Todas as sociedades de todas as culturas sempre tiveram por objetivo a consecução dum estado de harmonia, isto é, tentam elas fazer prevalecer a ‘paz’. Não obstante, muitas vezes a interpretação daquilo em que consistiria a paz é contrária à verdadeira natureza da paz. Essa paz tem sido entendida como a supremacia sobre outros povos por meio de conquista, supressão e restrição de liberdade. A História revela que essas coisas foram impostas a povos para que se adquirisse uma ‘suposta paz’.
Como tivemos oportunidade de afirmar em outra ocasião, a ‘paz não é uma coisa em si mesma’. Antes, é uma condição que decorre da remoção de certas irritações ou sofrimentos. Por isso, precisamos buscar a paz eliminando antes aquilo que nos perturba fisicamente, mental ou psicologicamente. O conseqüente estado de passividade é caracterizado pelo indivíduo ou pela sociedade com de ‘paz’.
A necessidade de mantermos a paz é o tópico dominante da atualidade, quando o potencial da guerra nuclear e o terrorismo paira sobre a civilização como a espada mítica de Dâmocles. Mas há outros obstáculos à paz. A iminência desses obstáculos não é tão evidente quanto a guerra nuclear, mas seus efeitos são igualmente devastadores para a humanidade.
Consideremos algumas dessas ameaças, que são, francamente, aspectos ‘negativos’.Na verdade, porém, só sabemos que certa coisa é positiva, por termos vivenciado o que parece seu oposto.
Aos poucos, o homem toma consciência de que a quantidade de ‘água’ está diminuindo no mundo inteiro. A gradativa diminuição da água do planeta não é um fenômeno recente. Os geólogos e os cientistas em campos correlatos determinaram que o deserto do Saara, por exemplo, era bastante arborizado na era geológica passada. Descobriram-se também aí fósseis marinhos. Em épocas mais recentes, os romanos usaram partes do Saara como celeiros.
O AVANÇO DOS DESERTOS
Os desertos do mundo inteiro estão gradativamente avançando por sobre regiões férteis. Não há chuvas nem acúmulo de água suficientes para recuperar as crescentes regiões áridas. Embora algumas civilizações antigas tenham sabido cultivar suas terras com menos água e nutri-las com fertilizantes, outras não o souberam. Quando o solo duma região ficava exaurido, as tribos se mudavam para outra região mais fértil, que, por sua vez, tornava-se exaurida.
Com as escassez da chuva em vários países, o bombeamento da água do subsolo em pouco tempo exauriu os lençóis d’água. Aliás, em certas regiões de baixa altitude próximas ao mar, o bombeamento trouxe água salgada aos lençóis subterrâneos, prejudicando a fertilidade do solo.
Séculos atrás, havia regiões virgens esperando os intrépidos pioneiros. Essas regiões não mais estão por ser descobertas. Pelo grande crescimento populacional, sua necessidade de água não pode ser facilmente suprida.
As ‘indústrias’ são grandes consumidoras de água. Fábricas de papel, siderúrgicas e industrias químicas são apenas alguns exemplos. Os meios de comunicação freqüentemente denunciam a indiferente e negligente poluição dos rios e lagos, forçando seu desuso. Parece que os indivíduos quem se enriquecem com essas indústrias e que são responsáveis pela poluição não compreendem que seus próprios filhos podem se tornar vitimas de suas perversidades.
Observamos nas grandes cidades do mundo um tráfego cada vez maior de automóveis e sua crescente poluição do ar. Como exemplo, em cidades como Nova Iorque, Londres, Los Angeles, Paris e Tóquio, milhões de pessoas, a caminho do trabalho, são obrigadas a inalar ar impuro. E isso contribui para doenças respiratórias e outras.
A ‘urbanização’ cresce aceleradamente na maioria das nações do mundo, e isso decorre de duas causas básicas. A ‘primeira’ é a impossibilidade de os pequenos agricultores viverem de sua própria produção. Grandes corporações compram regiões cultiváveis e mecanizam a agricultura. Menos mão-de-obra se faz necessária, e, como resultado, muitos inexperientes homens do campo afluem às cidades procurando emprego.
A ‘segunda’ causa da galopante urbanização é o maior atrativo de se viver numa cidade grande e a assistência social disponível nesses centros urbanos. Muitos homens do campo abandonam intencionalmente as áreas rurais por causa da possibilidade de encontrarem trabalho menos árduo nas cidades.
Essas pessoas vêem-se obrigadas, pelas circunstâncias por que passam, a viver em favelas. Alguns indivíduos conseguem superar os obstáculos, mas muitos desafortunados recorrem ao crime para sobreviver, e as áreas infestadas transformam-se em centros de doença e núcleos cada vez maiores de discórdia e violência.
A BOMBA-RELÓGIO POPULACIONAL
A ‘população’ é outro problema de nossa época, em sua explosiva aceleração. Intencionalmente, existe pouco estímulo ao controle de natalidade ou contracepção. As estatísticas demográficas revelam que em fins deste século a população mundial terá aumentado em ‘muitos milhões!’A menos que a produção de alimentos seja aumentada, esses seres humanos enfrentarão fome e inanição.
Mesmo hoje, estatísticas revelam que alguns grandes centros populacionais têm escassez de alimentos. Afirma-se que os grandes armazéns que distribuem ao mercado varejista m cidades como Nova Iorque, por exemplo, precisam se reabastecer a cada quarenta e oito horas – tal a sua demanda! É óbvio o que ocorreria se o reabastecimento fosse retardado por uma única semana.
Os Estados Unidos da América são um dos maiores exportadores de alimentos do mundo. [O Brasil já é o terceiro maior exportador agrícola do mundo – Apenas os EUA e EU vendem mais alimentos no Planeta que os agricultores e pecuaristas brasileiros_06.03.2010_Jornal o Estadão]. Mas a ‘urbanização’ está escasseando essa fonte de recursos em certos itens essenciais.
Que se pode fazer sobre a explosão demográfica? Impor-se limitação nos nascimentos, restringindo-se assim o crescimento populacional? Essa não é apenas uma questão erística, mas volátil também. É uma questão que hoje é considerada mais emocionalmente que racionalmente. A hagiografia das grandes religiões defendem a fecundidade da vida humana – transformando-a numa ‘obrigação moral’ por parte do homem. As religiões citam suas escrituras sagradas e seus decretos teológicos, que dizem que o homem deve se multiplicar. Considera-se sacrilégio proscrever essa tradição.
Os decretos que defendem famílias mais numerosas foram em grande parte produto dum período em que o aumento populacional era necessário a objetivos religiosos e nacionalistas. Esse crescimento, porém, não mais é benéfico à humanidade e à sociedade, mas uma crescente ameaça à nossa sobrevivência.
Devemos considerar com mente aberta esses problemas. Devemos individualmente alertar sobre seu perigo para o futuro imediato da humanidade. Se não quisermos fazer isso como indivíduos, devemos pelo menos apoiar as organizações que têm os meios e coragem de fazê-lo. Mas defender o que é certo e melhor para o homem sempre requereu ‘coragem’. O radical alcance da oposição à correção de um desses problemas veio à baila na imprensa: o surgimento de clínicas de controle da natalidade em muitas cidades dos Estados Unidos.
Se o intenso interesse pelo computador e a tecnologia eletrônica é um exemplo de uma era esclarecida, não a inibamos recusando-nos a examinar os costumes e tradições que estorvam esse antevisto futuro!
Devemos lutar contra as trevas tradicionais. Rendamos nosso apoio mental e prático, legal e ético, àqueles que buscam remover a venda que cega o homem à realidade do futuro. Analisemos o que ordinária habitualmente aceitamos como costumes e tradições, compreendendo seu verdadeiro valor para a humanidade. O que possui valor duradouro não deve ficar restrito ao próprio passado, mas revelar-se de igual valor para o futuro.
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[Texto do Imperator]
10 de abr. de 2010
A Humanidade na Encruzilhada
Dois Encontros com a Morte
NA NOITE EM QUE EU MORRI...Eu tinha apenas cinco anos de idade. Estivera doente dos pulmões desde o dia em que nasci. Nos três dias anteriores à minha morte eu estivera sofrendo de crupe. Eu dormia num berço, a um canto do quarto de meus pais, porque era muito doente e pequeno para a minha idade. Ali meus pais podiam velar por mim. Meus irmãos e irmãs caçoavam comigo, pois eles tinham seus próprios quartos.
Na noite em que morri, tinha tomado remédios e fora posto bem cedo na cama. Quase que imediatamente caí no sono. A próxima coisa de que eu me lembro foi que as luzes do quarto estavam acesas. Meu pai, de pijama, tinha meu corpinho em seus braços, enquanto eu flutuava acima dele olhando a cena.
“Meu Deus! Irene, ele está morto,” meu pai gritou. “Ele não está respirando. Eu gostaria que o Dr James viesse aqui. Ele disse que viria imediatamente.”
“Que é que vamos fazer?” exclamou minha mãe. Ela estava muito nervosa e em pratos. Meu pai suavemente colocou meu corpo na cama e voltou-se para consolá-la.
Agora eu não estava mais no quarto, nem em qualquer lugar que já tivesse estado antes. Flutuava num grande corredor ou túnel escuro. O túnel não tinha qualquer ligação com a casa ou a realidade, mas assim mesmo ainda podia ouvir meus pais chorando e falando de modo tão claro como se estivessem atrás de mim. Eu flutuava num movimento circular ou de espiral cada vez mais rápido.
“Não chore, Irene”, soluçou meu pai. “Foi melhor assim. O pequeno Billy era doente, e tinha um só pulmão quando nasceu, e era uma criança muito triste. Se não fossem os médicos ele teria morrido quando nasceu. Aconteceu o que tinha de acontecer. Ele sempre foi doentinho. Assim o nosso filhinho não vai mas sofrer. Foi bem melhor assim.”
Agora era o meu pai que chorava e minha mãe tentava consolá-lo. Eu podia ouvir o que eles estavam falando, enquanto eu ia em movimentos circulares através do túnel, em direção a uma luz na extremidade oposta.
Então tudo parou. Nada ouvi. Nada vi. Nada senti.
Meu corpo jazia na cama de meus pais. O Dr. James examinou-me e confirmou que eu estava realmente morto. Colocou meu corpo numa estranha posição sobre o travesseiro e, preocupando-se com os vivos, procurou consolar meus pais que ainda choravam. Foi então que os três ouviram um estranho gorgolejo vindo de minha garganta. O Dr. James imediatamente agarrou meu corpo pelos pés e começou a bater nas minhas costas, tentando expelir o muco.
O ar penetrou nos meus pulmões, restaurando a vida ao meu corpo. Eu me vi segurado de cabeça para baixo pelo médico, e comecei a chorar. O médico colocou-me de cabeça para cima e apertou-me em seus braços. Eu estava vivo.
O DIA EM QUE EU MORRI
Eu estava no centro de fisioterapia de um grande hospital. Agora com quarenta e seis anos de idade, estivera hospitalizado por muitos meses. Uma longa série de operações tinha sido completada em meu corpo deformado. Como conseqüência de estar com os músculos inativos por tanto tempo, eu perdera a capacidade de caminhar e de ficar ereto. Eu não podia sentar-me, caminhar ou ficar em pé. Meu abdômen estava envolvido por um tubo de gesso.
Agora eu lutava, tentando desesperadamente andar outra vez. Uma vez mais eu me encontrava em tratamento de fisioterapia. Tom, o meu terapeuta, levantou a mesa de elevação num ângulo de setenta e cinco graus. A cada dia Tom levantava a mesa alguns graus a mais. Naquele dia, Tom deixou-me ali dizendo: “Se você começar a sentir tontura, chame uma das terapeutas. Eu estarei de volta em quinze minutos”.
Com satisfação eu observava o trabalho das terapeutas, Nancy e Linda. Elas brincavam com algumas crianças, dando-lhes o tratamento de fisioterapia. Eram muito amáveis e gentis para com os pequenos. Enquanto eu observava, os minutos se passaram – dez minutos – e então senti tontura. O relógio ficou nublado. Gritei pedindo ajuda a Nancy e Linda.
Eu estava colhendo flores. Podia ver e ouvir, mas não sentia dor. Estava num estado d absoluto contentamento. Caminhava colhendo flores azuis, brancas e rosas, num jardim brilhante e belo. As flores eram perfeitas, sem o mínimo sinal de doença ou picada de insetos. Eram muito mais belas que qualquer flor da terra, e sua beleza me fez sentir júbilo.
Enquanto caminhava pelo campo, rumei para uma luz que brilhava no horizonte. A luz era esplendorosa como o Sol, mas não queimava nem incomodava meus olhos ao fitá-la. Continuei colhendo flores e caminhando em direção à luz.
Eu podia ouvir duas vozes que vinham de dentro daquela luz. Podia ouvir minha mãe chamando, “Venha Billy, venha aqui comigo. Venha aqui Billy”.
Eu tinha consciência de que a voz de minha mãe era a voz de uma mulher jovem e bela. Era a voz da mãe que eu conhecera em menino;não a da senhora que morrera havia dez anos. Mas não havia dúvidas de que era a voz de minha mãe. Numa voz jovem musical ela continuava a me chamar – “Venha Billy, venha aqui comigo.”
Oh, como eu quis ir com minha mãe, estar ao seu lado! Como eu queria ir até ela!
A outra voz que eu ouvia era a de um homem. Ninguém que eu conhecesse. A voz do homem dizia, “Colha algumas flores para sua mãe. Lembre-se de que ela gosta de flores rosas e azuis. Colha algumas flores para ela”.
Embora um homem feito, eu era então como uma criança de havia muitos anos. Eu colhia belíssimas flores para minha mãe enquanto caminhava em direção à luz e às vozes. Eu continuava repetindo para mim mesmo o que o homem continuava dizendo, “mamãe gosta de flores azuis e rosas, azuis e rosas”.
“Venha aqui comigo, Billy. Venha aqui.”
Então a voz do homem perguntou, “Você não quer ir com sua mãe?”
“Sim, eu quero ir com a minha mãe”, respondi. “Mas eles não vão me deixar ir. Eles não vão me deixar ir! Por favor, deixem-me ir com minha mãe!” implorei.
Tão rapidamente quanto um acender ou apagar de luzes, vi-me deitado no chão. Eu estava extremamente bravo. Sim, estava furioso porque eles não me deixaram ir com a minha mãe. Tentei soltar minha mão da mão da enfermeira, que checava o meu pulso. Ah, quanta raiva senti daquela gente!
Então tomei consciência da situação. Um médico suspirou:”Graças a Deus! Ele não está morto. Ele está vivo!”
A enfermeira que checava o meu pulso falou aos dois homens que seguravam os tanques de oxigênio: “Ele acaba de voltar a si”.
Naquele momento eu já não sentia mais raiva, pois perceba em que lugar me encontrava. Estava deitado no assoalho, cercado pelos médicos e enfermeiras da equipe de emergência ou de salva-vidas do hospital. Toda a equipe de fisioterapia ali estava olhando a cena com temor. Eu tinha me soltado da mesa de elevação e caíra no solo. Desde que eu gritara pedindo ajuda não sentia nada que estivesse sendo feito no meu corpo. Meus pés e mãos estavam frios. Eu tremia.
Agora Tom e a equipe de terapia falavam todos ao mesmo tempo,com vozes excitadas e aliviadas.
UM dos médicos, que parecia comandar a situação, gritou ao operador do painel de controle: “Cancele a chamada geral. Conseguimos reanimá-lo”.
Alguns dos rapazes ajudaram Tom a retirar o enorme pedaço de gesso recolocando-me no carrinho. Os terapeutas continuavam a me pergunta ao mesmo tempo:”Como você se sente? Está tudo bem?”
Tom disse: “Você nos pregou um susto. Você tinha desmaiado e nós não conseguíamos trazê-lo de volta. Sua pressão tinha baixado além do limite. Tivemos certeza de que tínhamos perdido você. Por favor não faça mais isso que você me mata de susto”.
Na verdade eu não tenho medo de morrer. Esses dois encontros com a morte mostraram-me que a vida continua depois da ‘morte’ física. O Eu interior – a alma do homem – liberta-se para vivenciar outro reino, outro plano da Existência.
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[Texto Bill James Cook]
Na noite em que morri, tinha tomado remédios e fora posto bem cedo na cama. Quase que imediatamente caí no sono. A próxima coisa de que eu me lembro foi que as luzes do quarto estavam acesas. Meu pai, de pijama, tinha meu corpinho em seus braços, enquanto eu flutuava acima dele olhando a cena.
“Meu Deus! Irene, ele está morto,” meu pai gritou. “Ele não está respirando. Eu gostaria que o Dr James viesse aqui. Ele disse que viria imediatamente.”
“Que é que vamos fazer?” exclamou minha mãe. Ela estava muito nervosa e em pratos. Meu pai suavemente colocou meu corpo na cama e voltou-se para consolá-la.
Agora eu não estava mais no quarto, nem em qualquer lugar que já tivesse estado antes. Flutuava num grande corredor ou túnel escuro. O túnel não tinha qualquer ligação com a casa ou a realidade, mas assim mesmo ainda podia ouvir meus pais chorando e falando de modo tão claro como se estivessem atrás de mim. Eu flutuava num movimento circular ou de espiral cada vez mais rápido.
“Não chore, Irene”, soluçou meu pai. “Foi melhor assim. O pequeno Billy era doente, e tinha um só pulmão quando nasceu, e era uma criança muito triste. Se não fossem os médicos ele teria morrido quando nasceu. Aconteceu o que tinha de acontecer. Ele sempre foi doentinho. Assim o nosso filhinho não vai mas sofrer. Foi bem melhor assim.”
Agora era o meu pai que chorava e minha mãe tentava consolá-lo. Eu podia ouvir o que eles estavam falando, enquanto eu ia em movimentos circulares através do túnel, em direção a uma luz na extremidade oposta.
Então tudo parou. Nada ouvi. Nada vi. Nada senti.
Meu corpo jazia na cama de meus pais. O Dr. James examinou-me e confirmou que eu estava realmente morto. Colocou meu corpo numa estranha posição sobre o travesseiro e, preocupando-se com os vivos, procurou consolar meus pais que ainda choravam. Foi então que os três ouviram um estranho gorgolejo vindo de minha garganta. O Dr. James imediatamente agarrou meu corpo pelos pés e começou a bater nas minhas costas, tentando expelir o muco.
O ar penetrou nos meus pulmões, restaurando a vida ao meu corpo. Eu me vi segurado de cabeça para baixo pelo médico, e comecei a chorar. O médico colocou-me de cabeça para cima e apertou-me em seus braços. Eu estava vivo.
O DIA EM QUE EU MORRI
Eu estava no centro de fisioterapia de um grande hospital. Agora com quarenta e seis anos de idade, estivera hospitalizado por muitos meses. Uma longa série de operações tinha sido completada em meu corpo deformado. Como conseqüência de estar com os músculos inativos por tanto tempo, eu perdera a capacidade de caminhar e de ficar ereto. Eu não podia sentar-me, caminhar ou ficar em pé. Meu abdômen estava envolvido por um tubo de gesso.
Agora eu lutava, tentando desesperadamente andar outra vez. Uma vez mais eu me encontrava em tratamento de fisioterapia. Tom, o meu terapeuta, levantou a mesa de elevação num ângulo de setenta e cinco graus. A cada dia Tom levantava a mesa alguns graus a mais. Naquele dia, Tom deixou-me ali dizendo: “Se você começar a sentir tontura, chame uma das terapeutas. Eu estarei de volta em quinze minutos”.
Com satisfação eu observava o trabalho das terapeutas, Nancy e Linda. Elas brincavam com algumas crianças, dando-lhes o tratamento de fisioterapia. Eram muito amáveis e gentis para com os pequenos. Enquanto eu observava, os minutos se passaram – dez minutos – e então senti tontura. O relógio ficou nublado. Gritei pedindo ajuda a Nancy e Linda.
Eu estava colhendo flores. Podia ver e ouvir, mas não sentia dor. Estava num estado d absoluto contentamento. Caminhava colhendo flores azuis, brancas e rosas, num jardim brilhante e belo. As flores eram perfeitas, sem o mínimo sinal de doença ou picada de insetos. Eram muito mais belas que qualquer flor da terra, e sua beleza me fez sentir júbilo.
Enquanto caminhava pelo campo, rumei para uma luz que brilhava no horizonte. A luz era esplendorosa como o Sol, mas não queimava nem incomodava meus olhos ao fitá-la. Continuei colhendo flores e caminhando em direção à luz.
Eu podia ouvir duas vozes que vinham de dentro daquela luz. Podia ouvir minha mãe chamando, “Venha Billy, venha aqui comigo. Venha aqui Billy”.
Eu tinha consciência de que a voz de minha mãe era a voz de uma mulher jovem e bela. Era a voz da mãe que eu conhecera em menino;não a da senhora que morrera havia dez anos. Mas não havia dúvidas de que era a voz de minha mãe. Numa voz jovem musical ela continuava a me chamar – “Venha Billy, venha aqui comigo.”
Oh, como eu quis ir com minha mãe, estar ao seu lado! Como eu queria ir até ela!
A outra voz que eu ouvia era a de um homem. Ninguém que eu conhecesse. A voz do homem dizia, “Colha algumas flores para sua mãe. Lembre-se de que ela gosta de flores rosas e azuis. Colha algumas flores para ela”.
Embora um homem feito, eu era então como uma criança de havia muitos anos. Eu colhia belíssimas flores para minha mãe enquanto caminhava em direção à luz e às vozes. Eu continuava repetindo para mim mesmo o que o homem continuava dizendo, “mamãe gosta de flores azuis e rosas, azuis e rosas”.
“Venha aqui comigo, Billy. Venha aqui.”
Então a voz do homem perguntou, “Você não quer ir com sua mãe?”
“Sim, eu quero ir com a minha mãe”, respondi. “Mas eles não vão me deixar ir. Eles não vão me deixar ir! Por favor, deixem-me ir com minha mãe!” implorei.
Tão rapidamente quanto um acender ou apagar de luzes, vi-me deitado no chão. Eu estava extremamente bravo. Sim, estava furioso porque eles não me deixaram ir com a minha mãe. Tentei soltar minha mão da mão da enfermeira, que checava o meu pulso. Ah, quanta raiva senti daquela gente!
Então tomei consciência da situação. Um médico suspirou:”Graças a Deus! Ele não está morto. Ele está vivo!”
A enfermeira que checava o meu pulso falou aos dois homens que seguravam os tanques de oxigênio: “Ele acaba de voltar a si”.
Naquele momento eu já não sentia mais raiva, pois perceba em que lugar me encontrava. Estava deitado no assoalho, cercado pelos médicos e enfermeiras da equipe de emergência ou de salva-vidas do hospital. Toda a equipe de fisioterapia ali estava olhando a cena com temor. Eu tinha me soltado da mesa de elevação e caíra no solo. Desde que eu gritara pedindo ajuda não sentia nada que estivesse sendo feito no meu corpo. Meus pés e mãos estavam frios. Eu tremia.
Agora Tom e a equipe de terapia falavam todos ao mesmo tempo,com vozes excitadas e aliviadas.
UM dos médicos, que parecia comandar a situação, gritou ao operador do painel de controle: “Cancele a chamada geral. Conseguimos reanimá-lo”.
Alguns dos rapazes ajudaram Tom a retirar o enorme pedaço de gesso recolocando-me no carrinho. Os terapeutas continuavam a me pergunta ao mesmo tempo:”Como você se sente? Está tudo bem?”
Tom disse: “Você nos pregou um susto. Você tinha desmaiado e nós não conseguíamos trazê-lo de volta. Sua pressão tinha baixado além do limite. Tivemos certeza de que tínhamos perdido você. Por favor não faça mais isso que você me mata de susto”.
Na verdade eu não tenho medo de morrer. Esses dois encontros com a morte mostraram-me que a vida continua depois da ‘morte’ física. O Eu interior – a alma do homem – liberta-se para vivenciar outro reino, outro plano da Existência.
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