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Os antigos Mestres da vida
Eram profundamente identificados
Com as potencias vivas do Cosmos.
Em sua profunda interioridade
Jaziam a grandeza e o poder
Da sua dinâmica atividade.
Quem compreende, hoje em dia, esses homens?
Sábios eram eles.
Como barqueiros que cruzam um rio
Em pleno inverno;
Cautelosos eram eles,
Como homens circundados de inimigos:
Reservados eram eles,
Como se hospedes fossem;
Amoldáveis eram eles,
Como gelo que se derrete;
Autênticos eram eles,
Como o cerne de madeira de lei:
Amplos eram eles,
Como vales abertos;
Impenetráveis eram eles
Como águas turvas.
Impenetrável também nos parece
A sua vasta sabedoria.
Quem pode compreendê-la atualmente?
Quem pode restituir à vida
O que tão morto nos parece?
Só quem sintoniza com a alma do Infinito!
Só quem não busca o seu próprio ego,
Mas demanda o seu Eu real,
Mesmo quando tudo lhe falta.
Explicação: Esta apoteose da sabedoria eterna faz lembrar os mais elevados píncaros da sapiência de Salomão, de Krishna, e do próprio Cristo. A fonte de todas as coisas grandes, que se revelam por fora, brota das profundezas da interioridade, da intuição da essência divina do homem. Estas palavras de suprema sabedoria foram escritas 6 séculos antes da Era Cristã. Não terá havido uma tremenda decadência nesses 26 séculos? Verdade é que, ainda hoje existe, em alguns Mestres, essa sabedoria – mas quão poucos são eles! A massa profana tripudia, ignara, sobre as coisas sagradas e executa a sua dança macabra em torno do bezerro de ouro – enquanto Moisés trava o seu silencioso solilóquio com o Infinito, no impenetrável cume do Sinai.
Mas...uma pequena elite anônima preserva da extinção o fogo sagrado.
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Lao-Tse_Tao Te King