paulo com ela indicava. Talvez a melhor tradução hoje possível seja ESSÊNCIA DA BONDADE. Não atos ou pensamentos bons, solidariedade ou emoção sentimental, ou polidez – nem aliás, nenhuma combinação específica ou genérica disso tudo -, mas a ESSÊNCIA DA BONDADE.
Já vi a essência de milhares de maças contidas num pequeno frasco. Essa essência não era vermelha, amarela ou verde, nem era densa, suculenta ou leitosa, Não tinha pele, caroço ou sementes, mas se fosse removida a rolha do frasco, todos que estivessem perto logo saberiam que no frasco havia essência de maçã.
Para alcançarmos a harmonia, a essência da BONDADE precisa estar em nossa CONSCIÊNCIA. Que é a essência da bondade? Ela não pode ser definida, porque possui natureza eterna; mas podemos examinar seus principais aspectos: visão, compreensão, coragem e humor.
Deverá conter a visão, a visão que nos faz ver além do que nos mostram nosso débeis sentidos; visão para vermos a alma por trás da personalidade, e Deus por trás da alma; visão para vermos a essência por trás das aparências. Esse é o primeiro requisito da verdadeira bondade de espírito; o segundo é a compreensão. Devemos primeiro ver e depois compreender a natureza e os problemas - as esperanças, os temores e os ideais da pessoa com que nos relacionemos.
Agirmos com bondade, com verdadeira bondade, com base em nossa visão e compreensão, requer coragem e humor; coragem para fazermos aquilo que ‘ é preciso fazer’, e humor para lubrificarmos a ação. Muitas vezes a ação verdadeiramente boa de nossa parte não é o que a outra pessoa desejaria que fizéssemos. Ela sente a necessidade de ver exaltado seu ego, quando o que realmente precisa é aprender a humildade perante Deus. Gostaria de receber coisas de mão beijada, quando o que precisa é aprender a conseguir sozinha o que deseja. Gostaria de ser elogiada, quando o que precisa é abrir os olhos e enxegar os seus próprios erros. Isso não quer dizer que devamos julgar, mas que precisamos conhecer a diferença entre a verdadeira realidade e a percepção que dela temos e que, conhecendo a verdade, devemos,de modo impessoal, servir a esse ideal de verdade espargindo sua LUZ. Sejamos lâmpadas dignas, através das quais possa brilhar qualquer luz de compreensão que nos tenha sido concedida.
Nenhuma lâmpada digna procura forçar a luz que quer que seja.Possivelmente o maior gerador de desarmonia num grupo é o individuo que, não sendo capaz de distinguir a realidade da aparência de certa situação, coloca-se como o ‘chefe’, como a única autoridade quanto ao que deve ser feito e a como deve ser feito. Fica com raiva e ressentimento se não for aceito por todos segundo a avaliação que faz de si próprio.
É preciso coragem, bem como visão e compreensão, para usar a essência da bondade na difusão da luz. É preciso também humor; a capacidade de enxergar o lado humorístico de qualquer situação, e especialmente a capacidade de rir das próprias incongruências, é de inestimável valor para estabelecer a harmonia.
Mas se refletirmos acertadamente, e de acordo com os princípios que sugeri, deveremos alcançar o sucesso. Refletir com acerto é obviamente a resposta final para todas as circunstancias. Refletir acertadamente é a qualidade que a Bíblia cristã valoriza muito com o termo justiça e deve estar baseada no conhecimento da verdade, em ser capaz de distinguir ou diferenciar a realidade verdadeira da realidade aparente. Refletir com acerto significa alcançar a percepção harmoniosa da VERDADE CÓSMICA, e requer visão, compreensão, coragem e humor. Mas será que poderemos vigiar e inquirir todos e quaisquer pensamentos que nos ocorram? A resposta é: não precisamos.
O pensamento pode ser comparado a um rio que flui e, como um rio que fui, seguirá a linha de menor resistência. Às vezes essa linha é curta e reta; geralmente é longa e tortuosa – mas o rio sempre fuirá no canal que, por acaso ou por deliberação, “foi preparado para ele”.
Nossos pensamentos ‘fluirão’ pelos canais que preparamos para eles.De tempos a tempos mudamos o fluxo abrindo novo canal. Essa mudança pode ocorrer por nossa própria vontade ou por vontade alheia. Mas podemos ‘planejar’ nossos pensamentos e, se conscienciosamente trabalharmos para tanto, nossos pensamentos seguirão esse plano até que, pela força de vontade, nós mudemos o plano.
Se preparamos canais voltando a nossa atenção consciente a certos assuntos, então, quando não estivermos alertas, nossos pensamentos fluirão naturalmente pelos canais preparados. Cavamos os canais com nossa atenção. Quanto mais concentrada for a atenção, mais profundos e longos serão os canais. Naturalmente, se desejarmos ser justos, se desejarmos refletir com acerto, voltaremos nossa atenção para a verdade, concentrá-la-emos em ideais, princípios e propósitos cósmicos e a harmonizaremos com a verdadeira bondade, que significa visão, compreensão, coragem e humor.
Se conseguirmos, pela reflexão acertada, vivenciar cada vez mais a harmonia que buscamos [e ao grau em que a consigamos], passaremos a concetrizar a união com o ambiente que é augurada pelo próprio significado da palavra. Conforme se expanda nossa capacidade de relacionamento harmonioso, nosso ambiente também se expandirá, até finalmente abranger o TODO CÓSMICO.
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[Texto de Harold. P. Stevens]
Esse é o nosso Divino Destino, e não apenas uma questão de capricho ou de escolha aleatória. É fundamental que manifestemos a Divindade. Aí está uma afirmação completa do propósito de vivermos. Podemos retardar ou nos esquivar ao fato, fingindo que outras coisas são mais importantes;mas no final teremos de manifestar nossa Divindade, o Deus de nosso interior, simplesmente porque ‘somos seres divinos’.
Com frequencia afirmamos que nosso objetivo final é o retorno à fusão com a Divina Mente do Cósmico. Mas será que também compreendemos que, no momento do retorno à fusão, deveremos estar em completa e final harmonia com a Mente Divina?
Tudo de valioso que já desejamos, tudo o que vale a pena possuir nos será concedido em conseqüência das mudanças que teremos de proceder em nossa personalidade antes que esse resultado seja alcançado. Muitas das coisas que hoje desejamos serão inúteis quando e conforme mudarmos. Nossos valores serão mudados com nossa consciência. E seremos mais felizes do que jamais sonháramos. Quando crianças talvez pensássemos que possuir um triciclo nos faria extremamente felizes. Hoje não mais pensamos assim. Sabemos agora que a posse de coisa não traz [porque não pode trazer...] a felicidade. A felicidade só pode advir da harmonia, que nada tem a ver com posses, mas somente com a manifestação da unidade.
A palavra “harmonia” veio do grego, através do latim. No grego, “harmonia” derivou-se de “harmos”, que significa junção. Assim, basicamente, harmonia significa unificação por junção.
Falamos de harmonia de cor numa pintura ou num por-de-sol. Falamos de harmonia numa música orquestrada, nos acordes de um órgão ou piano ou no canto que um pássaro entoa enquanto a brisa da manhã farfalha por entre árvores e a relva. Falamos também de harmonia que deveria existir e que às vezes existe nos sentimentos ou nas relações entre as pessoas. E percebemos claramente que todas essas harmonias resultam da junção, da união de todos os elementos de cada qual nas forças e propósitos que se manifestam em cada qual, porque cada qual é uma expressão da Sabedoria Divina.
Se falarmos a palavra “harmonia” a uma grande número de pessoas, algumas pensarão em musica, outras em pintura, dança ou cor, e muitas pensarão nas relações humanas. Analisemos alguns dos fatores que afetam a manifestação da harmonia entre membros de um grupo que trabalham para um propósito comum.
QUATRO FATORES ESSENCIAIS
A harmonia, sendo expressão da Sabedoria Cósmica, é o estado natural. A desarmonia resulta de percepções defeituosas. Os quatro fatores essenciais à consecução da harmonia são:
1 => reconhecimento da distinção entre realidade e aparência;
2 => adotar atitude impessoal em nossa relação com os outros;
3 => prática da bondade, da ‘verdadeira’ bondade;
4 => cultivo da reflexão acertada.
Sabemos que nossos sentidos com freqüência apresentam deformada a realidade para nós. Olhamos uma longa estrada de ferro, e os trilhos parecem unir-se no horizonte. Isso não nos pertuba, porque sabemos qual é a realidade. Contudo, é freqüente enxergarmos só parcial e rapidamente o modo como algum conhecido ‘parece estar fazendo isto ou aquilo’, e ‘presumimos’ que conhecemos a realidade. Formamos, dos motivos ou capacidades da outra pessoa, uma percepção tão errada quanto a dos trilhos da estrada de ferro, e ficamos ressentidos, tensos, com raiva e completamente desarmonizados.
Às vezes a natureza da realidade faz pouco diferença para as nossas percepções. Podemos saber que a água consiste em moléculas, cada qual composta de dois átomos de hidrogênio unidos a um de oxigênio. Talvez ‘saibamos’ [em certo sentido] que cada átomo consiste num núcleo positivo ao redor do qual elétrons negativos giram como minúsculos satélites. Podemos ainda saber que a Física Matemática pode ‘provar’[como é costume dizer que tanto o núcleo positivo como os elétrons negativos nada mais são que energia vibratória. Mas não é assim que percebemos a água. Percebemo-la como um líquido incolor, essencialmente sem sabor, que é ‘molhado’ e, por isso, muito útil.
Talvez percebamos a água como chuva e, se formos um agricultor cuja lavoura está ameaçada pela estiagem, poderemos dar graças a Deus quando chove. Mas se formos um menino desejando jogar futebol ou uma garotinha desejando sair num piquenique, a mesma chuva pode ser vista como uma tragédia.
Esses simples exemplos apontam um só coisa: => é a percepção, não a realidade, que traz harmonia ou desarmonia à nossa consciência das relações humanas, e precisamos saber mudar a percepção. Mas para aprendermos a fazer isso, devemos aprender a diferenciar a realidade verdadeira da realidade aparente, e precisamos também aprender a ser impessoais e gentis e a refletir corretamente.
Algumas pessoas não conseguem ser impessoais. Acham que impessoalidade é indiferença e, sendo errado esse raciocínio, não conseguem ser impessoais. Devemos quase sempre ser impessoais, mas nunca indiferentes.
A grande maioria das pessoas não conseguem ser impessoais. Não conseguem nem mesmo imaginar ou compreender a noção de um Deus impessoal. Por isso, acham que Deus é uma pessoa que possui todos os atributos pessoais que ‘elas’ imaginam teriam se fossem Deus.
Tais pessoas não podem servir a um propósito, a um princípio ou a uma causa. Devem servir à pessoa de algum líder. Não avaliam os fatores de um problema estatal, e seguem as diretrizes do líder cuja personalidade mais as atrai. Não perseguem um ideal, mas alguma pessoa que enuncie ou exemplifique um ideal. Não conseguem atacar um problema; precisam atacar as pessoas envolvidas no problema.
A impessoalidade é a indiossincrasia do Mestre. As personalidades entram nas suas [do Mestre] concretizações da verdade somente na medida em que possam servir aos propósitos, princípios e ideais a que ele sirva, ou só conforme ele seja capaz de ajudá-las a fazê-lo. Ele não recrimina uma pessoa por ser ela o que é, do mesmo modo que não reciminaria um gato por ser um gato ou um pássaro por ser um pássaro. Ele não é iludido pelas aparências, porque pode distinguir a verdadeira realidade da realidade aparente. Se suas percepções são inarmônicas, ele as muda no sentido da verdade e percebe a harmonia. Conhecendo a verdade fundamental, nada teme e, assim nunca fica tenso ou confuso. Em suas necessárias relações com outras pessoas, ele sempre é guiado pela essência da verdadeira bondade.
São Paulo [segundo normalmente se traduz sua afirmação] disse:”...e restam estas três: Fé, Esperança e Caridade, e a maior destas é a CARIDADE.” Mas Paulo não falava português. Suas palavras são transmitidas em grego. A palavra que ele teria usado em que foi traduzida como caridade era HAGAPE. Na época das primeiras traduções talvez a palavra ‘caridade’ fosse uma tradução bastanete boa. Mas infelizmente ‘caridade’ passou a ter muitos outros significados além do atribuído por Paulo, e hoje ela quase nem sugere parte do que Paulo com ela indicava. Talvez a melhor tradução hoje possível seja ESSÊNCIA DA BONDADE. Não atos ou pensamentos bons, solidariedade ou emoção sentimental, ou polidez – nem aliás, nenhuma combinação específica ou genérica disso tudo -, mas a ESSÊNCIA DA BONDADE.
Já vi a essência de milhares de maças contidas num pequeno frasco. Essa essência não era vermelha, amarela ou verde, nem era densa, suculenta ou leitosa, Não tinha pele, caroço ou sementes, mas se fosse removida a rolha do frasco, todos que estivessem perto logo saberiam que no frasco havia essência de maçã.
Para alcançarmos a harmonia, a essência da BONDADE precisa estar em nossa CONSCIÊNCIA. Que é a essência da bondade? Ela não pode ser definida, porque possui natureza eterna; mas podemos examinar seus principais aspectos: visão, compreensão, coragem e humor.
Deverá conter a visão, a visão que nos faz ver além do que nos mostram nosso débeis sentidos; visão para vermos a alma por trás da personalidade, e Deus por trás da alma; visão para vermos a essência por trás das aparências. Esse é o primeiro requisito da verdadeira bondade de espírito; o segundo é a compreensão. Devemos primeiro ver e depois compreender a natureza e os problemas - as esperanças, os temores e os ideais da pessoa com que nos relacionemos.
Agirmos com bondade, com verdadeira bondade, com base em nossa visão e compreensão, requer coragem e humor; coragem para fazermos aquilo que ‘ é preciso fazer’, e humor para lubrificarmos a ação. Muitas vezes a ação verdadeiramente boa de nossa parte não é o que a outra pessoa desejaria que fizéssemos. Ela sente a necessidade de ver exaltado seu ego, quando o que realmente precisa é aprender a humildade perante Deus. Gostaria de receber coisas de mão beijada, quando o que precisa é aprender a conseguir sozinha o que deseja. Gostaria de ser elogiada, quando o que precisa é abrir os olhos e enxegar os seus próprios erros. Isso não quer dizer que devamos julgar, mas que precisamos conhecer a diferença entre a verdadeira realidade e a percepção que dela temos e que, conhecendo a verdade, devemos,de modo impessoal, servir a esse ideal de verdade espargindo sua LUZ. Sejamos lâmpadas dignas, através das quais possa brilhar qualquer luz de compreensão que nos tenha sido concedida.
Nenhuma lâmpada digna procura forçar a luz que quer que seja.Possivelmente o maior gerador de desarmonia num grupo é o individuo que, não sendo capaz de distinguir a realidade da aparência de certa situação, coloca-se como o ‘chefe’, como a única autoridade quanto ao que deve ser feito e a como deve ser feito. Fica com raiva e ressentimento se não for aceito por todos segundo a avaliação que faz de si próprio.
É preciso coragem, bem como visão e compreensão, para usar a essência da bondade na difusão da luz. É preciso também humor; a capacidade de enxergar o lado humorístico de qualquer situação, e especialmente a capacidade de rir das próprias incongruências, é de inestimável valor para estabelecer a harmonia.
Mas se refletirmos acertadamente, e de acordo com os princípios que sugeri, deveremos alcançar o sucesso. Refletir com acerto é obviamente a resposta final para todas as circunstancias. Refletir acertadamente é a qualidade que a Bíblia cristã valoriza muito com o termo justiça e deve estar baseada no conhecimento da verdade, em ser capaz de distinguir ou diferenciar a realidade verdadeira da realidade aparente. Refletir com acerto significa alcançar a percepção harmoniosa da VERDADE CÓSMICA, e requer visão, compreensão, coragem e humor. Mas será que poderemos vigiar e inquirir todos e quaisquer pensamentos que nos ocorram? A resposta é: não precisamos.
O pensamento pode ser comparado a um rio que flui e, como um rio que fui, seguirá a linha de menor resistência. Às vezes essa linha é curta e reta; geralmente é longa e tortuosa – mas o rio sempre fuirá no canal que, por acaso ou por deliberação, “foi preparado para ele”.
Nossos pensamentos ‘fluirão’ pelos canais que preparamos para eles.De tempos a tempos mudamos o fluxo abrindo novo canal. Essa mudança pode ocorrer por nossa própria vontade ou por vontade alheia. Mas podemos ‘planejar’ nossos pensamentos e, se conscienciosamente trabalharmos para tanto, nossos pensamentos seguirão esse plano até que, pela força de vontade, nós mudemos o plano.
Se preparamos canais voltando a nossa atenção consciente a certos assuntos, então, quando não estivermos alertas, nossos pensamentos fluirão naturalmente pelos canais preparados. Cavamos os canais com nossa atenção. Quanto mais concentrada for a atenção, mais profundos e longos serão os canais. Naturalmente, se desejarmos ser justos, se desejarmos refletir com acerto, voltaremos nossa atenção para a verdade, concentrá-la-emos em ideais, princípios e propósitos cósmicos e a harmonizaremos com a verdadeira bondade, que significa visão, compreensão, coragem e humor.
Se conseguirmos, pela reflexão acertada, vivenciar cada vez mais a harmonia que buscamos [e ao grau em que a consigamos], passaremos a concetrizar a união com o ambiente que é augurada pelo próprio significado da palavra. Conforme se expanda nossa capacidade de relacionamento harmonioso, nosso ambiente também se expandirá, até finalmente abranger o TODO CÓSMICO.
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[Texto de Harold. P. Stevens]