Benjamim Franklin era um homem que fazia de tudo. Ele foi impressor, cientista, político, economista, financista, escritor, comerciante e inventor. Sua lista de méritos inclui o primeiro hospital, a agência de correio, a companhia de seguros contra incêndio, a biblioteca; como também, a criação dos óculos bifocais, a cadeira de balanço, o poste de iluminação publica, o cartão postal, o jornal Saturday Evening Post, e a Universidade da Pensilvânia. Ele se aposentou, milionário, aos quarenta anos de idade e quando morreu, era o homem mais rico dos Estados Unidos.
Franklin realizou tudo isso e muito mais em sua ativa vida. Mas isso não lhe foi suficiente. Ele quis ser perfeito.
Foi um sermão de domingo que provocou em Franklin o desejo de lidar com o que lhe pareceu uma falta de virtude em sua vida. A despeito de suas realizações, dificilmente se sentia satisfeito consigo mesmo e lutou constantemente com as deficiências morais. Envergonhado com sua vida pessoal, decidiu atacar diretamente cada uma de suas deficiências e transformá-las em tesouros morais.
“Concebi então o audacioso projeto de alcançar a perfeição moral”, escreveu ele. “Desejei viver sem cometer nenhuma falta em momento algum; eu ia conquistar tudo a que pudessem me conduzir a inclinação natural, os costumes ou a diligência.”
Como muitos de nós, Franklin sabia, ou pensava que sabia, o que era certo e errado. Não via qualquer razão por que não pudesse evitar o que era errado e fazer o que era certo. Parecia tão simples em teoria.
“Mas logo descobri que havia subestimado uma tarefa de dificuldades muito maiores do que podia imaginar. Enquanto cuidava de me guardar contra uma falta, era sempre pego de surpresa por uma outra; o hábito ganhava com a vantagem da desatenção; as inclinações eram às vezes mais fortes que a razão.” Tornou-se claro que só o desejo não era suficiente.
Assim, Franklin mudou de tática. Fez uma lista do que ele considerava as 12 virtudes mais importantes. Mais tarde, por sugestão de um amigo, Franklin acrescentou a ‘humildade’ à sua lista.
As virtudes valorizadas por Franklin são hoje tão significativas quanto há 200 anos.
1_TEMPERANÇA: Não como até a congestão; não beba até a embriaguez.
2_SILÊNCIO: Fale apenas o que puder ser benéfico para si mesmo e para os outros.
3_ORDEM: Deixe tudo o que é seu ocupar seu devido lugar.
4_RESOLUÇÃO: Resolva-se a fazer o que deve ser feito; faça diligentemente o que resolveu.
5_FRUGALIDADE: Faça despesas apenas para fazer o bem a si mesmo e aos outros; isto é, não desperdice nada.
6_LABORIOSIDADE: Não perca tempo; esteja sempre ocupado com algo útil; elimine toda ação desnecessária.
7_SINCERIDADE: Não faça uso de artifícios danosos; pense de modo inocente e justo. Se você falar, fale de igual modo.
8_JUSTIÇA: Não prejudique ninguém por injúrias, ou pela omissão dos benefícios que fazem parte do seu dever.
9_MODERAÇÃO: Evite extremos. Não guarde ressentimentos.
10_HIGIENE: Não tolere qualquer falta de higiene quanto ao corpo, as roupas ou a habitação.
11_TRANQÜILIDADE: Não se perturbe com trivialidades, incidentes comuns ou o inevitável.
12_CASTIDADE: Evite excessos sexuais. Não prejudique sua paz e reputação, bem como a dos outros.
13_HUMILDADE: Imite Jesus e Sócrates.
Toda noite Franklin passava em revista sua lista e colocava uma marca preta para cada falha que tivesse cometido durante o dia. Quando também isto mostrou-se ineficiente, ele decidiu aderir firmemente a uma virtude a cada semana, fazendo apenas o melhor possível com as outras doze.
Ele comparava o processo à capinagem de um jardim, dizendo que um bom jardineiro não tenta remover todas as ervas daninhas de uma só vez – o que esgotaria seu tempo e suas energias – mas, sim, trabalha numa faixa de cada vez.
AUTO-APERFEIÇOAMENTO
Franklin continuou com seu plano de auto-análise e aperfeiçoamento por vários anos, com poucas interrupções. Ele ficou surpreso com os resultados.
“Fiquei surpreso por descobrir que eu tinha mais deficiências do que imaginava; mas tive a satisfação de vê-las decrescendo.”
Mais tarde ele escreveu: “Nunca cheguei à perfeição; na verdade, fiquei bem longe disso. No entanto, tornei-me um homem melhor e mais feliz do que havia sido antes. Só alguns artifícios como esses podem assegurar um progresso seguro rumo à virtude.”
O comprometimento com o auto-aperfeiçoamento foi a ‘chave’ de uma vida melhor para Benjamin Franklin, e a mesma coisa é válida para nós nos dias atuais. Tornar-se uma pessoa melhor é um processo de toda uma vida. Um ponto de partida é adotar os conceitos de Franklin:
1_RECONHEÇA O DESEJO: aprenda a ver seus potenciais.
2_IDENTIFIQUE AS METAS: decida o que você deseja aperfeiçoar.
3_TRABALHE DIARIAMENTE: pratique a auto-observação.
4_ENTRE EM CONTATO CONSIGO MESMO: avalie-se, medite.
5_APRENDA COM OS ERROS: mude o estilo de vida quando necessário.
Como disse Franklin certa vez: “Esteja em guerra com suas deficiências morais, em paz com seus semelhantes, e que cada ano o encontre uma pessoa melhor.” Este ainda é um bom conselho.
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[Texto de John Schoroeder].