2 de fev. de 2010

A JORNADA DO PENSAMENTO À AÇÃO


Afirma-se que existem três tipos de pessoas:

ð as que perguntam o que está acontecendo;
ð as que perguntam de que modo está acontecendo, e;
ð as que fazem as coisas acontecer.


Os dois primeiros tipos são o mesmo no sentido de que essas pessoas têm pouquíssima consciência da vida – apenas fazem perguntas, não indo além disso. São curiosas, mas não agem, e ficam surpresas de como as coisas acontecem, porém param aí. Estão bem mais interessadas no nível material de vida, e por isso são limitadas em seus pensamentos.

As pessoas do terceiro tipo - as que ‘fazem’ as coisas acontecer – são mais interessadas. Saíram do nível da simples curiosidade, e buscam. Sabem como ‘perguntar’ e ‘responder’ e manifestar os resultados conforme seu nível de evolução.

Entre aquelas que fazem as coisas acontecer existem duas categorias:
ð a positiva,e;
ð a negativa.

A negativa orienta sua técnica no sentido de seus objetivos egoístas e ambiciosos. As pessoas da outra categoria, que se orientam no sentido do aspecto ‘positivo da vida’, conhecem a lei de causa e efeito e usam seu conhecimento em benefício da humanidade. São chamadas de ‘amigos do ser humano’ e ‘homens e mulheres de boa-vontade’. Ambos os grupos servem-se da mesma lei – o primeiro negativamente e o segundo positivamente. Uma vez que a lei é impessoal, opera em ambos os sentidos. Mas uma é duradoura e eterna, a outra, passageira e efêmera.

Para que façamos as coisas acontecer – para ‘criarmos’ – devemos seguir certos dispositivos da lei com diligência e fidelidade. Para fazermos uso da capacidade criativa, devemos explorar totalmente os poderes do pensamento.

Que é o pensamento? O pensamento é uma força, uma vibração, como a luz, o calor, o som, etc., embora sem qualquer manifestação física definida. Na vida nada se produz sem antes ter sido um pensamento. Como diriam os cabalistas “sof ma’aseh be-ma’hashava tefilla”, que significa: “ A concretização duma ação ou criação ocorre primeiro no pensamento”.

Mesmo o “primeiro ato da criação” do “verbo” foi antes formado no pensamento. Podemos dizer que ‘no princípio era o pensamento’. O pensamento vibra no invisível, forma a imagem do verbo [a ação], e a manifesta, criando-a.

Por conseguinte, o pensamento é sempre criativo. Quando imanifesto, existe ainda no reino invisível do ser, em estado potencial, até o momento de manifestar-se. Se não manifesto imediatamente, talvez não seja o momento correto, o local correto, ou a pessoa correta, para sua manifestação.

O pensamento raramente é pessoal, e quando o inconsciente o mostra, mesmo quando não nos apercebemos, retém sua influência até que chegue a época de sua ativação.

Apesar de sua imaterialidade, o pensamento possui realidade mais duradoura que as manifestações materiais, tangíveis. Por exemplo, consideremos o arquiteto que deseja construir uma casa. Para que possa torná-la uma realidade, deve primeiro usar seu pensamento para projetar a forma exata que ele tem em mente. Só depois que a imagem está clara, precisa e completa nos mínimos detalhes pode ele começar a manifestá-la com material e forma. Por isso, uma casa completada é o resultado dum pensamento. Como diria o Mestre Budista, “O homem é o resultado do seu pensamento”.

De acordo com as teorias místicas, quando um ser humano emite um pensamento, ele cria uma “entidade”, e, conforme a intensidade de sua ação cerebral, essa criatura espiritual terá uma vida longa e duradoura.

Possuímos pensamentos positivos e negativos conforme nosso grau de percepção. Entidades da mesma natureza agrupam-se pela lei de atração e criam assim pensamento focalizados num único objetivo. A sabedoria sufi descreve isso como:”Almas que se reconhecem agrupam-se; as que não se reconhecem, brigam entre si”.

O USO DO PENSAMENTO

Os pensamentos que nutrimos são forças vivas presentes na aura ao nosso redor, como passarinhos que voam em busca dum solo fértil, para que se manifestem e despertem à ação enquanto haja uma entidade consciente ou inconsciente que os conduza ao plano da realidade.

De acordo com nossa evolução, em qualquer sentido que empreguemos nosso pensamento, positiva ou negativamente, a mesma lei está em operação. Vemos aqui a impessoalidade do pensamento. Dispomos da liberdade de escolha e agimos conforme a mesma, empregando conscientemente o processo do pensamento de modo a criar a realidade.

Como estudantes de misticismo, orientados pelo aforismo “Conhece-te a ti mesmo”, escolhemos o aspecto positivo da ação, ao mesmo tempo em que não negamos a existência do aspecto negativo com que nos defrontamos. Nossa escolha é o resultado de experiência e experimentos; esse é um conhecimento genuíno, baseado em percepções sólidas e firmes.

Para que compreendamos o uso correto do pensamento, usemos da analogia da semente plantada na terra. A técnica é a mesma. Quando plantamos uma semente, devemos cuidar dela de muitos modos: mantendo-a com atenção concentrada, molhando-a, limpando a área ao redor e nutrindo-a para que frutifique.

O mesmo é verdade com relação ao pensamento. A intensidade da focalização do pensamento específico, a manutenção de sua imagem em nosso interior, a compreensão do potencial criativo do seu emprego, o propósito e a atenção consciente a ele dedicados e a intenção de usá-lo em benefício de todos, permite-lhe transformar-se em realidade consciente. É assim que a jornada do pensamento à ação é concretizada. Uma vez alcançado o seu domínio, podemos prosseguir na criação de inúmeros projetos que visem ao serviço de outrem, cumprindo assim nossa missão nesta encarnação.

Pelo uso da técnica acima, que visa ao nosso bem-estar e saúde, podemos substituir os remédios, pois a origem da doença encontra-se no pensamento da pessoa, seja esse consciente ou inconsciente. Basta que dirijamos nosso pensamento, de modo tranqüilo e relaxado, à região da doença, pois sabemos que as células possuem sua própria consciência, que absorve e sofre influência do pensamento. Ao nutrirmos a imagem mental de harmonia e bem-estar em todo o organismo, ao sentirmos a luz criativa que circunda o corpo, e pela perseverança e boa-fé, oportunamente ficaremos surpresos e maravilhados com os resultados da operação dessa magnífica lei. Para aqueles que têm a experiência, isso é um fato e os resultados são surpreendentes. Aqui a dúvida é uma inimiga,e, apesar de todos os aspectos negativos, devemos ter confiança durante a aplicação dessa lei.

O PENSAMENTO COMO PODER CURATIVO
No processo de cura, a força do pensamento opera por auto-sugestão. O inconsciente acata a sugestão com muita facilidade, e passa a agir de acordo com a mesma. Se não interferirmos, a conseqüência será o estado que chamamos de ‘harmonium’. Essa lei, naturalmente, pode ser eficaz tanto nas doenças físicas como nas doenças mentais. Em suma, para empregarmos corretamente nossos pensamentos, devemos aprender a controlá-los pacientemente, isto é, termos consciência plena das opções. A utilização dos pensamentos positivos, naturalmente, contribui para o sucesso e, assim, abrevia o tempo entre o pensamento e a ação. Pela experiência, confiança e certo modo de agir e pensar, esse caminho é abreviado e temos a sensação de transcendermos o tempo e o espaço como resultado do foco do trabalho. Isso só ocorrerá se cultivarmos conscientemente o jardim de nossos pensamentos, com um nobre propósito de sermos felizes e úteis para a humanidade e nós mesmos.

Enfatizamos isso com o propósito de voltarmos nossa atenção para isto: assim como os pensamentos são usados e exercem sua influência no nível do consciente, assim também são usados e exercem sua influência no estado inconsciente. Nisso reside a diferença entre viver conscientemente e viver automaticamente.

Para fazermos as coisas acontecer, ou para apenas perguntarmos o porquê e o como... somos nós que devemos fazer a escolha.

Esse é só um dos muitos aspectos da prática do conhecido adágio “Conhece-te a ti mesmo”. A aplicação das leis aqui mencionadas acarreta resultados benéficos a todos os envolvidos. A experiência, a perseverança e o silêncio provarão que esse é um empreendimento de muito sucesso, cujo resultado é tornar-se um ser ativo na fase da evolução humana e individual.

Outro ‘truque’ para o sucesso e a autotransformação é que os pensamentos devem ser dirigidos e orientados ao benefício de toda a humanidade. Os obreiros da luz devem possuir uma atitude perspicaz e sincera, e plena fé, sem nenhuma dúvida, na operação da lei, e, acima de tudo, nutrir um amor autêntico pela humanidade e pelo ‘outro’ – nosso próximo – para que se tornem verdadeiros amigos e elevem a condição do homem.

Por isso, meu amigo, não faça vista grossa às situações óbvias. Não se deixe enganar pelas aparências. Esteja consciente e alerta, calmo em meio ao tumulto. Fique silente e conheça o poder do Supremo Criador, Que está em nosso ser e Que instilou em nós, e em nossa consciência, o poder do pensamento para que, por nossa vez, possamos criar uma civilização construtiva que cumpra a grande finalidade da existência e traga o bem a toda a criação.

O pensamento foi conferido a você para que dele se servisse. A tarefa é sua, amigo. Trabalhe sem visar ao lucro pessoal, coloque a lei em prática diligentemente por algum tempo, que você terá uma grande surpresa.

Os pensamentos que se seguem são de fontes cabalísticas e sufis. Medite sobre eles na intimidade do santuário de seu coração:

“O dia é breve, e o trabalho é grande, e os obreiros são morosos, e a recompensa é muita, e o mestre é urgente.” Pirke Avoth, 2.20

“Tudo foi antevisto, mas recebeu-se a liberdade de escolha; pois o mundo é julgado pela graça, e tudo é conforme a quantia de trabalho.” – Pirke Avoth, 3.19

“Minha existência se faz através de você, e seu aparecimento se faz através de mim; mas se eu não tivesse aparecido, você não teria sido”. – Ibn-Arabi-1240 d.C.

“Eu era um tesouro oculto, e ansiava por ser conhecido. Assim, criei o mundo para que eu pudesse ser conhecido.” – Ibn-Arabi.
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[Texto de Samuel Avital]