25 de mai. de 2010

Criando uma Filosofia Pessoal


_Seja Autêntico para Consigo Mesmo é uma verdade filosófica indiscutível. Mas essas palavras, em primeira leitura e reflexão, abrem um pouco as portas da sabedoria. Algumas notas musicais aparentemente simples abrem a ‘Quinta Sinfonia’ de Beethoven. Mas essas notas apenas abrem uma criação complexa e magistral. O buscador da sabedoria deve criar uma filosofia de vida de modo tão cuidadoso como um compositor cria uma sinfonia.

Cada obra-prima passa por uma primeira etapa, que não tem muito valor se o tema não for expandido por meio de um cuidadoso processo de reflexão. Um estudante que comece a fazer perguntas oportunas e a buscar respostas quando nenhuma se apresenta começa a criar uma filosofia pessoal.

No poema ‘Invictus’, Ernest Henley escreveu: “Sou o senhor de minha sina; sou o capitão da minha alma’. Tendo buscado respostas desde minha infância, posso agora dizer que alterei o meu destino: encontrei minha alma interior. Precisamos criar uma filosofia pessoal de vida, pois é assim que começamos pouco a pouco a perceber que devemos mudar em nosso próprio ser.

Devemos ter consciência do que é e do que não é possível. Não podemos mudar o caráter de ninguém, nem devemos tentar fazer isso. Toda pessoa muda quando percebe a necessidade de mudar. Quando um modo de vida já não serve mais, deve-s, ainda que com relutância, tentar um novo. A pessoa começa a pensar com mais autonomia quando os caprichos da sociedade não mais lhe trazem prazer. Todos chegarão a isso em algum momento, em alguma encarnação.

Não mais encontrando conforto em caminhos percorridos, o buscador precisa encontrar o que seja mais significativo para a consciência. Buscando interiormente, encontra a natureza superior do ser. Por esse despertar, acende-se uma centelha, que é nutrida por um incessante desejo de saber.

Iniciar o estudo de verdades esotéricas é um importante passo para o buscador. Devemos, portanto, ter suficiente confiança na busca individual para que esta se sustente em seus próprios méritos, a despeito de quaisquer oposições. Quando algo é benéfico para nós, é assim, quer outros o reconheçam ou não.

A nobre senda do auto-aprimoramento às vezes é solitária. Devemos reunir toda a coragem que possamos para enfrentar novos desafios. Mas há ocasiões em que somos reconfortados pelo amor daqueles que nos antecederam nessa senda. Sentimos a imparcial consciência de grandes personalidades que também tiveram de buscar interiormente o reino da Luz.

O ALVORECER DA VERDADE
Começamos a perceber que o conhecimento interior não pode ser medido em termos intelectuais; precisa ser ‘vivenciado’. Precisamos conhecer a simples verdade que suavemente desponta na consciência: o silente conhecimento interior, que diz ‘Sou Quem Sou’. Em gratidão, maravilhamo-nos pelo tanto que já caminhamos. Buscamos força interior para caminharmos ainda mais. Os horizontes se expandem; novos objetivos se revelam; enxergamos além daquilo que esperávamos no inicio.

Alguém que procure um caminho fácil, apegando-se aos outros para evoluir, estará seriamente perdido. O caminho individual percorre atalhos para os quais os outros não estão preparados. Se alguém seguir outro nessa floresta desconhecida, as conseqüências podem ser desastrosas. Podemos ganhar inspiração pela motivação de outra pessoa. Podemos conhecer o melhor meio de lidar com aspectos da vida pelo que outros escreveram. Mas cada um de nós em última instância deve encontrar seu próprio caminho.

Cedo ou tarde cada pessoa deve se defrontar com o espelho da alma interior. Para mantermos uma relação saudável com a imagem nesse espelho, precisamos elaborar uma filosofia pessoal de vida. Em nós há processos mentais criativos que devemos usar para transcendermos aquilo que aprendemos no mundo exterior.

ð Quanto precisamos de paz mental?
ð Quanto acalentamos a satisfação de sabermos que estamos fazendo o melhor que podemos?
ð A que grau de ansiedade desejamos enxergar com a clara visão do serviço impessoal a situação geral do Mundo?
ð Quando respondermos a essas perguntas com autenticidade, saberemos com que esforço estamos dispostos a criar nossa filosofia pessoal de vida. E a obra nunca termina, pois ao evoluirmos, nossa filosofia de vida também evolui.

Aqueles que tentam manter algo que os reconfortava há muito tempo podem estacionar. Não devemos levar à maturidade os contos de fada da infância, exceto como lembranças agradáveis. E qualquer pessoa que tentar empreender três ou quatro caminhos filosóficos diferentes ao mesmo tempo não conseguirá os resultados almejados. Seguir muitas escolas de pensamento é como fazer ziguezagues em várias rodovias quando em viagem. O destino fica mais distante que o necessário.

Muitas religiões,filosofias e culturas podem conviver harmoniosamente numa sociedade. Podem ser estudadas, observando-se as diferenças e as convergências. Mas se desejamos ser ‘donos de nós mesmos’, devemos escolher um caminho que incite ao uso de nossa intuição, imaginação e a processos mentais. Se somos uma pessoa intuitiva e reflexiva, devemos escolher um caminho de estudo que nos permita criar uma filosofia pessoal.

Formule perguntas ao seu EU Interior. O ser exterior deve ficar silente enquanto fala a voz da alma. Ouça o forte chamado da alma. É seu contato com a sabedoria das eras. Na alma de seu ser, você encontrará a verdade sobre a qual se sustentar. Deixe que o reino interior o conduza à criação de uma filosofia pessoal de vida.
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[Texto de M.Eve. Morgan]