16 de nov. de 2009

ESOTERISMO AQUARIANO _ A FRATERNIDADE BRANCA EM PERFIL


Duas organizações nascidas nos Estados Unidos na década de 50 respondem pela veiculação das idéias sobre uma instituição extrafísica bastante popularizada, especialmente, no final do milênio passado: A GRANDE FRATERNIDADE BRANCA. Composta por mestres que já viveram diversas vezes na Terra, ela se dedica sobretudo a despertar no homem a consciência do nosso Ser Divino.

É notável como o apelo da Nova Era fomenta diferentes idéias ao sabor da atual exaltação do desejo pela espiritualidade. E os preconceitos e a desinformação criam focos de interpretações que só iludem ainda mais o publico leigo.

Objetivando trazer outras idéias a certos temas da cultura da Nova Era, decidi buscar na obra da Grande Fraternidade Branca Universal informações sobre o ciclo planetário que vivemos. Minhas fontes foram mensagens publicadas pelas organizações PONTE PARA A LIBERDADE e SUMMIT LIGHTHOUSE DO BRASIL.

Essas duas organizações nasceram no mesmo país e época: os Estados Unidos da década de 50. A Summit Lighthouse é a mais nova: surgiu em 1958, em Washington, e hoje está sediada no Estado de Montana. Fundada no Brasil em 1990, tem sua sede atual em São Paulo.
Já a Ponte para Liberdade nasceu em 1956, em Long Island [Nova York], mas hoje em dia não existe mais nos EUA;sua sede mundial fica em Porto Alegre, onde surgiu em 1972.

Talvez o leitor se pergunte “por que a Fraternidade Branca?” Segundo as fontes mencionadas, a Grande Hierarquia Cósmica [outro de seus nomes] dedica-se a proteger e guiar a humanidade há mais tempo do que se pode imaginar; seu primeiro contato com o nosso plano físico teria ocorrido há cerca de 18 milhões de anos! Por não se tratar de uma ordem externa, ela também é conhecida como a Hierarquia Oculta, sendo composta por mestres ascencionados que já tiveram encarnações aqui na Terra, e seguem servindo e amando a humanidade das esferas mais elevadas em que se encontram.

EW, 1951, contam os textos, a Fraternidade Branca realizou um Concilio no Santuário de Rocky-Mountain, onde se promulgou um decreto cósmico com novas orientações para a Terra e o Sistema Solar. Nosso planeta, a partir de então, comprometeu-se a “irradiar mais LUZ para manter-se no Sistema Solar”. De modo que os mestres, seus discípulos e as LEGIÕES DE LUZ passaram a redobrar seus esforços, a fim de recuperar a evolução não alcançada em vários séculos.

Segundo consta, a razão desse atraso está no processo de desenvolvimento da quarta raça-raiz, ocorrido no continente de ATLANTIDA. Foi a queda do homem, provocada pela encarnação, na Terra, de almas apegadas à imperfeição e ao mal. Contrariando as expectativas de auxilio à evolução destes retardatários vindos de outros mundos, os habitantes da Terra, que apresentavam elevado desenvolvimento espiritual, foram prejudicados. O homem tornou-se vitima da impureza e da degradação por séculos, colhendo até hoje as conseqüências deste retrocesso.

Atualmente, contam os textos, vivemos a Era da Liberdade, iniciada em maio de 1954 e com duração de 2 mil anos. É a era do MESTRE SAINT-GERMAIN, O PATRONO DA ERA DE AQUÁRIO, quando o homem deverá ter CONSCIENCIA da necessidade de purificar seus corpos inferiores [o corpo mental inferior, o corpo astral ou dos sentimentos, o corpo elétrico ou das recordações e o corpo físico] e de viver em harmonia com tudo e com todos. SAINT-GERMAIN é o CHOHAN [orientador] do RAIO VIOLETA, e nos concede o PODER TRANSMUTADOR DA CHAMA VIOLETA para realizarmos a purificação que haverá de substituir toda imperfeição pela perfeição divina.

Nos últimos tempos, a Terra passou a produzir energias mais aceleradas e sutis, sincronizadas com o constante erguimento do seu eixo. Isso tem causado o aumento da capacidade vibratória dos nossos corpos inferiores, uma preparação à renuncia das impurezas que dificultam o nosso aperfeiçoamento espiritual.

Na verdade, o homem “É UM DEUS EMBRIONÁRIO” e deve resgatar a sua responsabilidade sobre todas as forças e a matéria, de acordo com a lei divina do amor e da harmonia. Conscientizando-se de que ele é sua própria medida naquilo tudo que cria em pensamento, sentimento, palavra e ação; pois toda força da vida imperfeita permanece no seu campo áurico como forte dissonância.

Levando em conta que dois terços da humanidade ainda vive numa fase pré-histórica da evolução espiritual e que “apenas um nono é constituído por aspirantes, probacionários e discípulos na senda do bem e do serviço da Grande Fraternidade Branca Universal”[1], a amplitude e a urgência da tarefa de colaborar com o ciclo evolutivo do nosso maltratado planeta já deveriam estar na ordem do dia de governos do mundo inteiro. Muitos de nós encarnamos comprometidos com a transição em curso, mas lamentavelmente a maioria ainda está inconsciente disso.

A FRATERNIDADE BRANCA ou FRATERNIDADE DOS GUARDIÕES DA CHAMA tem discípulos [chelas], grupos de estudo e centros de ensino nas maiores cidades do mundo. Através de mensageiros, ela envia periodicamente seus ensinamentos aos interessados no seu aperfeiçoamento pessoal e na elevação da humanidade. Trata-se do manancial de sabedoria que, no passado, se restringia aos inúmeros templos, mas que nesta época deve ser transmitida a todo sincero pesquisador da verdade e candidato à ascensão - a condição do ser unificado com o seu centro divino, a Presença “EU SOU“, que se mantém sobre cada individualidade e a envolve.

Sem duvida, esta é a maior promessa da Idade de Ouro da entrante Era de Aquário. Tanto que o planeta Urano, regente desse signo, também representa a ligação direta do homem com as coisas do alto, de onde viemos e para onde havemos de retornar.

Saber como funcionamos desidentificados do eu-personalidade [o eu inferior], na perspectiva de intuir a nossa autentica missão nesta existência, já é um bom começo. Portanto, vamos interpretar a imagem do EU DIVINO, juntamente com o SANTO-SER-CRISTICO e o corpo físico, utilizada pela FRATERNIDADE BRANCA.

A Presença EU SOU, ou DEUS individualizado para cada filho/filha, está rodeada por sete esferas coloridas que constituem o corpo causal, onde se acumula todo bem adquirido em vidas passadas, o ‘tesouro ajuntado no céu’ pelo homem. A Presença é um SER VIVENTE que escuta nossos apelos e orações, nos aconselha, ilumina, dá amor, cura e toda perfeição. Ela e o corpo causal formam a MÔNADA DIVINA, de cujo centro parte a corrente de LUZ [ o cordão de cristal] que desce à segunda figura[vide imagem colacionada].

É O SANTO-SER-CRÍSTICO, CRISTO PESSOAL ou CONSCIÊNCIA CRISTICA, intermediário entre DEUS e o HOMEM. Também é chamado de “anjo da guarda”. Sua vibração é una com a atividade do EU SOU, tendo pó característica particular a sua natureza emocional. É o ZELADOR SILENCIOSO da pessoa, protegendo e inspirando o seu eu inferior. Sobre sua cabeça, vê-se a pomba do ESPIRITO SANTO. Quando o discípulo atinge considerável progresso, o SANTO-SER-CRISTICO revela-se ‘através do seu próprio corpo físico’. Daí dizer-se que cada um de nós deve “SER um CRISTO na Terra”,o que significa a anunciada segunda vinda do Messias.


A Terceira e última figura da ilustração é homem nos planos da matéria [o eu inferior], onde se encontra a alma em evolução e revestida pelos quatro corpos inferiores. O corpo físico ancora os raios de luz emanados da Divindade, porém não é o verdadeiro homem. A figura está imersa no fogo violeta, purificador dos seus quatro corpos inferiores; por cima da cabeça, a corrente de luz penetra o corpo físico, conduzindo a energia que faz pulsar a CHAMA TRINA e o coração físico [chacra cardíaco],permitindo assim a evolução da alma na matéria. A Chama Trina ou Chama Cristica [nas cores azul,poder;dourada, sabedoria;e rosa, amor] é a centelha de vida, o potencial divino do homem.

O tubo de luz que parte do coração da Presença do EU SOU e envolve o homem é um campo de força protetor, mantido no espírito e na matéria para assegurar a individualidade do discípulo. A PRESENÇA DO EU SOU, o corpo causal e o SANTO-SER-CRISTICO formam os nosso três corpos superiores.

Observando cuidadosamente a figura do eu inferior, o leitor tem uma representação de como ele deverá visualizar-se ao invocar a CHAMA VIOLETA – em nome da PRESENÇA EU SOU e do seu SANTO-SER-CRÍSTICO – para purificar os seus corpos inferiores e preparar o “Casamento Alquímico” [a sagrada união do eu inferior com o EU SUPERIOR].

A Consciência do nosso SER DIVINO pode levar-nos ao intraduzível mistério do encontro com DEUS em nosso coração,esta sabedoria original conhecida de antigas tradições espirituais. Nesta época, ela nunca foi tão acessível, apesar das manipulações religiosas que usam da culpa para separar o homem da sua natureza divina.

Temos de aprender a usar o livre-arbítrio para manifestar em nosso mundo as forças construtivas do amor, da luz, da pureza. E o ponto de partida somos nós próprios, pois tudo aquilo que emanamos a nós retorna inevitavelmente [lei de causa e efeito]. Imagine o quanto de energia de vida mal aplicada tem sido colhida pela humanidade a nível coletivo; e reflita sobre as calamidades generalizadas que estão ocorrendo no planeta no presente.

Encontramo-nos na situação de aprendizes da refinada arte de lidar com as energias e as vibrações, mal utilizada há muitas existências. Quando pensamos, sentimos, dizemos e agimos acionamos, sem saber, as forças modeladoras do fluxo de energia projetado da Nossa Presença_EU SOU.

O poder do verbo, da palavra, é ensinado pela FRATERNIDADE BRANCA como um recurso indispensável para produzir mudanças no aqui-agora. São os apelos e decretos que devem ser feitos com assiduidade e concentração, cujos resultados dependem do praticante. [vide abaixo].Mesmo porque toda ação dos mestres ascensionados pelo bem da humanidade deve processar-se através do canal humano, com a devida abertura do discípulo para isso.

Apelar ou invocar a CHAMA VIOLETA diariamente, por exemplo, é algo que ajuda a afastar as criações negativas, livrando-nos das substâncias limitadoras.

Quanto maior for o seu emprego, tanto maior serão os benefícios colhidos, já que a CHAMA VIOLETA tem inteligência e amor.

A FRATERNIDADE ensina que no PLANO DIVINO e sobre a Terra tudo se divide em sete esferas ou SETE RAIOS. Cada um destes raios representa uma esfera de atividade e tem um mestre como seu diretor.

Segundo ela:

ð O primeiro raio é azul e seu mestre ascensionado é EL MORYA, o hierarca do Santuário da Vontade de Deus, situado [no plano etérico] em Darjeelimg, Índia. O Senhor da Chama da VONTADE DIVINA viveu na Terra como Melchior, um dos Reis Magos, o lendário Rei Arthur e o humanista e estadista Thomas Morus. Morya e Kuthumi foram os introdutores da Teosofia, movimento espiritualista que divulgou ao Ocidente a sabedoria dos mestres ascensioandos, a partir de 1875, com Blavatsky e Henry Olcott. As qualidades atribuídas ao Raio Azul do Poder são: perfeição, proteção, vontade de Deus, construção, direção, fé, obediência, amor a Deus e as suas leis, luz,energia, coragem, domínio, governo, negócios, comércio, transportes, lei cósmica e natural.

ð O segundo raio é dourado e seu mestre ascensionado é LANTO. Seu retiro no plano etérico fica sobre o Grand Teton, Montanhas Rochosas, em Wyoming, EUA. Lanto foi imperador da China e contemporâneo de Confúcio, e foi também o sábio duque de Chou. Até 1956, a CHAMA DOURADA da iluminação estava sob a direção do mestre ascensionado Kuthumi, atualmente na categoria de Instrutor do Mundo. As qualidades do Raio Dourado da Sabedoria são: percepção do EU DIVINO, iluminação, humildade, razão divina, sabedoria, compreensão, consciência cósmica, discriminação entre bem e mal, inteligência, engenhosidade, mentalidade aberta, intuição, perspicácia.

ð O terceiro raio é rosa e sua mestra ascensionada é ROWENA. Seu templo etérico está sobre a Inglaterra. Até 1964, a Chama Rosa do Amor Divino era orientada pelo mestre ascensionado Paulo, o Veneziano, elevado ao cargo de representante do Espírito Santo para a Terra. As qualidades atribuídas ao Raio Rosa do Amor são: amor divino, adoração a Deus, tolerância, diplomacia, capacidade de renuncia, altruísmo, beleza, conforto, graça, harmonia, criatividade, compaixão, compreensão, unidade, adesão,coesão, comunhão com a vida.

ð O quarto raio é branco e seu mestre ascensionado é Serapis Bey. O hierarca do Templo da Ascensão, em Luxor [plano etérico], Egito, nos traz a Chama Branca da Pureza, da Ressureição. Serapis Bey foi o faraó Amenhotep III. A Chama daAscensão liga o reino interno da perfeição à manifestação externa do Plano Divino no mundo da forma, sendo esta a mata final de toda vida, o motivo da nossa encarnação. As qualidades do Raio Branco da Pureza são: perfeição, pureza, autodisciplina, equilíbrio, moralidade, vida, esperança, alegria, bem-aventurança espiritual, integridade, lei, ordem, ressureição, ascensão.

ð O quinto raio é verde e seu mestre ascensionado Hilarion. Seu Templo da Verdade situa-se, no plano etérico, acima da ilha de Creta, na Grécia. Hilarion foi o apóstolo Paulo e também o mestre sírio Iâmblico, da filosofia pitagórica no século 2. As qualidades da Chama Verde da Cura e da Verdade são: abundância, verdade, prosperidade, ciência, saúde, cura, integridade, rejuvenescimento, regeneração, concentração, dedicação.

ð O sexto raio é vermelho-rubi e sua mestra ascensionada é NADA. Mestre Nada também é mensageira do deus Meru e seu Templo de Iluminação está localizado na América do Sul. Nada foi sacerdotisa do Templo do Amor, na Atlântida, e advogada em diversas encarnações terrenas;ascendeu em 700 a.C.e tem a rosa como seu símbolo. O sexto raio nos ensina a ver apenas o divino nas pessoas com as quais nos relacionamos, ajudando-as a desenvolver suas virtudes. As qualidades atribuídas ao Raio Vermelho-Rubi da PAZ são: fraternidade, vida familiar inspirada nos ensinamentos de Cristo, bondade, sagrado ministério, devoção, amor, serviço a Deus.

ð O sétimo raio é violeta e seu mestre ascensionado é SAINT-GERMAIN. Seus templos etéricos ficam em Table Mountain, Estado de Wyoming, EUA, e na Transilvânia, Romênia. Os textos contam que Saint-germain recebeu a custódia da Era de Aquário, a Era da Liberdade, e recebeu sua ascensão no ano de 1684. Teve diversas encarnações na Terra, entre elas como São José, Santo Albano e Cristóvão Colombo. As qualidades ligadas ao Raio Violeta da Liberdade são: transmutação, perdão, misericórdia, liberdade, justiça, tolerância, purificação, diplomacia, equilíbrio, profecia.

Pode-se invocar a energia de cada raio, pedindo ao respectivo Mestre as qualidades de que está precisando na existência. Em várias partes do mundo, há discípulos da Fraternidade Branca Universal que se reúnem em grupos para irradiar preces e apelos pela humanidade, atraindo curas, aperfeiçoamento e iluminação, numa demonstração de que o planeta, nesta sua hora cósmica, começa a alargar seus horizontes para cumprir o seu destino como a estrela sagrada da liberdade.

Nota [1]Citado de mensagem do Senhor Gautama, em A Grande Revelação, Ponte Para a Liberdade.

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INVOCAÇÃO AO EU SOU
Bem-Amada Presença Divina EU SOU, Fonte de toda Vida presente em cada coração humano, nós Vos amamos e bendizemos.
Selai-nos em Vossa Luz, em Vosso Amor e na Força da Vitoriosa Conclusão; guiai-nos e iluminai-nos, para que nossa meditação, concentração e expansão irradiem vibrações benéficas poderosas.
Nós Vos Agradecemos.

APELO à CHAMA VIOLETA
EU SOU, EU SOU, EU SOU a vitoriosa Presença do Onipotente Deus que chameja o FOGO VIOLETA DA LIBERDADE[3x]através de cada partícula de meu ser, e em um mundo.
Selai-me num pilar de FOGO SAGRADO e TRANSFORMAI, TRANSFORMAI, TRANSFORMAI, toda criação humana em mim, em minha volta e as que são enviadas contra mim, em pureza, liberdade e perfeição.

[Extraídos do Livro Invocação à Luz, Editado pela Ponte Para a Liberdade,.1994]

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[Por Romeo Graziano]

TULPAS _ QUANDO OS PENSAMENTOS VIRAM MATÉRIA


É possível um pensamento ser tão fortemente vitalizado a ponto de se tornar visível e até palpável? Budistas tibetanos, místicos e mágicos acreditam que sim. Tanto que muitos deles se dedicam à arte mágica de criar TULPAS – formas-pensamento extremamente poderosas, produzidas por um ato deliberado da vontade.

Certa vez, a ocultista Dion Fortune viveu uma experiência inusitada. Há algum tempo, ela andava alimentando ressentimentos contra alguém que a havia magoado. Deitada na cama, estava pensando no terrível monstro-lobo da mitologia escandinava, Fenrir, quando subitamente viu um grande lobo cinza materializar-se à sua frente e sentiu seu corpo pressionar o dela.

Por tudo que lera a respeito do assunto, ela sabia que precisava dominar a fera imediatamente. Então, enfiou o cotovelo entre as peludas costelas da criatura, jogando-a para fora da cama. O animal desapareceu através da parede.

A história não estava, contudo, terminada. Logo depois, outro membro da família disse ter visto os olhos de um lobo no canto de seu quarto. Dion percebeu que devia destruir a criatura. Invocando-a, viu um fino fio costurar-se diante dela e começou a imaginar que estava tirando a vida da besta puxando aquele fio. O lobo transformou-se gradualmente numa massa cinzenta sem forma até deixar de existir.

Este relato, encontrado no livro “Psychic SelfDefence” [Autodefesa Psíquica], de autoria da própria Dion Fortune, não é o único na literatura mística do Ocidente. Em meados da década de 20, Alexandra David-Neel, uma francesa que 30 anos antes lançara a fama como cantora de ópera, tinha história semelhantes para contar. Já consagrada como soprano, Alexandra viajou para muitos lugares estranhos, onde vivenciou experiências mais bizarras ainda. Entre elas, o encontro com um mágico que lançava encantamentos atingindo seus inimigos com bolos de ‘arroz’ voadores e o aprendizado das técnicas do ‘tumo’ – uma arte oculta que capacita seus adeptos a sentarem-se nus sobre as neves do Himalaia. A mais extraordinária de todas,contudo, foi a que envolveu a criação, através de exercícios mentais e psíquicos, de uma TULPA – forma espectral nascida unicamente da imaginação e tão fortemente vitalizada pela vontade que chega a se tornar visível para outras pessoas. Em poucas palavras, a TULPA é um exemplo extremamente poderoso do que os ocultistas denominam FORMA-PENSAMENTO.

Para entender a natureza da TULPA, é preciso considerar o pensamento-como fazem os budistas tibetanos e a maioria do ocultistas ocidentais – mais do que uma função intelectual. Todo pensamento, acreditam eles, afeta a ‘MENTE MATERIAL’ que permeia o mundo físico, da mesma forma que uma pedra atirada num lago produz ondulações na superfície da água.

Normalmente, as ondulações geradas pelo pensamento tem vida curta, desaparecendo com a mesma rapidez com que foram criadas e deixando impressão efêmera. Se,entretanto, o pensamento é muito intenso, produto de uma paixão ou de um temor profundo, ou de longa duração, objeto de preocupação constante ou meditação, sua ondulação constrói uma forma-pensamento mais vívida e duradoura.

As TULPAS e outras formas-pensamento não são consideradas ‘reais’ pelos budistas tibetanos. Mas, de acordo com eles, tampouco o mundo da matéria que nos rodeia e nos parece bastante sólido é ‘real’. Ambos são ilusórios. Um budista clássico do século 5 disse:
=> ”Todos os fenômenos originam-se na mente e não tem realmente uma forma externa;portanto, como não existem formas externas, é um erro pensar que existe qualquer coisa externamente. Todos os fenômenos provêm simplesmente de falsas noções da mente. Se a mente se libera dessas falsas idéias, todos os fenômenos desaparecem”.

Se as crenças a respeito das formas-pensamento sustentadas pelos monges budistas, místicos e mágicos ‘são verdadeiras’, muitos acontecimentos fantasmagóricos, aparições e lugares envoltos em forte ‘atmosfera psíquica’ podem ser facilmente explicados. Parece plausível, por exemplo, que as formas-pensamento criadas pelos violentos e passionais processos mentais de um assassino, suplementados pelas emoções de terror de sua vítima, possam permanecer na cena do crime por meses, anos ou mesmo séculos. Essa permanência poderia produzir intensa depressão e ansiedade naqueles que visitassem o lugar assombrado. E, se as formas-pensamento forem suficientemente poderosas, aparições, como a reencenação do crime, poderão ser testemunhadas por pessoas dotadas de sensitividade psíquica.

Discípulos do ocultismo afirmam que, algumas vezes, os ‘espíritos’ que assombram determinado lugar são, na realidade, formas-pensamento deliberadamente criadas por algum feiticeiro para servir a seus propósitos.

A existência de formas-pensamento fortes o bastante para reencenar o passado poderia também explicar os relatos, disseminados em todos o mundo, de visitantes de velhos campos de batalhas que assistiram a embates militares ocorridos muito tempo atrás.

A TULPA não é mais que uma forma-pensamento extremamente poderosa, não diferente em sua natureza essencial de muitas outras aparições. O que a distingue de uma forma-pensamento qualquer é o fato de adquirir vida não por acidente – como efeito colateral de um processo mental – mas, por um ato deliberado de vontade.

Embora a palavra TULPA seja de origem tibetana, há místicos e iniciados em quase todas as partes do planeta que asseguram ser capazes de construí-la, primeiramente contraindo e coagulando parte da mente material do universo e depois transferindo para ela algo de sua própria vitalidade.

Na região de Bengala, pátria por excelência do ocultismo indiano, essa técnica, denominada KRIYA SHAKTI [PODER CRIATIVO], é estudada e praticada pelos adeptos do tantrismo – um sistema mágico-religioso que incorpora aspectos espirituais da sexualidade e reúne tanto hindus quanto budistas entre seus devotos. Iniciados nos chamados cultos tântricos de ‘esquerda’, nos quais homens e mulheres entregam-se a rituais sexuais com finalidades místicas e mágicas, seriam especialmente habilitados em KRIYA SHAKTI. Isto porque a intensa excitação física e cerebral produzida durante o orgasmo engedraria formas-pensamento excepcionalmente vigorosas.

Muitas das técnicas místicas tibetanas originaram-se em Bengala, mais particularmente no tantrismo bengali. Há uma semelhança muito grande entre os exercícios físicos, mentais e espirituais praticados pelos iogues tântricos de Bengala e as disciplinas secretas do budismo no Tibete. Parece também que os tibetanos extraíram suas ‘TEORIAS’ sobre as ‘TULPAS’, bem como seus métodos de criar essas estranhas entidades, dos praticantes bengalis do KRIYAM SHAKTI.

Os novatos começam seu treinamento na arte mágica de criar TULPAS adotando um dos deuses do panteão tibetano como “deidade tutelar” – uma espécie de santo padroeiro. Mas, ao mesmo tempo em que encaram os deuses respeitosamente, os iniciados tibetanos não lhes devotam grande admiração. Isso porque, de acordo com a crença budista, apenas de terem fabulosos poderes sobrenaturais, os deuses não passam de escravos da ilusão, tão presos à roda do nascimento, morte e renascimento como o mas humilde dos camponeses.

O discípulo retira-se para uma ermida ou ouro lugar recluso e medita sobre sua deidade tutelar, conhecida como YIDAM, por muitas horas. Aqui, ele combina a contemplação dos atributos espirituais tradicionalmente associados ao YIDAM com exercício de visualização, destinados a construir no olho da mente uma imagem da deidade como retratada em pinturas e esculturas. E, para assegurar que cada instante de sua vigília seja dedicado à concentração no Yidam, continuamente entoa frases místicas relacionadas à deidade.

O iniciado também constróis o KYILKHORS – literalmente, círculos, mas,na verdade, diagramas simbólicos que podem ter qualquer formato -, considerado sagrado para seu patrono. Algumas vezes, desenhará esses diagramas com tintas coloridas no papel ou na madeira. Outras vezes gravará as figuras em cobre ou prata. Ou ainda traçará seu contorno no chão com pós coloridos.

A preparação dos KYILKHORS deve ser feita com o máximo cuidado, pois o mais leve desvio do padrão tradicional associado a um determinado YIDAM pode ser extremamente perigoso, colocando o imprevidente discípulo em risco de obsessão, loucura, morte ou de estagiar milhares de anos em um dos infernos da cosmologia tibetana.

É interessante comparar essa crença com a idéia amplamente disseminada por ocultistas ocidentais de que, se um mago, ao convocar um espírito para que se torne visível, desenham de maneira incorreta seu círculo mágico de proteção, será feito em pedaços.

Se o discípulo persiste nos exercícios prescritos, vê seu YIDAM, primeiro nebulosamente e em seguida com persistência e completa – e por vezes terrificante – nitidez.

Mas esse é apenas o estágio inicial do processo. A meditação, a visualização da deidade, a repetição das frases de contemplação dos diagramas místicos deve ser ininterrupta até que a TULPA, na forma do YIDAM, realmente se materialize. Nesse momento, o devoto pode sentir os pés da TULPA ao por a cabeça sobre eles, ver seus olhos seguindo-o enquanto se move ou até conversar com ela.

Por fim, a TULPA pode ser preparada para deixar as vizinhanças dos KYILKHORS e acompanhar o devoto em suas jornadas.

ALEXANDRA DAVID-NEEL conta como “viu” um desses fantasmas, curiosamente, antes mesmo que ele se fizesse visível para seu criador. Na ocasião, interessada na arte budista, ela recebeu a visita de um pintor tibetano, especializado em retratar deidades enfurecidas. Quando o artista se aproximou, ela ficou pasma ao perceber, atrás dele, um daqueles raivosos e desagradáveis seres. Chegando-se mais perto do fantasma, ela estendeu um dos braços em sua direção e sentiu como se estivesse tocando um objeto macio, cuja substância cedeu sob seu contato.

O pintor contou-lhe, então, que havia algumas semanas estava envolvido em ritos mágicos, invocando o deus cuja forma ela vira. Acrescentou ainda que havia gasto a manhã toda pintando seu retrato.

Intrigada com a experiência, Alexandra decidiu criar sua própria TULPA. Para evitar a influencia das inúmeras pinturas e imagens tibetanas que havia conhecido em suas viagens, decidiu criar então um deus, mas um gordo e bem-humorado monge que poderia visualizar com clareza. Retirou-se para uma ermida e por alguns meses devotou cada minuto desperto a exercícios de concentração e visualização. Logo, o monge começou a aparecer em breves relances, que ela captava pelo canto dos olhos. Em seguida, tornou-se mais sólido e vívido. Finalmente, quando ela deixou a ermida para iniciar uma jornada, o monge, agora claramente visível, engajou-se na caravana, praticando ações que ela não comandava nem esperava conscientemente que ele praticasse. Por exemplo, ele andava e parava para olhar ao seu redor como um viajante costuma fazer. Em determinadas ocasiões, ela chegou a sentir o manto dele roçar em sua pele, e, certa vez, teve a impressão de que uma mão tocava o seu ombro.

A TULPA de Alexandra David-Neel passou, então, a tomar atitudes inesperadas e indesejáveis. Assumiu uma expressão maligna e tornou-se “problemático e impertinente”. Um dia, um pastor que havia dado a ela um pouco de manteiga de presente viu a TULPA em sua tenda, e pensou que fosse um monge de verdade. A criatura estava definitivamente fora do controle de sua criadora, transformando-se no que ela classificou de “pesadelo diário”. Resolveu, por isso, livrar-se dela. Foram seis meses de esforço concentrado e meditação.

Se esta e muitas outras histórias similares contadas no Tibete são verídicas, a construção de TULPAS não é assunto para ser tratado com leviandade. É, pelo contrário, um fascinante exemplo dos notáveis poderes da mente humana.

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[Por Anna Clara Alves]