10 de abr. de 2010

A Humanidade na Encruzilhada


Todas as sociedades de todas as culturas sempre tiveram por objetivo a consecução dum estado de harmonia, isto é, tentam elas fazer prevalecer a ‘paz’. Não obstante, muitas vezes a interpretação daquilo em que consistiria a paz é contrária à verdadeira natureza da paz. Essa paz tem sido entendida como a supremacia sobre outros povos por meio de conquista, supressão e restrição de liberdade. A História revela que essas coisas foram impostas a povos para que se adquirisse uma ‘suposta paz’.

Como tivemos oportunidade de afirmar em outra ocasião, a ‘paz não é uma coisa em si mesma’. Antes, é uma condição que decorre da remoção de certas irritações ou sofrimentos. Por isso, precisamos buscar a paz eliminando antes aquilo que nos perturba fisicamente, mental ou psicologicamente. O conseqüente estado de passividade é caracterizado pelo indivíduo ou pela sociedade com de ‘paz’.

A necessidade de mantermos a paz é o tópico dominante da atualidade, quando o potencial da guerra nuclear e o terrorismo paira sobre a civilização como a espada mítica de Dâmocles. Mas há outros obstáculos à paz. A iminência desses obstáculos não é tão evidente quanto a guerra nuclear, mas seus efeitos são igualmente devastadores para a humanidade.

Consideremos algumas dessas ameaças, que são, francamente, aspectos ‘negativos’.Na verdade, porém, só sabemos que certa coisa é positiva, por termos vivenciado o que parece seu oposto.

Aos poucos, o homem toma consciência de que a quantidade de ‘água’ está diminuindo no mundo inteiro. A gradativa diminuição da água do planeta não é um fenômeno recente. Os geólogos e os cientistas em campos correlatos determinaram que o deserto do Saara, por exemplo, era bastante arborizado na era geológica passada. Descobriram-se também aí fósseis marinhos. Em épocas mais recentes, os romanos usaram partes do Saara como celeiros.

O AVANÇO DOS DESERTOS
Os desertos do mundo inteiro estão gradativamente avançando por sobre regiões férteis. Não há chuvas nem acúmulo de água suficientes para recuperar as crescentes regiões áridas. Embora algumas civilizações antigas tenham sabido cultivar suas terras com menos água e nutri-las com fertilizantes, outras não o souberam. Quando o solo duma região ficava exaurido, as tribos se mudavam para outra região mais fértil, que, por sua vez, tornava-se exaurida.

Com as escassez da chuva em vários países, o bombeamento da água do subsolo em pouco tempo exauriu os lençóis d’água. Aliás, em certas regiões de baixa altitude próximas ao mar, o bombeamento trouxe água salgada aos lençóis subterrâneos, prejudicando a fertilidade do solo.

Séculos atrás, havia regiões virgens esperando os intrépidos pioneiros. Essas regiões não mais estão por ser descobertas. Pelo grande crescimento populacional, sua necessidade de água não pode ser facilmente suprida.

As ‘indústrias’ são grandes consumidoras de água. Fábricas de papel, siderúrgicas e industrias químicas são apenas alguns exemplos. Os meios de comunicação freqüentemente denunciam a indiferente e negligente poluição dos rios e lagos, forçando seu desuso. Parece que os indivíduos quem se enriquecem com essas indústrias e que são responsáveis pela poluição não compreendem que seus próprios filhos podem se tornar vitimas de suas perversidades.

Observamos nas grandes cidades do mundo um tráfego cada vez maior de automóveis e sua crescente poluição do ar. Como exemplo, em cidades como Nova Iorque, Londres, Los Angeles, Paris e Tóquio, milhões de pessoas, a caminho do trabalho, são obrigadas a inalar ar impuro. E isso contribui para doenças respiratórias e outras.

A ‘urbanização’ cresce aceleradamente na maioria das nações do mundo, e isso decorre de duas causas básicas. A ‘primeira’ é a impossibilidade de os pequenos agricultores viverem de sua própria produção. Grandes corporações compram regiões cultiváveis e mecanizam a agricultura. Menos mão-de-obra se faz necessária, e, como resultado, muitos inexperientes homens do campo afluem às cidades procurando emprego.

A ‘segunda’ causa da galopante urbanização é o maior atrativo de se viver numa cidade grande e a assistência social disponível nesses centros urbanos. Muitos homens do campo abandonam intencionalmente as áreas rurais por causa da possibilidade de encontrarem trabalho menos árduo nas cidades.

Essas pessoas vêem-se obrigadas, pelas circunstâncias por que passam, a viver em favelas. Alguns indivíduos conseguem superar os obstáculos, mas muitos desafortunados recorrem ao crime para sobreviver, e as áreas infestadas transformam-se em centros de doença e núcleos cada vez maiores de discórdia e violência.

A BOMBA-RELÓGIO POPULACIONAL
A ‘população’ é outro problema de nossa época, em sua explosiva aceleração. Intencionalmente, existe pouco estímulo ao controle de natalidade ou contracepção. As estatísticas demográficas revelam que em fins deste século a população mundial terá aumentado em ‘muitos milhões!’A menos que a produção de alimentos seja aumentada, esses seres humanos enfrentarão fome e inanição.

Mesmo hoje, estatísticas revelam que alguns grandes centros populacionais têm escassez de alimentos. Afirma-se que os grandes armazéns que distribuem ao mercado varejista m cidades como Nova Iorque, por exemplo, precisam se reabastecer a cada quarenta e oito horas – tal a sua demanda! É óbvio o que ocorreria se o reabastecimento fosse retardado por uma única semana.

Os Estados Unidos da América são um dos maiores exportadores de alimentos do mundo. [O Brasil já é o terceiro maior exportador agrícola do mundo – Apenas os EUA e EU vendem mais alimentos no Planeta que os agricultores e pecuaristas brasileiros_06.03.2010_Jornal o Estadão]. Mas a ‘urbanização’ está escasseando essa fonte de recursos em certos itens essenciais.

Que se pode fazer sobre a explosão demográfica? Impor-se limitação nos nascimentos, restringindo-se assim o crescimento populacional? Essa não é apenas uma questão erística, mas volátil também. É uma questão que hoje é considerada mais emocionalmente que racionalmente. A hagiografia das grandes religiões defendem a fecundidade da vida humana – transformando-a numa ‘obrigação moral’ por parte do homem. As religiões citam suas escrituras sagradas e seus decretos teológicos, que dizem que o homem deve se multiplicar. Considera-se sacrilégio proscrever essa tradição.

Os decretos que defendem famílias mais numerosas foram em grande parte produto dum período em que o aumento populacional era necessário a objetivos religiosos e nacionalistas. Esse crescimento, porém, não mais é benéfico à humanidade e à sociedade, mas uma crescente ameaça à nossa sobrevivência.

Devemos considerar com mente aberta esses problemas. Devemos individualmente alertar sobre seu perigo para o futuro imediato da humanidade. Se não quisermos fazer isso como indivíduos, devemos pelo menos apoiar as organizações que têm os meios e coragem de fazê-lo. Mas defender o que é certo e melhor para o homem sempre requereu ‘coragem’. O radical alcance da oposição à correção de um desses problemas veio à baila na imprensa: o surgimento de clínicas de controle da natalidade em muitas cidades dos Estados Unidos.

Se o intenso interesse pelo computador e a tecnologia eletrônica é um exemplo de uma era esclarecida, não a inibamos recusando-nos a examinar os costumes e tradições que estorvam esse antevisto futuro!

Devemos lutar contra as trevas tradicionais. Rendamos nosso apoio mental e prático, legal e ético, àqueles que buscam remover a venda que cega o homem à realidade do futuro. Analisemos o que ordinária habitualmente aceitamos como costumes e tradições, compreendendo seu verdadeiro valor para a humanidade. O que possui valor duradouro não deve ficar restrito ao próprio passado, mas revelar-se de igual valor para o futuro.
-
[Texto do Imperator]

Nenhum comentário:

Postar um comentário