30 de dez. de 2009

A SÍNDROME DAS GUERRAS ESPACIAIS


Fala-se muito hoje em dia, nos campos da Psicologia e Parapsicologia, de expansão da consciência. Livros acadêmicos e periódicos populares nos dizem que existem muitos níveis do EU [Self]. Incitam o homem a fazer uma exploração nesses diferentes palcos de seu reino psíquico pessoal. Em contraste com essa expansão pessoal há a crescente consciência de que a esfera de existência do homem, seu ‘habitat’ como ser humano, está diminuindo. A Terra está perdendo sua eminência. A Era Espacial, com suas explorações, subtraiu muito da proeminência atribuída ao planeta Terra na Idade Média. A finitude do microcosmo em que o homem tem sua vida o está exaurindo.

As estupendas cifras das distâncias entre os astros de nossa galáxia, a Via Láctea, atordoam a imaginação. Os astrônomos estimam que haja pelo menos dois bilhões de sóis em nossa galáxia. Muitos desses sóis são milhares de vezes maiores que o nosso. Muitos bilhões deles possuem sistemas planetários, incluindo literalmente bilhões de satélites.

Nossa galáxia, com seus incontáveis planetas e estrelas, é apenas uma dentre um número infinito de galáxias. “O espaço é tão inacreditavelmente vasto que se reduzíssemos os sóis e planetas, nas proporções matemáticas corretas em relação às distancias existentes entre eles, cada sol não passaria de um grão de poeira, a quatro, cinco ou seis mil quilômetros de distancia de seu vizinho mais próximo. E existem bilhões dessas galáxias, cada qual espaçada de cerca de um milhão de anos-luz de distancia [um ano-luz corresponde a cerca de dez trilhões de quilômetros].

Torna-se cada vez mais evidente que só a ignorância poderia ter levado o homem a assumir a opinião egocêntrica de que ele e sua Terra foram especialmente escolhidos e favorecidos no Cosmos. A insignificância do tamanho da Terra fornece causa racional para acreditarmos que a vida não foi um capricho da natureza ou de que esteja a vida limitada à extrema pequenez cósmica da Terra.

Como disse Giordano Bruno [1568-1610]: “ Não é irrazoável acreditar que alguma parte do mundo seja destituída de uma vida anímica, sensação e estrutura orgânica. Deste Todo infinito, pleno de beleza e esplendor; dos imensos mundos que giram acima de nós, as poeiras reluzentes de estrelas além de nós, chegamos à conclusão de que existem infindáveis criaturas, uma imensa multidão, que, cada uma em seu grau, reflete a esplêndida sabedoria e excelência da beleza divina”.

O HOMEM NÃO ESTÁ SÓ_

Visto que essa sua afirmativa pressupunha que o homem não era o único ou o maior dos seres no Cosmos, Bruno foi queimado na fogueira! Atualmente, a probabilidade de que o homem não esteja só no vasto universo ganhou o apoio de pessoas inteligentes e racionais.

O professor Lloyd Motz, da Universidade de Columbia, disse: “ que a vida existe além do sistema solar é hoje tido como certo por muitos cientistas, mesmo que não tenhamos evidência direta disso”.

O cientista George Wald, ganhador do prêmio Nobel, afirmou: ”O universo é singularmente organizado para originar vida. O nosso universo está pleno de vida. É um universo que produz vida, inevitavelmente, em muitas partes, se tem tempo suficiente”.

Que conclusões, que suposições podem ser inferidas desses pronunciamentos?

As ciências biológicas revelam que a complexidade dos organismos vivos é resultado de um processo evolucionário. Foi necessário um transcurso ainda não determinado de tempo para que o homem alcançasse seu presente desenvolvimento mental. A ‘inteligência’ é considerada a característica mais elevada dos atributos da vida, e, no planeta Terra, tem-se que o homem representa esse status. Se existem miríades de outras estrelas com seus planetas e, como se pressupõe, se inúmeros são de idade mais remota que a Terra; e se o Cosmos é ”... singularmente organizado para originar vida”, então deve haver no espaço seres com intelecto ‘muito superior’ aos dos habitantes da Terra. Uma probabilidade [pelo menos em termos lógicos] apóia a outra.

A idéia de que existem outros seres inteligentes no espaço cativou a imaginação do homem. Acredita-se que as conquistas desses seres, resultado de um longo período de criatividade, excederiam em muito as dos habitantes da Terra. A imaginação conclui ainda, e não sem algum fundamento racional, que se ‘nós’ podemos explorar o espaço exterior, alcançar planetas distantes com veículos movidos a energia atômica, então seres vivendo num outro planeta distante, que existem há muito mais tempo que o homem, teriam meios de ultrapassar nossos esforços relativamente elementares.

Este tipo de raciocínio, ou especulação se o preferirem, deu ênfase à crença m veículos chamados de UFOs e suas visitas regulares e secretas ao nosso planeta. Devemos perguntar, porém, por que o súbito influxo de UFOs neste período de longo desenvolvimento humano? Se essas inteligências de outros mundos tornaram-se tão adiantadas há milhares de anos, não teriam deixado evidências indubitáveis, nos séculos passados, de suas visitas à Terra? Certamente, não seria louvor à inteligência desses seres do espaço exterior o fato de que só ‘agora’, apesar de longo período de sua existência, adquiriram eles os meios de alcançar este planeta!

A ampla publicação de obras de ficção que tratam de seres e de vida inteligente no espaço exterior enaltece sua capacidade tecnológica sumamente desenvolvida. Não obstante, num aspecto importante, parece que o tempo deixou esses superseres moralmente inertes. Em outras palavras, acredita-se que eles manifestem toda a violência e agressividade e cupidez dos homens. Procuram conquistar e destruir a vida da Terra, por fama e poder – características idênticas às dos humanos. A mesma ficção, verificada em filmes periódicos e na TV, mostra esses seres procurando invadir a Terra e comportando-se tão selvagemente quanto o homem. As virtudes morais desses seres do espaço, a despeito da antiguidade e dos milhares de anos de desenvolvimento mental, são retratadas como se não tivessem absolutamente avançado em autodisciplina ou nos padrões morais que o homem deseja atribuir a uma ‘civilização adiantada’ do futuro.

Recentemente, o líder de uma organização que apóia investigações de UFOs, criticou o governo dos Estados Unidos por não revelar qualquer informação que pudesse ter sido obtida em investigações oficiais.

Esse indivíduo disse: “Se os UFOs não existem, então o Tio Sam [E.U.A] nada tem a esconder. Agora, se eles existem, então nós [E.U.A] podemos estar em apuros e devíamos ser informados a respeito”.

Certamente esta não seria a atitude correta a ser adotada no caso da recepção de seres inteligentes que se acredita serem muitíssimo mais adiantados que o homem, emocional e intelectualmente. Acredita-se que eles sejam potencialmente ‘perigosos’, e, por outro lado, que sejam muito mais adiantados que o homem.

Cidadãos jogam durante horas em jogos eletrônicos, em que eles repelem, acertam tiros, e destroem ‘Invasores do Espaço’. Em outras palavras, o homem está atribuindo seus próprios vícios e beligerância às inteligências superiores de outros mundos. Que é que isto pressagia para o homem? Se o homem sobreviver por milhares de anos neste planeta, com a ajuda da tecnologia acelerada, não avançará moralmente e idealisticamente nenhum pouco a mais do que o nível que ele atribuiu aos seres inteligentes de outro lugar do Cosmos: Se esse é o futuro que o homem pretende para si mesmo, não é um futuro inspirador pelo qual devemos esperar ansiosamente!

Esta atitude, este estado mental, é uma falha comum do homem. Através de toda a história ele atribuiu suas próprias características e qualidades a um ser ou a seres transcendentes. Fez isto com seu Deus e O aviltou, pois atribuiu-Lhe qualidades e desejos semelhantes aos seus próprios. Agora faz ele o mesmo para com inteligências que ele acredita talvez habitem outros mundos. Simplesmente, parece que o homem pensa essencialmente em refinamento em termos de seu organismo físico, seu corpo e mente, e de seu ambiente; mas não do EU.

Como podemos aspirar à PAZ num futuro que concomitantemente povoamos com guerreiros do espaço exterior dedicados a destruir a humanidade, e contra os quais planejamos uma retaliação?
_
[Texto de Ralph M.Lewis]