Muitos daqueles que se empenharam em apreender o significado da Cabala e expandir sua filosofia falharam porque tornaram complexo o que era simples, tanto por confundirem exposição com interpretação, como por considerarem parte da Cabala informação que, essencialmente, não guardava para com ela qualquer relação.
Talvez você conheça o conto de Andersen.:” A Veste do Imperador”. Nesse conto, certos alfaiates insidiosos, por meio de um elaborado engodo, levaram o Imperador, bem como sua Corte e seus súditos, a acreditar que ele estava vestido com suntuosos trajes, quando, na realidade, ele não vestia coisa alguma além de sua roupa de baixo. Só a simplicidade da mente de uma criança pode perceber o engodo. Algo parecido tem ocorrido com o estudo da Cabala. Estudiosos do passo e do presente, como os alfaiates desse conto, tem se empenhado em ornar o assunto com atavios de sua própria imaginação, até que a simplicidade original ficou totalmente perdida numa mixórdia de belas palavras e frases pomposas.
Isto pode ter sido impressionante, porém, foi certamente deletério, pois dificultou, ao invés de facilitar, a tarefa de escrever sobre a Cabala. No decorrer dos anos, este procedimento persistiu a tal ponto que, hoje, tornou-se emaranhado numa especulação de superfluidades sem qualquer relação para com a própria Cabala.
A doutrina esotérica contida na Cabala é comum a todos os povos antigos, pois, nela encontramos idéias parecidas ou idênticas, comuns ao acervo de chineses, hindus, egípcios, babilônios, assírios, caldeus, bem como de judeus e cristãos. Por este motivo, existem muitas Cabalas.
O mais completo registro de informação sobre o assunto é o Livro do Esplendor, ou Zoar, a fonte autentica para o conhecimento relativo à natureza e à doutrina da Cabala. Nem o fato de que os estudiosos tem contestado a antiguidade do Zoar, nem o fato de que eles estão em desacordo quanto a ser este livro obra de um ou de muitos homens, absolutamente desfazem sua utilidade para nós.
“O Zoar”, como o Dr. J. Abelson tão apropriadamente observa em sua Introdução à versão inglesa do Zoar, de 1931, por Harry Sperling e Maurice Simon, “é um acervo de tratados, textos, extratos e excertos de textos, pertencentes a diversos períodos mas assemelhando-se todos no método de interpretação mística da Tora, bem como na desconcertante anonimidade em que estão protegidos ... Do exame global do assunto, chega-se irresistivelmente à conclusão de que o Zoar, longe de ser uma obra homogênea, consiste de uma compilação de grande quantidade de informação extraída de muitos estágios de pensamento místico judaico e não judaico, além de cobrir muitos séculos. Muitos de suas doutrinas, fundamentais e suplementares, podem ser encontradas nos trechos mais antigos dos Talmudes babilônio e palestino, bem como na farta literatura apocalíptica judaica, produzida nos séculos imediatamente anteriores e posteriores à destruição do segundo Templo.
“Ensaios sobre lei judaica e interpretações bíblicas (que muitas vezes são quase repetições verbais de passagens contidas nos dois textos revistos do Talmude); especulações sobre teologia, teosofia e cosmogonia, que encontram paralelo na literatura helenística e que em alguns casos, mostram semelhança com certas idéias contidas no Zed Avesta ( fato que induziu alguns estudiosos a situar boa parte dos fundamentos do Zoar na religião do antigo zoroastrismo). Os tipos alegóricos de exegese de que Philo foi o expoente Maximo; teorias gnosticas sobre a relação entre o humano e o divino; reproduções de crenças medievais concernentes a astrologia, fisiognomia, necromancia, magia e metempsicose, que são estranhas ao espírito judaico, todos estes elementos se embaralham, caoticamente, nas paginas do Zoar. Um verdadeiro deposito de anacronismos, incongruências e surpresas!”-
O fato é que, o Telesma, ou Talismã, era tido em grande apreço pelos Taumaturgos da antiguidade. Encontramos prova de sua universalidade na China, Índia, Egito e entre as nações semíticas, os gregos e romanos, bem como entre os povos antigos da América Central, Peru, Australásia e das ilhas do Pacifico. Na verdade, parecem existir todos os motivos para se acreditar que a arte telêsmica estava em voga entre os habitantes da Atlântida e foi por eles transmitida às raças sobreviventes. Chegou até nós através dos hebreus, que a adaptaram a seu próprio sistema teológico, dando-lhe uma forma modificada. Faremos aqui, um breve relato sobre a mesma, na medida em que está ligada diretamente à Astrologia e ao Poder dos Números.
A mente humana tem que possuir, necessariamente, métodos concretos de expressão, dentre os quais o mais comum e limitado é a linguagem. Por outro lado, o Simbolismo pode ser considerado a linguagem comum da humanidade, como o é também dos deuses. O universo é um símbolo; o homem também. Cor, Numero, Forma – o que são, senão símbolos? Um circulo, um triangulo, um quadrado, uma cruz – não passam de letras numa linguagem universal, o único meio natural através do qual podemos compelir a mensagem dos deuses. Tal era a crença dos pitagóricos e taumaturgos da Grécia antiga.
Usualmente, a matéria contida no Zoar é classificada em quatro títulos: Cabala Prática, Literal, Tradicional, e Dogmática.
Talvez seja interessante lembrarmos que os livros do Velho Testamento, a saber: Gênesis, Êxodo, Levitico, Números e Deuteronômio (usualmente referidos como o Pentateuco) foram considerados a escritura sagrada até a época de Isais. Em grande parte, forma escritos em babilônio ou assírio, em caracteres cuneiformes, e foram subseqüentemente traduzidos pelos escribas e profetas para a língua corrente do povo. Isto explicaria as numerosas edições e revisões, bem como o grande repertório de comentários transmitidos oralmente pelos metafísicos. Do acervo desta tradição oral foi que uma obra como o Zoar foi extraída.
Assim sendo temos que, o Zoar expõe a cabala dividida em quatro categorias gerais:
1_ A Cabala Prática, que trata da magia talismânica e cerimonial;
2_ A Cabala Literal, que está dividida em três partes:
ð Gematria, ou método aritmético para substituir cada palavra por uma outra de igual valor numérico;
ð Notaricon, ou escolha de certas letras do começo, do meio ou do fim de palavras de uma frase, segundo uma regra, para formar uma única palavra;
ð Temurah, ou método para formar cifras, substituindo as letras de uma palavra por outras, segundo um sistema.
3_ A Cabala Tradicional, ou seja, a parte da doutrina cabalística que se afirma ter sido transmitida apenas oralmente.
4_ A Cabala Dogmática, que esboça um sistema de metafísica.
Nossas principais fontes de informação sobre a Cabala são o Zoar, ou Livro do Esplendor, e o ensaio metafísico conhecido com Sepher Yezirah, ou Livro da Criação. O Sepher Yezirah tem sido considerado “uma das mais antigas, das primeiras obras notáveis da mente humana.”
É necessário portanto, conhecer as categorias da cabala antes de ingressar na arte telêsmica, pois nada é levado à perfeição nessa arte sem o emprego mágico de nomes e números.
Por emprego mágico devemos entender algo distinto do emprego natural, como a diferença entre o poder supremo da vontade criativa no homem e o poder vegetativo inerente à mente e aos corpos naturais.
Em primeiro lugar, então, examinemos um pouco da origem da própria Cabala:
“Infelizmente, a história judaica não é conhecida pelo leitor comum, a menos que ele seja, especificamente, um estudioso da Bíblia; mesmo assim, quase sempre seu estudo é restrito à história contida nas próprias narrativas da Bíblia. Estas, pouco nos revelam do que desejamos conhecer; e o expendermos demasiado esforço em mera historia expositiva dificilmente nos será útil.
No entanto, é preciso notar que, até a época de Ezra, o Escriba (458 a.C), a Tora (como os judeus denominavam os livros de Moises; ou Pentateuco, como os gregos a eles se referiam) sintetizava as Escrituras dos hebreus. Algumas pessoas tem declarado que, quando Moises desceu do Monte Sinai, após ter recebido os Dez Mandamentos, deu instruções orais aos Anciãos e Eleitos quanto à maneira como os Mandamentos deveriam ser interpretados e aplicados. É preciso lembrar que os hebreus, naquela época, eram um povo em fuga, dirigido por uma rígida teocracia. A voz de Deus lhes falava constantemente, regulando, não somente o seu culto, mas, também a sua vida, nos mínimos detalhes. Naturalmente, essa prescrição era dirigida, não ao próprio individuo, mas, a Moisés (posteriormente, aos eleitos que o sucederam). Portanto, a palavra de Deus tinha de ser constantemente interpretada, a fim de que fosse aplicável a condições transitórias, e seu significado tinha de ser estendido a circunstancias antes inexistentes, pois, a mudança era uma lei da civilização, naquela época como hoje em dia.
Em seu livro, “O Alvorecer da História” (“The Dawn of History”, Scribener’s 1917), C.F. Keary escreveu: “ A história dos israelitas de modo geral pode ser sintetizada como a constante expressão e o triunfo final do desejo de trocar sua vida simples e seu governo teocrático por um sistema que os pudesse nivelar com as nações vizinhas. Presentemente, é sua religião que eles querem trocar, ou pelo esplendoroso ritual do Egito, ou pelos credos extravagantes das nações asiáticas; e, logo insensatamente esquecidos das inclemências de um Ramsés ou de um Tiglath-Pileser, desejam um rei para os governar, a fim de que possam ‘assumir seu lugar’ entre as demais monarquias orientais.”
Por outro lado, Adolph Franck, em seu livro “A Cabala” (“The Kabbalah”, tradução inglesa, New York, 1926), escreveu: “ Desde sua origem até seu retorno do cativeiro babilônio, o povo hebreu, como todas as outras nações em sua infância, não conheceu outras fontes da verdade, outros preceptores da mente, além do profeta, do sacerdote e do poeta; e, a despeito da obvia diferença entre eles, o ultimo é muitas vezes confundido com os anteriores. A instrução não era da competência do Sacerdote; ele simplesmente atraia os olhos para a pompa das cerimônias religiosas. E quanto aos instrutores, aqueles, na verdade, que elevam a religião à categoria de Ciência e substituem a linguagem intuitiva pela expressão dogmática, em suma, quanto aos teólogos, não há menção, nem de seu nome nem de sua existência, durante todo aquele período.”
Em ultima análise, portanto, nossa pesquisa da origem da Cabla está sujeita a ser desalentadora e difícil. É interessante, o fato de alguns escritores terem declarado que a Cabala e o Talmude evoluíram mais ou menos paralelamente, representando este o acervo ortodoxo de instrução relativa à lei civil e à lei canônica, e, aquela, ensinamento avançado, ou mesmo herético, a pretexto de comentários sobre o Pentateuco.
Seja como for (seja sua origem antiga ou recente, isto não depreciará seu valor para nós), a Cabala efetivamente encerra um ponto de vista sublime e inteiramente digno de nossa mais profunda consideração e reverencia, sobre Deus e a Criação.
Os princípios da Cabala:
O homem é o objeto de todas as considerações mágicas, como é também o agente de todas as operações mágicas. Os cabalistas dividem o Homem em quatro princípios a saber: Espírito, Mente, Alma e Corpo, que correspondem aos quatro ‘elementos’: Fogo, Ar, Água e Terra. Dentre eles, o Espírito e a Mente são desprovidos de Forma, enquanto o Corpo Fluido, ou Alma, e o Corpo Físico, possuem Forma. Ainda existem três aspectos do Espírito, que são Vida, Vontade e Esforço, e três aspectos da Mente: Percepção, Razão e Memória. As propriedades da Alma também são três: Desejo, Imaginação e Emoção;como três são as do Corpo: Absorção, Circulação, Excreção. Sob um aspecto a Natureza é volátil, sob outro fixa, e sob um terceiro mutável.
A Humanidade consiste em três categorias: Almas Decaídas, Almas Elementares e Almas Demoníacas. Há distinção entre o Espírito e a Alma. O Espírito propriamente dito é de origem Divina, uma parte intima de uma hierarquia espiritual à qual se relaciona diretamente e da qual recebe energia e orientação. Essas ‘luzes prisioneiras’ estão relacionadas com a Divindade através das hierarquias espirituais a que pertencem e das quais são os representantes terrestres.
A Alma, por sua vez, não é de origem Divina, mas derivada indiretamente da natureza-essência através da ação da Imaginação Humana – ou, como no caso dos animais, pelo Desejo e sentido instintivo.
As Almas Decaídas são as que caíram de seu estado primitivo incorrupto e, por meio da regeneração, recuperarão eventualmente a herança perdida.
As Almas Elementares são as que chegaram à geração humana no decurso da evolução natural ou da arte mágica e, dentre elas, as Sílfides são as que mais se aproximam da raça humana. Chegando como estranhas a uma atmosfera para a qual seus poderes ainda não estão suficientemente evoluídos, nascem como simplórios, naturais e tolos, condições que são sucessivamente aperfeiçoadas durante suas encarnações. Uma vez enredadas no sistema humano de evolução, não podem mais recuar. Mas a sua humanidade lhes proporciona uma imortalidade que não conseguiriam alcançar de outro modo. Na mesma categoria das Almas Elementares estão as Ondinas, as Salamandras e os Gnomos, sendo tais nomes ligados a elementos de Água, Fogo e Terra, assim como as Sílfides estão ligadas ao Ar.
As Almas Demoníacas são as que, pela violência, atiraram-se na vida humana por meio de obsessão, domínio e infestação de corpos humanos, quer em frenesi ou transe, quer na epilepsia ou outras condições anormais da mente e do corpo. São como ladrões que se apossam da casa quando o proprietário se ausenta. Contudo, algumas delas vêm ao mundo por vontade dos deuses, agindo por meio de influencias siderais, para cumprir destinos grandiosos, bem como para despojar e castigar as nações, e são demônios desde o momento em que nascem. Como referencia a uma delas, o Cristo disse: “Sois os doze que escolhi e um dentre vós é um demônio”, querendo indicar Judas Iscariotes. Daí se constata que nem todas as formas humanas estão investidas com almas humanas.
Existem também determinadas períodos e estações em que os anjos e arcanjos são temporariamente investidos com a carne humana para cumprirem os elevados objetivos da vida, tais como mestres e profetas, ou outros mensageiros da paz; todavia, apesar de obedecerem às leis da encarnação humana mortal, todos eles estão livres da macula da alma e, em todos os demais aspectos, agem sob inspiração direta ao Espírito. A essa alta categoria pertencia Melquisedeque, Rei da Virtude, “sem pai e sem mãe, não tendo inicio da vida nem fim de seus dias”, com o qual falou Abraão de forma registrada no Gênesis. Melquisedeque era, na verdade uma representação do Cristo, um grande e poderoso espírito sob forma humana temporária que então reinava sobre a Caldéia, sobre os filhos dos Magos.
Entretanto, existem também os espíritos da natureza de Apolion, que são “Príncipes da Escuridão”, e cujo domínio se exerce sobre as “estrelas errantes sobre as quais se estende a negra escuridão por séculos e séculos”. Tais seres malévolos, agindo sob as leis de sua própria natureza, manifestam-se ocasionalmente sob forma humana para um julgamento mais rápido do mundo. São os Calígulas e Neros da história da humanidade.
A Terra é, portanto, palco de uma grande variedade de almas diferentes e isso acontece porque ela se encontra em equilíbrio entre os Céus e os Infernos, num estado em que o bem e o mal podem conviver juntos. É, de fato, o Campo de Armagedon, onde terá que se travar a grande batalha entre os Poderes da Luz e os Poderes das Trevas.
Os Cabalistas mencionam Sete Céus e Sete Infernos, presididos pelos Sete Arcanjos e pelos Sete Príncipes do Mal. Os Arcanjos das Sete Esferas de Luz são: Miguel, Gabriel, Raphael, Zadkiel, Uriel e Zophkiel, que representam o Poder, A Graça, o Zelo, o Poder Salvador, a Justiça, o Esplendor e o Mistério dos Deuses. Esses nomes são invocados, sob os símbolos adequados, na arte telesmica da qual a Kabalah constitui parte essencial.
Miguel, o arcanjo relacionado com o Sol, tem seu nome derivado das silabas Mi, “aquele que”; cah, “como”; al, “deus”; ou seja, “Aquele que como Deus”. Gabriel vem de Gibur, “poder”; Kamiel, de Chem ou Kam, “calor”; Raphael, de Raphah, “curar”; Zadkiel, de Zadok, “justiça”; Uriel, de Aur, “luz”; e Zophkiel, de Zophek, “segredo”. Como entidades espirituais, são a incorporação expressa dos atributos Divinos, embora enquanto não revelados a nós continuem a representar apenas certas concepções humanas do Ser Divino expresso em termos de caráter humano. Toda definição é uma limitação e toda limitação é uma imperfeição; ainda assim, Deus é pura Perfeição e está além dos limites de qualquer definição.
A ARTE DOS CÁLCULOS
Como já foi dito anteriormente, a Cabala LIteral se divide em três partes e agora passaremos a examinar mais detidamente cada uma delas.
A GEMATRIA atribui um determinado valor numérico a cada letra de um nome ou palavra. Os cabalistas atribuem os seguintes valores às letras hebraicas e caldéias, aqui substituídas pelos equivalentes em ‘inglês’, observando-se a devida ordem:
_Unidades: a1, b2, g3, d4, e5, v6, z7, ch8, th9.
_Dezenas: y10, k21, l30, m40, n50, s60, o70, p80, ts90.
_Centenas: q100, r200, sh300, t400.
_Finais: ch500, m600, n700, p800, ts900.
Atribuí-se a Pitágoras a preservação de uma antiga tabela de números, com a respectiva interpretação. É a seguinte:
A1, b2, c3, d4, e5, f6, g7, h8, i9, k10, l20, m30, n40, o50, p60, q70, r80, s90, t100, u200, V300, W400, X500, Y600, Z700, Hi800, Hu900.
A INTERPRETAÇÃO
1. ambição, paixão, objetivo.
2. morte, destruição.
3. destino, fé, religião.
4. força, estabilidade, poder.
5. casamento, felicidade, as estrelas.
6. realização, obtenção.
7. descanso, liberdade, o caminho.
8. proteção, eqüidade.
9. pesar, magoa, ansiedade.
10.sucesso, lógica, renovação.
11.ofensa, dissimulação, discórdia.
12.a cidade, uma aldeia, uma testemunha.
13.obliqüidade, um caminho sinuoso.
14.sacrifício, rendição.
15.virtude, cultura, piedade.
16.luxúria, sensualidade.
17.infortúnio, descaso, perda.
18.vicio, brutalidade, aspereza.
19.tolice, insanidade.
20.sabedoria, abnegação, austeridade.
21.criação, mistérios, compreensão.
22.castigo, vingança, calamidade.
23.preconceito, ignorância.
24.viagem, alteração.
25.inteligência, prole.
26.beneficência, altruísmo.
27.bravura, firmeza.
28.amor, presentes.
29.noticias, informação.
30.fama, casamento.
31.integridade, ambição.
32.união, beijos, casamento.
33.suavidade, castidade.
34.sofrimento, dor, recompensa.
35.saúde, paz, felicidade.
36.gênio, intelecto profundo.
37.fidelidade, felicidade doméstica.
38. malicia, avareza, mutilação.
39.honra, credito, louvor.
40.feriado, festa, casamentos.
41.vergonha, desgraça.
42.vida curta e infeliz.
43.igrejas, templos, adoração.
44.soberania, elevação, poder.
45.prole, população.
46.produção, fertilidade.
47.vida longa e feliz.
48. julgamento, tribunal, juiz.
49.avareza, espírito mercenário.
50.alivio, perdão, liberdade.
-
60. perda do cônjuge.
70. ciência, iniciação.
80. proteção, recuperação, convalescença.
90. aflição, magoa, erro, cegueira.
100. favor divino.
_
200. hesitação, medo.
300. defesa, filosofia, crença.
400. viagens longas.
500. santidade, virtude.
600. perfeição.
700. poder, domínio.
800. império, conquista.
900. discórdia, erupção, guerra.
1000. simpatia, mercê.
_
Além desses, a tabela contém alguns números específicos, que são os seguintes:
81. o adepto.
120. honra, patriotismo, louvor.
215. magoa, infortúnio.
318. mensageiro divino.
350. justiça, confiança, esperança.
360. casa, lar, sociedade.
365. a ciência dos astros.
490. sacerdócio, ministério.
666. inimigo, malicia, tramas.
1095.reserva, silencio.
1260. aborrecimentos, terrores.
1390. perseguição.
Infelizmente, o método a ser seguido na utilização de tais números não chegou até nós, mas concebo que um método semelhante ao ‘notaricon hebraico’ não esteja totalmente errado. Assim, o nome do grande ‘Napoleão’ é numerado da seguinte maneira:
n.40
a. 1
p.60
o.50
l.20
e. 5
o.50
n.40
e. 5
_
271
b. 2
u.200
o.50
n.40
a. 1
p.60
a. 1
r.80
t.100
e. 5
-
539
A soma desses números é 810, que é igual a 800= império, conquista e 10=sucesso, lógica, renovação. As palavras “império, conquista, sucesso e renovação”…certamente, possuem uma singular adequação ao caso em pauta. É óbvio, porém, que a importância de um nome seria alterada pela mudança de um idioma para outro, assim como é razoável presumir-se que o idioma pátrio original deva ser adotado em cada caso.
A GEMATRIA atribui um valor definido a cada letra, como já vimos. A soma dos números correspondentes à letra de um nome é, então, reconvertida em letras de valor equivalente e, assim, revela o significado do nome. Dessa forma, lemos que o anjo falou a João de Patmos, que teria caído de joelhos para adorá-lo, mas foi proibido de fazê-lo. O anjo refere-se a si mesmo como homem, um dos “guardiões das palavras do Livro Sagrado.” A palavra “homem” em hebraico é Aish, cujo valor é: A=1 + i=10 + sh=300 = 311
E o nome do grande registrador é Raphael:
R=200 + ph=80 + a=1 + l=30 = 311.
Por isso, João de Patmos era da Ordem dos Registradores e da Hierarquia de Raphael.
Da Ordem dos Calculadores e Medidores é a Inteligência de Sepher; da Ordem dos Ordenadores é Juízes é a Inteligência de Zadok; e estas, como outras, são extraídas das Sagrada Escritura, onde seus ritos são referidos dissimuladamente.
Conseqüentemente, se alguém souber o nome de seu rito, tome a soma de seu nome e converta-a, através da Gematria, segundo as regras da arte cabalística. Assim, o nome “Sepharial”, da Ordem do Sepher, é computado da seguinte maneira:
S=60 + ph=80 + r=200 + i=10+ a=1 + l=30 = 381 que equivale a: a=1 + sh=300 + p=80 = 381, sendo a palavra Asoph derivada da raiz Ashp = observador de astros ou astrólogo, os antigos astrólogos caldeus sendo conhecidos como Ashpim.
O ‘Notaricon’ é utilizado para extrair da Sagrada Escritura os nomes Divinos e os dos anjos ou espíritos. A arte telêsmica requer que tais nomes sejam empregados na construção de Talismãs, de vez que, por sua correspondência em valor numérico, exercem uma forte influencia sobre todas as coisas que tenham o mesmo valor da raiz.
Assim, tomando-se as letras do inicio ou do final das palavras, e através de outras medidas de natureza secreta, derivam-se os nomes das Forças Espirituais. O Ser Divino possui força e presença infinitas e, portanto, seus nomes, que expressam uma variedade infinita de forças, inteligências e formas no universo, jamais se poderão esgotar. Em conseqüência, o cabalista procura apenas discernir aqueles que são eficazes na questão em pauta.
Os setenta e dois nomes Divinos são derivados de um determinado trecho de três versos do Êxodo que se iniciam pelas palavras ‘Vayiso, Vayibo e Vayot’, respectivamente. São os ‘Shemhamphore’ correspondentes aos setenta e dois Anciãos que governam a Igreja Universal, ou seja, o Reino Espiritual Médio. O métodos nesse caso é o seguinte:
O primeiro verso é escrito em caracteres hebraicos, que são em número de setenta e dois, da direita para a esquerda, como é costume nos textos semitas. O segundo verso é escrito da esquerda para a direita e o terceiro da direita para a esquerda, como é normal, usando-se sempre o texto hebraico. Então, lendo-se como uma palavra as três letras que coincidem, tem-se setenta e duas palavras de três letras, às quais adiciona-se o afixo dos nomes sagrados, El ou Jah. Do texto ‘Tu és o poderoso Senhor eterno” deriva-se o poderoso nome ‘Agla’; e da afirmação sagrada “O Senhor nosso Deus é o único Deus” deriva-se o nome ‘Yaya’.
Assim:
‘Jehova Alohenu Jehovah Achad’.
Da mesma forma, do texto “Sua unidade tem uma só fonte, uma só fonte tem Sua individualdiade, Sua vicissitude é uma só” tem-se o nome mágico ‘Ararita’, que se encontra inscrito no Selo de Salomão, o Rei. Do texto “Santo e abençoado é Ele” deriva-se o nome ‘Hagaba’. Da frase na profética benção de Jacó “Até a chegada de Shiloh”, quando o patriarca estava predizendo o destino de Judá, tem-se o nome ‘Jesu’. O cabalista bem informado sabe, porém, que este texto se refere à ascensão no horizonte da estrela ‘Shuleh’ na constelação de Escorpião; pois Leão, o leão de Judá, com Cefeu, o legislador, logo abaixo, não sai do Meio do Céu até que Escorpião surja no Leste.
Prosseguindo, do texto “O Senhor nosso Rei é verdadeiro” tem-se a palavra ‘Amem’.
O Temurah, que significa ‘permuta’, também fornece suas interpretações secretas pela transposição e troca de letras de acordo com as regras cabalísticas estabelecidas na ‘Tabela de Tsiruph’; e através da aplicação disto à Gematria e ao Notaricon derivam-se os nomes dos espíritos e anjos cujos ofícios estão expressos nos textos dos quais são derivados. Alguns desses espíritos são malignos e recebem a denominação de ‘vasos de iniqüidade’ e ‘vasos de ira’, como também de ‘espíritos mentirosos’.
Cada homem é assediado por algumas tentações oriundas de sua associação com o mundo dos espíritos, cada bom auxilio subentendendo um possível mau pela perversão, e a esse mau correspondem as forças malignas. Conseqüentemente, o homem possui tanto um anjo da guarda como um espírito mau que o assedia e, portanto, pode inclinar-se tanto para o bem como para o mal, ficando, enquanto no meio termo, num estado de equilíbrio e liberdade. Ademais, diz-se que a preferência entre os homens vem da força superior dos espíritos ligados a um individuo em relação à força dos espíritos ligados a outro, pois, pela intensidade de sua vontade, tais homens são capazes de unir-se com as forças do bem ou do mal que lhes são atribuídas por natureza.
Cada tarefa empreendida pelo homem está sob uma dupla influencia de poderes espirituais, que o levam à perfeição ou o derrubam. Entre os cabalistas existe um método de derivar os nomes dos espíritos que influenciam o nascimento de um homem. Estabelecido o horóscopo, as letras do alfabeto hebraico são dispostas na ordem dos signos, partido do Ascendente; as letras que incidem nas posições do Sol, da Lua e do regente do Ascendente, quando reunidas, produzem o nome do anjo ou Inteligência benéfica. Mas o mesmo calculo feito a partir do Descendente do horóscopo produz o nome do espírito mau, ou Cacodemônio. Há quem afirme, porém, que as posições dos planetas benéficos devem ser levadas em conta, junto com a posição do regente do Ascendente, para derivar o nome do Agatodemônio; quanto as posições dos planetas maléficos, junto com a posição do regente do Descendente, devem ser consideradas na computação do nome do Cacodemônio. Mas os nomes, em si, tem apenas os significados que lhes são atribuídos; sua verdadeira eficácia reside na correspondência numérica que possuem com a natureza dos símbolos empregados e sua relação com o objetivo em pauta, e, conseqüentemente, em confirmarem a mente na fé e intenção sem as quais, somadas à ação conjunta da vontade e imaginação, nenhum trabalho mágico poderá ser completado. Pois a vontade é a força masculina e a imaginação o poder feminino que, por sua união, são capazes de criar aquilo que se deseja.
As invocações no circulo mágico, as conjurações de espíritos ao cristal, a construção de talismãs, sinetes, selos e outras obras de arte taumatúrgica tem suas raízes nesse acordo secreto entre a Natureza e a Alma do Homem, através do qual o Espírito reage à matéria e a Força reage à forma, de modo que a forma material de cada símbolo representa a encarnação de uma Força Espiritual correspondente.
_
A Cabala Dogmática: Um pouco sobre o seu sistema de metafísica:
Os cabalistas costumavam descrever a Criação como o resultado de certas emanações ou ‘fluxos eferentes’ – [flourings forth]da Divindade. Havia dez dessas emanações, ou desses aspectos, e suas denominações procuravam denotar suas ascendência relativa. Seus nomes eram: Coroa, Sabedoria, Compreensão, Misericórdia, Fortaleza, Beleza, Vitória, Glória, Estabilidade e Reino.
Os Deuses da ‘Grande Assembléia’ [Paut Neteru] e esta contida no papiro conhecido como ‘Nesi Amsu’.
Fala o Deus Ra: “ Eu estava só, pois, nada havia sido produzido; Eu não tinha emitido de mim mesmo nem Shu e Tefnut e, de Um, tornei-me três: Eles emanaram de mim e passaram a existir na Terra ... Shu e Tefnut geraram Seb e Nut, e Nut gerou Osíris, Horus – Khent – an Maa, Set, Isis e Nephthys, em um só nascimento.”
Podemos talvez perceber mais claramente a relação entre os ‘Sephirot’ e a ‘Grande Assembléia’, se os dispusermos da seguinte maneira:
OS SEPHIROT [10 fluxos eferentes da Divindade]
1. [Coroa] Kether
2. [Sabedoria] Chokmah
3. [Compreensão] Binah
4. [Misericórdia] Chesed
5. [Fortaleza] Geburah
6. [Beleza] Tiphereth
7. [Vitória] Netzach
8. [Glória] Hod
9. [Estabilidade] Yesad
10.[Reino] Malkuth
PAUT NETERU
1. Ra
2. Shu
3. Tefnut
4. Seb
5. Nut
6. Osíris
7. Hórus
8. Nephthys
9. Set
10.Isis
A base do pensamento cabalístico repousa na explanação de que a Criação consiste em uma série de emanações ou concentrações de energia divina.
Segundo a explanação cabalística, a Criação foi uma emanação, um gradual desdobramento em estágios, estados, ou concentrações de certos aspectos da divina energia. A eles refere-se usualmente o ‘Zohar’ como graus, ou portas, e três palavras do versículo inicial do Gênesis representam três emanações particularmente sagradas, constituindo uma trindade potencial de que surgem, todos os demais graus. Estas palavras, “No principio [criou]Deus”, ou, em Hebraico, “Bereshith [bara] Elohim”, tornaram-se três aspectos da Divindade, formando um mundo superior. Prosseguindo em sua contemplação do primeiro capitulo de Gênesis, os autores do Zohar atribuiriam um aspecto diferente da Divindade a cada dia da Criação, e chamaram esses sete ‘dias’ do mundo inferior.
MUNDO SUPERIOR
_Sephirot
1. Kether
2. Chokmah
3. Binah
_Gênesis
1. B’
2. Reshith
3. Elohim
MUNDO INFERIOR
1º dia: Chesed
2º dia: Geburah
3º dia: Tiphereth
4º dia: Netzach
5º dia: Hod
6º dia: Yesod
7º dia: Malkuth
Se tivéssemos de fazer um diagrama da estrutura da criação, tal como a Cabala a descreve, deveríamos representá-la por um conjunto de três triângulos, cujos vértices seriam os SEPHIROTH, com um ponto isolada, abaixo dos triângulos, representando MALKUTH.
_Primeiro Triangulo, com o vértice para cima:
1ª ponta: Kether
2ª ponta: Chokmah
3ª ponta: Binah
_Segundo Triangulo, com o vértice para baixo:
4ª ponta: Chesed
5ª ponta: Geburah
6ª ponta: Tiphereth
_Terceiro Triangulo, com o vértice para baixo:
7ª ponta: Netzach
8ª ponta: Hod
9ª ponta: Yesod
10ª ponta: Malkuth
Declara o ‘Sepher Yezirah’: “A década oriunda do ‘nada’ compõe-se das seguintes dez infinidades:
1. O infinito do principio;
2. O infinito do fim;
3. O infinito do bem;
4. O infinito do mal;
5. O infinito da altura;
6. O infinito de profundidade;
7. O infinito do Leste;
8. O infinito do Oeste;
9. O infinito do Norte;
10.O infinito do Sul.
“Deus decretou e criou as três matizes e’, n, /c, combinou-as, ponderou-as e as modificou, e com estas três matizes, formou no mundo, no ano, e no homem, macho e fêmea.”
O Sepher Yezirah pode assim ser classificado:
I. Os Sephiroth;
II. O alfabeto hebraico;
III.As três letras matizes;
IV. As sete letras duplas;
V. As doze letras simples
VI. Reapresentação do Tema.
Os Sephiroth e as infinidades correspondem-se da seguinte maneira:
1. Kether – Começo;
2. Malkhuth – Fim;
3. Chokmah – Bem;
4. Binah – Mal.
Os Sephiroth de construção correspondem a: Altura, Profundidade, Leste, Oeste, Norte, Sul.
As três matizes são: e’, n, /c, correspondem aos fonemas: a, m, ch. Estas letras são as matizes no universo, no ano, e no corpo humano. São como uma balança, com /c atuando sempre como o ponto de equilíbrio.
_N
No universo = água;
No ano = frio;
No homem = corpo.
_ /C
No universo = ar;
No ano = umidade;
No homem = coração.
- E’
No universo = fogo;
No ano = calor;
No homem = cabeça.
O segredo: “Deus é o Deus de todo o Universo, O começo, o meio, e o fim da Criação.”
As sete letras duplas, a exemplo das três matizes aplicam-se de 3 modos: ao universo, ao ano, ao homem:
ð No universo aplicam-se aos sete astros: Saturno, Júpiter, Marte, Sol, Vênus, Mercúrio, Lua, bem como às seis dimensões do espaço e ao Templo Sagrado.
ð No ano, constituem os sete dias da criação;
ð No homem: 2 olhos, 2 ouvidos, 2 narinas e a boca.
O principal fim das 7 letras duplas é simbolizar as oposições que se manifestam na vida: Sabedoria/Nescidade; Riqueza/Pobreza; Fetilidade/Esterilidade; Vida/Morte; Domínio/Escravidão; Paz/Guerra; Beleza/Fealdade.
As doze letras representam as 12 direções obliquas do espaço e, também, simbolizam as funções de falar, pensar, caminhar, ver, ouvir, agir, copular, cheirar, dormir, irritar-se, engolir e rir.
No Universo, elas formas os doze signos do zodíaco: Áries, touro, gêmeos, câncer, leão, virgem, libra, escorpião, sagitário, capricórnio, aquário, peixes.
No ano são os 12 meses hebraicos: nissam [março/abril], iyar [abril/maio], Sivan [maio/junho], tamus [junho/julho], as [julho]agosto], eleil [agosto/setembro], tishri [setembro/outubro], marcheshvan [outubro/novembro], kislev [novembro/dezembro], teves [dezsembro/janeiro], schwat [janeiro/fevereiro], adar [fevereiro/março].
No homem, representam as partes principais do corpo, 2 pés, 2 duas mãos, dois rins, o intestino delgado, o estomago, a vesicula biliar, o esofago, o fígado e o baço.
SUMÁRIO:
Portanto, a Cabala trata da natureza da Divindade, do processo da Criação, da questão do bem e do mal, enfim, de todas as questões teológicas e filosóficas fundamentais.
Tanto o Zoar quanto o Sepher Yezirah começam pela Criação, ampliando pormenorizadamente o relato do Gênesis.
O Rig-Veda, dos hindus, expõe idéias consonantes com a Bíblia Cristã e as obras cabalísticas.
A base do pensamento cabalístico repousa na explanação de que a Criação consiste em uma série de emanações ou concentrações de energia divina.
Como Abraão compreendeu a grande verdade do caráter trino da Criação, através do pensamento, palavra e ação, Deus celebrou com ele uma aliança espiritual e física, pela qual o universo e o homem pudessem ser preservados.
O homem só se pode aperceber do reino divino pelo contato com seu correspondente tangível, visível e finito, denominado Natureza. Esta, conforme o pensamento cabalístico, compõe-se, não somente de dimensões do espaço, com seus pontos intermediários, mas, também das antíteses da vida que são introduzidas por meio de várias ações ou funções características do homem.
COMENTÁRIO ESPECIAL
A frase, “Ele é um acima de três, três estão acima de sete, sete estão acima de doze, e todos estão ligados”, é uma expressão sumária. Encerra, sinteticamente, todo o tema da Cabala. É a chave que pode abrir as portas de seus significados ocultos, se corretamente usada.
Essa frase delineia o esquema ou plano da Cabala e é suficiente para recordar suas divisões especiais. Nas palavras, “Ele é um acima de três”, lembra que Deus transcende nossa capacidade de análise; Ele é Absoluto, o Infinito, a fonte, o ponto de emanação de tudo o que se segue. Na Tabela dos números divinos, Ele é a Unidade que se situa acima, ou por trás de todos os números, e a todos inclui. Para além das fronteiras de nossa limitada capacidade de concepção, encontra-se o Uno ilimitado, que só podemos apreender dentro daquelas fronteiras aquém do três, que representa Sua criação imediata.
Que representa esse três? Representa os aspectos do Infinito, do Ser que não podemos apreender com nossas faculdades objetivas. Trata-se dos aspectos transcendentes de Sua natureza, que formam uma Trindade; Coroa, Sabedoria, e Inteligência. Este divino triangulo ilustra como o Ser Infinito, que é invisível, intangível e imutável, incute-se de maneira visível, tangível e mutável, nos sentidos do homem. Ele persiste como o Sacratíssimo, no âmbito intelectual ou mental, em que Deus pode ser apreendido mais ou menos à maneira da harmonização de Moises, com Ele, na Montanha. Representa, também, o campo do espaço sideral onde se movem três astros de oitava superior, Netuno, Urano, e Plutão, ou Vulcano (?), cuja influencia se faria sentir somente quando a humanidade tivesse atingido um estagio superior de evolução.
Não devemos esquecer que essa trindade se refere às três letras matizes do hebraico, as quais são os três elementos que os antigos consideraram primordiais: ar, água e fogo. Era natural, portanto, que os filósofos gregos se preocupassem em descobrir qual deles era o primeiro. E muito mais relevante se torna a doutrina de Pitágoras (que, segundo afirmam alguns teria sido um estudioso da Cabala), de que, no começo, tudo era numero e proporção.
“Três estão acima de sete.” Os Sagrados Sephiroth Superiores, que constituem o Mundo Superior, ou a Trindade Superior, transcendem as dimensões do espaço e a própria Terra. Situam-se anteriormente aos dias da Criação, aos astros que influenciam toda vida terrena.
Não obstante, esses sete elementos são também Sephiroth e, por conseguinte, aspectos da Divindade. São eles: Misericórdia, Fortaleza, Beleza, Vitória, Gloria (ou Esplendor), Estabilidade (ou Base), e Reino. Como “dias”, Sephiroth, ou astros, são capazes de poderes e influencias incalculáveis, pois regem também as letras duplas do hebraico, que expressam as oposições da vida.
“Sete estão acima de doze” significa que as dimensões do espaço representam ponto oblíquos que alteram sua força, assim como a escala musical tem sustenidos e bemóis que modificam os tons.
Sendo os doze elementos as letras simples do hebraico, ilustram a expansão e a universalidade do esquema da Criação. Variando os aspectos fundamentais dos sete elementos, como o fazem, e emprestando-lhes cor e nuança, esses doze elementos proporcionam perspectiva suficiente para o pensamento criativo se expandir em qualquer direção, sem quebrar a unidade em que ‘todos estão ligados’.
Foi Eliphas Levi quem caracterizou a Cabala como “uma filosofia simples como o alfabeto, profunda e infinita como a Palavra; teoremas mais perfeitos e lúcidos do que os de Pitágoras; uma teologia extremamente sintética; um infinito que cabe na mão de uma criança.” Isto está realmente bem expresso e descreve exatamente o sistema que vemos sintetizado naquela frase do Sepher Yezirah. A inteligência versada na estrutura da Cabala pode perscrutar números e letras para desvendar filosofia, ou, partindo de correspondências indicadas, descobrir fatos do universo, do ano e do homem.
Outrossim, o cabalista pode, a partir de uma única letra hebraica, escrever um ensaio metafísico, ou, a partir de uma só palavra desvendar um segredo da Natureza, como a relação intrínseca formulada em numero, na palavra escrita e na palavra falada. Cada partícula é um elo de uma cadeia pela qual o universo é unificado, explicado, e se revela como manifestação do Infinito. Num vaivém entre o todo e suas partes, as lançadeiras da mente podem tecer-lhe uma veste de verdade, a partir dos elementos disponíveis: apenas os multicores fios da delicada teia da verdade e o tecelão. E o cabalista assim procede unificado com Deus, na harmonia de intenso silencio e profunda meditação.
Isto é realmente impressionante. Por mais que se expanda o padrão e por mais intricado que seja o tecido, o fio é sempre divino e a veste bela e infinita. Há profundeza e riqueza na poesia e na filosofia das coisas singelas que fazem crescer a admiração de como elas foram criadas. É só começar com qualquer fio e amarrá-lo ao seguinte, para, ante a inteligência maravilhada, o infinito despontar e acenar do alto. É suficiente extinguir a duvida e a descrença ao seu primeiro alento, e deixar o buscador com todo o seu ser vibrando na expectativa do que poderá emergir quando seus dedos mentais tiverem amarrado fios suficientes para revelarem claramente o padrão, de modo que ele possa percebê-lo como a própria Divindade o deve perceber.
“Alguns homens”, escreveu Moisés Maimonides, “lutam pela riqueza; outros gostariam de ser fortes e sadios; outros, ainda, almejam fama e glória. Mas os sábios aplicam seu coração à sabedoria, a fim de que, sabendo, possam compreender o propósito da vida e conduzir seu destino, antes que advenham as trevas.”
A mente inquiridora e o espírito buscador arremessam-se à frente com renovada esperança; e a confusão e a conturbação cedem lugar à paz. A vã pesquisa entre as coisas exteriores é abandonada e toda a energia do buscador é dirigida para o seu próprio âmago, a fim de que sua sagrada e inata herança, por tanto tempo negada, possa novamente ser reclamada, completa e em toda sua beleza, pois, agora, a Chave Secreta há tanto tempo oculta ao homem, resplandece como um farol nas trevas da noite. “Ele é uma acima de três, três estão acima de sete, sete estão acima de doze, e todos estão ligados!”
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[Fontes: A Cabala Desvendada, Titulo Original: Kabala Unveiled, por Temporator Escriba, 3ª Edição, Agosto/1996, Biblioteca Rozacruz. E, Arcanos_ Manual ed Ocultismo_Sepharial, por Francisco Alves]