Ainda não é possível afirmar com precisão quando e como se deu o surgimento do homem na face da Terra. Porém, sabemos que foi ao longo do tempo que ele aprendeu a expressar os rudimentos da linguagem, a fazer uso do fogo, criar artefatos de madeiras, pedras, etc...Essa evolução, contudo, não se deu de forma harmoniosa ou obedecendo a padrões previamente estabelecido; bem ao contrário, parece que esses fatos ocorreram em grande parte por obra do acaso ou motivados pelo instinto básico de sobrevivência.
Quando se analisa aspecto da evolução ocorrida em tempos mais recentes, observa-se que esses avanços, em especial no campo da comunicação, visam objetivos específicos. Novos métodos foram criados, sistemas foram implementados, inventou-se aparelhos sofisticadíssimos capazes de produzir maravilhas.
Merece destaque, ainda, a evolução que s verifica nos domínios das ciências nucleares, espaciais, biomédicas, biogenéticas entre outras. Entretanto, essa fantástica evolução, infelizmente, tem como força motriz, salvo honrosas exceções, interesses bélicos, financeiros ou estão focados em alguma forma de supremacia de grupos ou nações.
Desde o mais longínquo passado os pensadores já demonstravam certa preocupação com os padrões de pensamento e conduta das pessoas, dando nascimento aos rudimentos do que viria a ser a ética e a moral. A ética é baseada em valores sociais, e a moral é baseada, de certo modo, em princípios religiosos. A conduta seria considerada correta ou incorreta, classificada como boa ou má.
Prosseguindo na escala evolutiva, o pensamento humano ampliou-se, sendo, então, enfatizadas várias formas de sabedoria ou bondade a serem expressas nas diferentes esferas das ações humanas e desenvolveu-se a idéia de necessidade de um bem coletivo; daí, vislumbrou-se disseminar no seio da coletividade a consciência de que a sabedoria estaria relacionada a ações que pudessem suscitar disposição firme e constante para a prática do bem. Conseqüentemente, pessoas que assim procedessem seriam sábias e capazes de discernir o que é bom, e seus atos, portanto, seriam virtuosos.
É impossível conceber a idéia do que seja o bem sem que se estabeleça um paralelo com a idéia do que seja o mal, porque o mal está em proporção direta com a concepção humana do bem.
Quando atribuímos a uma coisa ou a uma ação um valor, esse valor atribuído se traduz em características que nos agrada ou desagrada, nos favorece ou prejudica, soma-s a nossos objetos de interesse ou subtrai das coisas que julgamos útil ou agradável, as quais entendemos fazer parte de nossos atributos pessoais ou do conjunto das coisas que nos pertencem por direito ou por merecimento.
Assim, estabelecemos polaridades às coisas e aos fatos conforme o juízo de apreciação que fazemos, se uma valorização positiva, temos a coisa ou o fato como algo do bem. Por outro lado se julgamos negativas, tributamos ao fato ou à coisa, características do mal. Enfim, tudo se resume ao juízo de valor.
Uma questão que deve ser colocada de forma imperiosa é saber de onde emanam os dados objetivos e subjetivos que adotamos como substrato para discernir a natureza de algo e a forma como esse algo se nos apresenta. Em outras palavras, saber de onde provêm os elementos dos quais abstraímos dados, informações, e se esta fonte é suficientemente segura, límpida, cristalina, apta a permitir sustentar de forma definitiva o juízo de valor que fazemos das coisas ou acontecimentos, classificando-os em bem ou mal.
Muitas coisas tem sido faladas e escritas concernente à ética, e todos que o fizeram tem sua parcela de acerto, variando apenas o nível de compreensão que o expoente tem das coisas do mundo e da natureza humana intrinsecamente considerada em seu aspecto de extensão e profundidade.
Convencionou-se definir ética como o “Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal” [Dicionário Aurélio].
A ética em sua essência, diz respeito ao caráter e ao comportamento humano e tem como objeto regular a conduta dos homens entre si, consideradas as causas e os efeitos decorrentes das atividades e relações humanas centradas ao que é certo ou errado e o resultado que pode advir desse proceder.
Outra questão que se coloca é saber quais são os princípios que fundamentam as posturas ou atitudes consideradas éticas, em que se baseiam e qual o seu real alcance, uma vez que os elementos que compõem os diversos padrões comportamentais derivam de crenças religiosas, traços culturais e usos e costumes das mais diversas matizes freqüentemente associados a valores de determinada nação ou grupo social.
Assim, restou à ciência e à antropologia mostrar qual a melhor forma de agir. Entretanto, de um ponto de vista mais critico, nem mesmo a ciência e a antropologia são capazes de apresentar um modelo ideal porque colhem seus postulados nos fatos e coisas produzidas pela exteriorização da vontade das pessoas que de modo algum são perfeitas.
MISTICISMO
De certo modo, no que diz respeito ao padrão de pensamento humano, o misticismo guarda alguma relação com o padrão de pensamento ético, no que se refere à essência, e ao objetivo a ser alcançado, se diferenciam na forma e no conteúdo.
O real significado da expressão ‘misticismo’ deve ser encontrado na literatura de escolas religiosas ou filosófico-religiosas, porque a transcendência é fator preponderante do pensar místico. Também aqui a razão, o intelecto, a análise lógica e consciente oferecem a esse pensar elementos que visam estimular a elevação do ideal de caráter e de personalidade, com o escopo de promover o bem-estar pessoal e, ao mesmo tempo, contribuir para o bem-estar de toda a coletividade.
O misticismo pode ser conceituado nestes termos:
“É a conclusão a que chegou o homem, segundo a qual a vida e todas as coisas são manifestação de uma única força fundamental. Nossa associação mais estreita, com a força e com Deus que a estabeleceu, constitui o objetivo essencial do conceito místico...
Podemos dizer que o misticismo é o meio através do qual o homem pode tornar-se consciente das Leis e dos Princípios Cósmicos por um processo diferente daquele que consiste em confiar inteiramente nos sentidos objetivos.”
Como se vê, procedendo-se à analise dos fundamentos que norteiam o pensar místico, constata-se que se trata de uma linguagem de sobrenível, que transcende em muitos aspectos ao raciocínio puramente lógico.
No modo de pensar místico, o objetivo a ser alcançado pelos seres humanos é a união com o Divino. É através de processos específicos que se extraem de determinadas fases da consciência, elementos aptos a revelar toda a magnanimidade da espécie humana, que, sendo de natureza divina, deve evoluir em consciência e através dos atributos da alma manifestar aqui na Terra as supremas virtudes do Criador.
A associação mais estreita que podemos fazer entre ética e misticismo, reside no fato de que os dois padrões comportamentais visam sempre o Bem, o Belo e o Justo e tudo o mais que agrada e engrandece a natureza humana; entretanto adotam processos diferentes para alcançar essas finalidades.
A ética busca atingir as virtudes humanas através de processo lógico-racional, e extrai os substratos que embasam esses processos em aspectos técnicos, científicos e nas observações feitas durante o evolver dos fatos sociais e a partir daí, formula seus postulados e os proclama como ideais a serem alcançados pela coletividade.
O misticismo adota processos mais sutis, embora igualmente racionais, encontra substrato na natureza intrínseca do ser humano ou mais precisamente na alma, aqui entendida como a centelha divina. Adota como padrão comportalmental, além da ética objetivamente considerada, outras virtudes teológicas, tais como: caridade, humildade, pureza de propósito, amor, complacência e tem como objetivo principal alcançar um estado de consciência que permita manifestar de certo modo, aqui na terra, a perfeição divina.
Assim, podemos concluir dizendo que é função da pessoa que tem consciência ética manifestar dignidade, bondade e justiça, e dessa forma contribuir com a evolução de toda a humanidade. São funções da pessoa que tem consciência mística professar estas mesmas virtudes e muitas outras e, de formas graduais, progressivas e incessantes promover o bem-estar e auxiliar na expansão da consciência humana, ultrapassando as restrições impostas pelos dogmas estabelecidos e estreitando a relação do homem com Deus, em busca da realização espiritual.
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[Texto de Edgar C. Ornelas]
Quando se analisa aspecto da evolução ocorrida em tempos mais recentes, observa-se que esses avanços, em especial no campo da comunicação, visam objetivos específicos. Novos métodos foram criados, sistemas foram implementados, inventou-se aparelhos sofisticadíssimos capazes de produzir maravilhas.
Merece destaque, ainda, a evolução que s verifica nos domínios das ciências nucleares, espaciais, biomédicas, biogenéticas entre outras. Entretanto, essa fantástica evolução, infelizmente, tem como força motriz, salvo honrosas exceções, interesses bélicos, financeiros ou estão focados em alguma forma de supremacia de grupos ou nações.
Desde o mais longínquo passado os pensadores já demonstravam certa preocupação com os padrões de pensamento e conduta das pessoas, dando nascimento aos rudimentos do que viria a ser a ética e a moral. A ética é baseada em valores sociais, e a moral é baseada, de certo modo, em princípios religiosos. A conduta seria considerada correta ou incorreta, classificada como boa ou má.
Prosseguindo na escala evolutiva, o pensamento humano ampliou-se, sendo, então, enfatizadas várias formas de sabedoria ou bondade a serem expressas nas diferentes esferas das ações humanas e desenvolveu-se a idéia de necessidade de um bem coletivo; daí, vislumbrou-se disseminar no seio da coletividade a consciência de que a sabedoria estaria relacionada a ações que pudessem suscitar disposição firme e constante para a prática do bem. Conseqüentemente, pessoas que assim procedessem seriam sábias e capazes de discernir o que é bom, e seus atos, portanto, seriam virtuosos.
É impossível conceber a idéia do que seja o bem sem que se estabeleça um paralelo com a idéia do que seja o mal, porque o mal está em proporção direta com a concepção humana do bem.
Quando atribuímos a uma coisa ou a uma ação um valor, esse valor atribuído se traduz em características que nos agrada ou desagrada, nos favorece ou prejudica, soma-s a nossos objetos de interesse ou subtrai das coisas que julgamos útil ou agradável, as quais entendemos fazer parte de nossos atributos pessoais ou do conjunto das coisas que nos pertencem por direito ou por merecimento.
Assim, estabelecemos polaridades às coisas e aos fatos conforme o juízo de apreciação que fazemos, se uma valorização positiva, temos a coisa ou o fato como algo do bem. Por outro lado se julgamos negativas, tributamos ao fato ou à coisa, características do mal. Enfim, tudo se resume ao juízo de valor.
Uma questão que deve ser colocada de forma imperiosa é saber de onde emanam os dados objetivos e subjetivos que adotamos como substrato para discernir a natureza de algo e a forma como esse algo se nos apresenta. Em outras palavras, saber de onde provêm os elementos dos quais abstraímos dados, informações, e se esta fonte é suficientemente segura, límpida, cristalina, apta a permitir sustentar de forma definitiva o juízo de valor que fazemos das coisas ou acontecimentos, classificando-os em bem ou mal.
Muitas coisas tem sido faladas e escritas concernente à ética, e todos que o fizeram tem sua parcela de acerto, variando apenas o nível de compreensão que o expoente tem das coisas do mundo e da natureza humana intrinsecamente considerada em seu aspecto de extensão e profundidade.
Convencionou-se definir ética como o “Estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana, do ponto de vista do bem e do mal” [Dicionário Aurélio].
A ética em sua essência, diz respeito ao caráter e ao comportamento humano e tem como objeto regular a conduta dos homens entre si, consideradas as causas e os efeitos decorrentes das atividades e relações humanas centradas ao que é certo ou errado e o resultado que pode advir desse proceder.
Outra questão que se coloca é saber quais são os princípios que fundamentam as posturas ou atitudes consideradas éticas, em que se baseiam e qual o seu real alcance, uma vez que os elementos que compõem os diversos padrões comportamentais derivam de crenças religiosas, traços culturais e usos e costumes das mais diversas matizes freqüentemente associados a valores de determinada nação ou grupo social.
Assim, restou à ciência e à antropologia mostrar qual a melhor forma de agir. Entretanto, de um ponto de vista mais critico, nem mesmo a ciência e a antropologia são capazes de apresentar um modelo ideal porque colhem seus postulados nos fatos e coisas produzidas pela exteriorização da vontade das pessoas que de modo algum são perfeitas.
MISTICISMO
De certo modo, no que diz respeito ao padrão de pensamento humano, o misticismo guarda alguma relação com o padrão de pensamento ético, no que se refere à essência, e ao objetivo a ser alcançado, se diferenciam na forma e no conteúdo.
O real significado da expressão ‘misticismo’ deve ser encontrado na literatura de escolas religiosas ou filosófico-religiosas, porque a transcendência é fator preponderante do pensar místico. Também aqui a razão, o intelecto, a análise lógica e consciente oferecem a esse pensar elementos que visam estimular a elevação do ideal de caráter e de personalidade, com o escopo de promover o bem-estar pessoal e, ao mesmo tempo, contribuir para o bem-estar de toda a coletividade.
O misticismo pode ser conceituado nestes termos:
“É a conclusão a que chegou o homem, segundo a qual a vida e todas as coisas são manifestação de uma única força fundamental. Nossa associação mais estreita, com a força e com Deus que a estabeleceu, constitui o objetivo essencial do conceito místico...
Podemos dizer que o misticismo é o meio através do qual o homem pode tornar-se consciente das Leis e dos Princípios Cósmicos por um processo diferente daquele que consiste em confiar inteiramente nos sentidos objetivos.”
Como se vê, procedendo-se à analise dos fundamentos que norteiam o pensar místico, constata-se que se trata de uma linguagem de sobrenível, que transcende em muitos aspectos ao raciocínio puramente lógico.
No modo de pensar místico, o objetivo a ser alcançado pelos seres humanos é a união com o Divino. É através de processos específicos que se extraem de determinadas fases da consciência, elementos aptos a revelar toda a magnanimidade da espécie humana, que, sendo de natureza divina, deve evoluir em consciência e através dos atributos da alma manifestar aqui na Terra as supremas virtudes do Criador.
A associação mais estreita que podemos fazer entre ética e misticismo, reside no fato de que os dois padrões comportamentais visam sempre o Bem, o Belo e o Justo e tudo o mais que agrada e engrandece a natureza humana; entretanto adotam processos diferentes para alcançar essas finalidades.
A ética busca atingir as virtudes humanas através de processo lógico-racional, e extrai os substratos que embasam esses processos em aspectos técnicos, científicos e nas observações feitas durante o evolver dos fatos sociais e a partir daí, formula seus postulados e os proclama como ideais a serem alcançados pela coletividade.
O misticismo adota processos mais sutis, embora igualmente racionais, encontra substrato na natureza intrínseca do ser humano ou mais precisamente na alma, aqui entendida como a centelha divina. Adota como padrão comportalmental, além da ética objetivamente considerada, outras virtudes teológicas, tais como: caridade, humildade, pureza de propósito, amor, complacência e tem como objetivo principal alcançar um estado de consciência que permita manifestar de certo modo, aqui na terra, a perfeição divina.
Assim, podemos concluir dizendo que é função da pessoa que tem consciência ética manifestar dignidade, bondade e justiça, e dessa forma contribuir com a evolução de toda a humanidade. São funções da pessoa que tem consciência mística professar estas mesmas virtudes e muitas outras e, de formas graduais, progressivas e incessantes promover o bem-estar e auxiliar na expansão da consciência humana, ultrapassando as restrições impostas pelos dogmas estabelecidos e estreitando a relação do homem com Deus, em busca da realização espiritual.
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[Texto de Edgar C. Ornelas]