Em 1865, John Newlands observou que os elementos químicos pareciam agrupar-se em famílias. Newlands organizou esses elementos na ordem crescente de peso atômico e observou que cada oitavo elemento parecia pertencer ao mesmo grupo. Como explicou Newlands: “O oitavo elemento, a partir de um dado elemento, é uma espécie de repetição do primeiro, como a oitava nota de uma escala musical.”
Independentemente um do outro, e sem conhecimento do trabalho de Newlands, Lothar Meyer, na Alemanha, e Dmitri Ivanovitch Mendeleeff, na Rússia, realizaram um estudo aprofundado das características dos elementos e observaram relação semelhante. Propuseram a lei conhecida como periódica, que estabelece que as características dos elementos constituem funções periódicas de seu peso atômico.
Mendeleeff preparou uma tabela dos elementos baseada na periodicidade de suas características. Deixou alguns vazios nessa tabela, nos pontos em que a progressão das características parecia requerê-lo, argumentando que deviam existir elementos ainda não descobertos. A característica já conhecida dos elementos acima e abaixo desses vazios tornou possível predizer as características dos elementos faltantes.
Mendeleeff fez estas suposições, em 1870, para três elementos, denominando-os ‘eka-aluminio, eka-boro e eka-silicio’. Estes três elementos, descobertos em 1875, 1879 e 1886, e denominados ‘gálio, escândio e germânio’, apresentaram características acentuadamente correspondentes àquelas preditas por Mendeleeff. Esta confirmação da lei periódica foi reforçada mais tarde pela descoberta de vários outros elementos faltantes, através do recurso proporcionado pela tabela – ou, como a designou Newlands, “a escala de oitavas”.
Um conceito da natureza da matéria cristalina pode ser obtido a partir do estudo de sua estrutura interna. Quando, durante o processo de cristalização, forma-se uma unidade molecular, torna-se esta o núcleo de solidificação. Outras unidades vão se agregando, de modo a produzir expansão. Enquanto este desenvolvimento não sofrer interferência, continuará seguindo um padrão geométrico regular. Dele surge uma forma geométrica, que é expressão externa da sistemática organização interna das unidades estruturais de que se compõe.
RAIOS X
O fato de ocorrer uma disposição precisa e sistemática das unidades na substancia era há muito suspeitado, e sua comprovação deu-se em 1912, quando Friedrich Knipping e Laue demonstraram que os raios-x são difratados por redes de cristal. A fim de que este fenômeno pudesse ocorrer, a matéria devia ser composta de diminutas unidades arranjadas em padrões periódicos regulares, com espaçamentos da mesma ordem de magnitude dos comprimentos de ondas de raios-x. Em razão de cada amostra de uma substância mineral pura produzir sempre o mesmo padrão de difração de raios-x, a descoberta da estrutura interna da matéria sólida forneceu a prova de que a matéria progride através de estágios sistemáticos de desenvolvimento, desde o estágio subatômico invisível, até o visível, em estruturas ou padrões geométricos, corroborando portanto o adágio:”Deus geometriza”.
A ciência moderna desenvolveu uma TEORIA sobre a origem da matéria, conhecida como TEORIA DO UNIVERSO OSCILANTE”. Esta teoria incorpora aspectos básicos da antiga teoria do ‘Big-Bang’ [de que o universo teve origem numa compacta nuvem primordial, há mais ou menos 10 bilhões de anos] e da posterior TEORIA DO ‘ESTADO ESTACIONÁRIO’, plagiada dos gregos de séculos atrás [o universo é eterno, infinito, sempre existiu e sempre existirá]. A teoria do universo oscilante supõe que o universo tenha sempre existido, mas que, através do tempo, toda a matéria no espaço tenha periodicamente se contraído em torno de um centro de gravidade, e explodido para reexpandir-se novamente. Neste sentido, o universo oscila continuamente, entre a expansão e a contração; entre os estados gasoso e sólido. Em permanente estado de flutuação, este universo corresponde ao do metafísico que afirmou: ‘da inspiração e da expiração de Deus formaram-se os mundos’.
Disse-nos Einstein que a ‘matéria e a energia são permutáveis, são a mesma coisa’ e que, ‘como tal, não podem ser destruídas’. Muitos tomam isto como prova de que a vida se desenvolve em ciclos intermináveis. Isto se reflete claramente no credo religioso que diz: ‘Como era no principio, agora e para sempre será o mundo sem fim’.
Emily Bronte expressou-o do seguinte modo:
“Para a morte não há guarida
Nem átomo que por seu poder possa ser destruído.
Tu – és Tu o ser e a vida
E jamais pode o que és ser destruído.”
Da inexistência de formas para as formas, seguindo passos definidos para o visível, a criação se processa eternamente. Jamais principiando, jamais terminando, avança de ciclo em ciclo de manifestação ou de cristalização. Nunca acrescentando nem perdendo nada, a energia evolui na forma, de modo que nascimento e morte são apenas transições.
Embora a ciência faça uso de numerosos termos e expressões para referir-se à energia, verificamos, após detido exame, que palavras como oscilação, comprimento de onda, vibração, freqüência e/ou ciclos-por-segundo, apresentam sentidos acentuadamente semelhantes. Meu dicionário define oscilação como ‘o ato de balançar para trás e para a frente’. E ondular: ‘mover-se para a frente e para trás’, ‘ondear’, ‘vibrar através do ar’. Desde que comprimento implica distancia, não é difícil entender que comprimento de onda significa ‘o intervalo entre ondas sucessivas de uma série, com base em pontos correspondentes de cada onda’. Vibrar significa ‘mover-se para trás e para a frente com regularidade uniforme’. A freqüência pode ser definida como ‘a ocorrência repetida de uma coisa a intervalos’. E para ciclos-por-segundo o dicionário dá a seguinte definição de ciclo: ‘série completa de eventos ou operações que retomam o ponto de partida ao completar um processo’.
A HARMONIA DA NATUREZA
Sendo cada um desses termos muito valioso para o pesquisador no seu respectivo campo, deve permanecer distinto dos outros. Porém, através da análise destes termos, e das formas de energia que representam, pode-se observar a existência de uma constante em todos eles, que liga a vida, em seus múltiplos aspectos, a um imenso TODO. Esta harmonia da natureza, embora não evidente, de imediato, a quem busca exclusivamente através dos microscópios ou das escrituras, efetivamente se revela a quem se encontra harmonizado com suas sublimes melodias celestiais. A ciência e a religião ouvem apenas fragmentos desta harmonia, com freqüência evidentemente desconexos ou dissonantes. Embora nenhum destes estudos se oponha ao outro, num sentido mais amplo, cada qual a seu tempo julga que o outro o faça; e nenhum deles ouve a musica de ambos combinada numa suave sinfonia de acordes celestiais.
O filósofo místico, em sua busca de unidade e de compreensão mais profunda do plano e do propósito da criação, aspira sempre harmonizar-se com a Divina Sinfonia. Sua concepção cósmica da vida penetra o próprio cerne da existência e desvenda a Idéia além da Forma. E, em razão de não estar confinado a uma área especifica, o filósofo místico não se encontra sujeito às mesmas restrições que limitam os que se dedicam estritamente a um campo especializado. Isto não implica, todavia, que seu pensamento não se sujeito à Lei. Significa apenas que lhe é permitido ‘olhar além do muro do jardim’. Em virtude de sua ‘visão panorâmica’, relaciona facilmente os elementos circundantes a coisas que transcendem os sentidos físicos. Sua filosofia atua como um elo entre ciência e religião, sendo, contudo, de algum modo completa em si mesma.
Confiando na ciência e na religião para obter informação, o filosofo místico habilmente adquire tal informação através da matemática, do raciocínio e da contemplação do Todo. Não rejeita, portanto, a ciência e a religião, mas aceita a ambas e faz com que surja harmonia de pensamento entre as duas.
Em sua busca dos mistérios da natureza, o filosofo místico intrepidamente persiste, até que, enfim, ela ceda ante a sua amorosa insistência, permitindo-lhe essa mística identificação que tanto almejou. E, à medida que ele lhe devota veneração, a natureza lhe proporciona sabedoria através das suas estruturas cristalinas, e da Identidade das inúmeras religiões. Da inaudível voz da Natureza rolam cubos e cones em ritmo perfeito, como o som de muitas águas, e o místico deleita-se em fonte inesgotável de Sabedoria pó poucos fruída. Ele compreende que, assim como vibração é essencial para o som e para a musica, é também essencial para a criação do universo inteiro. Sabe que, pelo alento de Deus, flui a matéria no espaço; que o murmúrio de Sua voz produz formas geométricas que modelam toda a Natureza.
O filosofo místico compreende que esse Grande Maestro e Arquiteto tange eternamente as teclas celestiais, produzindo uma imortal sinfonia de formas. O estudo intenso, a contemplação, o raciocínio e a devoção humilde, esculpiram-lhe a Pedra Filosofal – jóia de inestimável valor – e ele é feliz por haver encontrado seu lugar no grande esquema. E canta com o Salmista: ‘Para onde me irei do teu Espírito, ou para onde fugirei da tua face? Se subo ao céu, tu aí estás; se faço no inferno a minha cama, eis que tu ali estás também. Se tomar as asas da aurora, se habitar nas profundezas do mar, até ali a tua mão me guiará e a tua destra me susterá’. Com o Salmista, ele se rejubila, aos acordes de uma sinfonia celestial que inunda indefinivelmente todo o Cosmos.
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[Texto de Alexandra Gainsbrook]