10 de mar. de 2010

Introdução à Parapsicologia _ Parte 3

Conforme prometemos no artigo anterior, consideraremos nossos sentidos físicos, pois, como já explicamos, temos mais sentidos do que pensamos e eles são responsáveis por muitas situações que têm sido consideradas milagrosas ou misteriosas.

Tradicionalmente, os sentidos físicos são:
ð visão;
ð audição;
ð olfato;
ð tato; e _
ð paladar

Mas, além destes, temos outros que se inter-relacionam com eles. Por exemplo, na polpa da ponta do dedo, além do tato, dispomos de:

1_ receptores de calor chamados corpúsculos de Rufini;
2_ receptores de frio denominados de corpúsculos de Krause;
3_ receptores de pressão conhecidos como corpúsculos de Pacini e Golgi;
4_ receptores da dor nos terminais nervosos livres.

O número de receptores varia muito; foram encontrados uns 250.000 corpúsculos de frio e somente uns 30.000 de calor.

Em nosso ouvido interno, além dos receptores específicos de uma ampla faixa de freqüências mecânicas, há sentidos da aceleração da gravidade, das acelerações lineares e angulares, e do equilíbrio. E esses sentidos são diferentes do próprio ouvido, pois os responsáveis por seu funcionamento são os canais semicirculares, cheios de endolinfa, e umas cavidades provindas de uma pequena esfera móvel chamada otolita.

OUTROS SENTIDOS_
1_ Sentido Feromonal: há moléculas de estruturas simples que podem transmitir informação capaz de produzir uma reação nos diferentes organismos, sem intervenção da razão. Os hormônios produzem um efeito decisivo no comportamento de uma planta ou de um animal. Trata-se de substancias segregadas por certos órgãos do corpo, que controlam seus processos metabólicos.

Entre alguns animais da mesma espécie, eles segregam substancias portadoras de informação chamadas ‘feromônios’, que são capazes de modificar sua conduta. Em geral, elas são liberadas para o meio ambiente por um membro da espécie e, ao serem detectadas por um outro, através do olfato ou do paladar, desencadeiam uma reação específica. Há vários tipos de feromônios, e todos temos observado nos animais certos comportamentos que não compreendemos, a menos que estejamos inteirados de como atuam essas substâncias.

Exemplos:

- feromônios de atração sexual. Um dos mais bem estudados é o do gusano de seda. Em plena noite essa substancia pode atrair o macho até a 12 km de distância, se o vento é favorável.

- feromônios de alarme: são liberados por animais que se encontram em perigo, provocando uma reação de espanto em seus congêneres. Nos insetos podem provocar também reações de agressão, como é o caso das formigas, vespas e abelhas.

- feromônios de sinalização: servem para marcar uma rota ou um território. Quando as formigas encontram alimento e o transportam para sua casa, enquanto caminham vão roçando intermitentemente o abdomên no solo, deixando cair um rastro feromonal que transmite às outras alguma informação sobre a importância do achado, indicando também a direção e a distância. Descobriu-se que o costume que têm os coelhos de esfregar a cabeça com as patas tem o objetivo de impregná-las com uma substância que logo espalham pelo solo, demarcando assim seu território.

Estudos recentes revelaram que a comunicação feromonal existia na antiguidade, e que atualmente é mais freqüente do que se acreditava. Pensa-se que o homem primitivo possuía esse sentido feromonal, que ele foi perdendo à medida que foi se esmerando mais na higiene e também atrofiando o olfato. Mas há evidência de que ainda o possuímos parcialmente. Um biólogo francês, J. Lê Magneu, fez experiências com uma lactona denominada ‘exatolide’, que pode ser percebida, somente por via olfativa, por mulheres sexualmente maduras e em período de ovulação. Para que um homem possa detectar essa substância, é preciso que lhe sejam injetados estrógenos femininos.

Alguns casos de premonição de morte, cuja informação os ‘dotados’ percebem por via olfativa, poderiam se explicar por esse sentido feromonal. Os dotados afirmam que percebem um cheiro característico que os faz pensar que a pessoa que o emite vai morrer em pouco tempo. É possível que certa exsudação feromonal seja portadora de informação acerca de uma enfermidade mortal, e que alguns dotados sejam capazes de senti-la. O autor deste artigo conhece uma médica, que vivem em Quito, que possui essa faculdade que lhe permite saber quando um de seus pacientes não tem salvação.

2_ Sentido Opiáceo: a palavra ‘opiáceo’ significa ‘prazer’. Os receptores opiáceos [de prazer] estão situados no tálamo central. Desde o ano de 1977 se sabe que o cérebro se auto-estimula com drogas geradas por ele próprio, chamadas endorfinas. Alem disso, produz suas próprias anfetaminas, tranqüilizantes e alucinógenos. Em outras palavras, todos somos viciados em drogas por nossas próprias endorfinas. Parece que a técnica da eletroacupuntura estimula o cérebro a produzir mais endorfina, e é por isto que a dor pode ser eliminada com essa técnica. Ao que parece, o estado chamado de êxtase místico e outros estados alterados de consciência são provocados pela estimulação do centro opiáceo. O estado de deleite que um devoto pode alcançar em certos ritos está relacionado em parte com as endorfinas, segregadas por seu próprio cérebro.

Do ponto de vista médico, a descoberta das endorfinas abriu um caminho muito amplo de pesquisa para as curas chamadas de milagrosas. Já se sabe que a região hipotalâmica do cérebro produz peptídios liberadores e hormônios que atuam sobre a glândual pituitária ou hipófise, e que a produção de endorfinas influi na diabete, na cequeira e nas alterações cardíacas.

Num congresso de bioquímica realizado em Hamburgo, foi revelado que um tripeptídio isolado do hipotálamo do gado vacum é capaz de converter uma proteína encontrada no sangue dos esquizofrênicos numa outra proteína não patológica. Outra hipótese é a de que os ‘placebos’, remédios falsos que por vezes conseguem curar tanto quanto uma droga real, o que realmente fazem é estimular os centros opiáceos por meio de sugestão. Também se sabe que, injetando-se numa pessoa transtornada um neutralizador de endorfinas [quer dizer, que impede que seu cérebro produza endorfinas], eliminam-se as alucinações. Algumas experiências que se consideravam psíquicas ou paranormais, eram na realidade alucinações.

3_ O Sentido do Sonar: neste caso, alguns animais podem se orientar por sons ou ultra-sons, como é o caso dos morcegos. No ser humano, este sentido se desenvolve quando se perde a visão, e mais concretamente nos cegos de nascença. O leitor já deve ter observado que alguns cegos, quando chegam perto de um obstáculo, ficam tensos como se estivessem captando algo ou pressentindo um perigo.

4_ O Sentido de Orientação: este sentido está envolvido na maioria dos animais migratórios. Exemplos: as andorinhas, os salmões, os pombos-correio, etc. Os cientistas crêem que o gato é o campeão deste gênero de animal.

Em 1854, os cientistas H. Precht e Elke Lindenlaub fizeram a seguinte experiência: colocaram um gato dentro de um saco totalmente opaco e o levaram para o laboratório completamente às escuras. Depois de darem várias voltas pela cidade, deixaram esse gato num labirinto que tinha 24 saídas, e observaram que ele sempre escolhia a saída que ficava na direção de sua casa. Repetiram esse experimento com 142 gatos e sempre obtiveram os mesmos resultados.

O Dr.J.B.Rhine, professor e pesquisador da Universidade de Duke, na Carolina do Norte, o qual já mencionamos como o pioneiro da parapsicologia, constatou os seguintes casos:

a]Em 1939, Hugo Perkins, jovem que vivia perto de Summersville, na Virgínia Ocidental, encontrou um pombo-correio extraviado e cuidou dele. Em abril de 1940, tiveram de internar Perkins num hospital de uma cidade situada a 170km de distancia. Poucos dias depois, o pombo-correio entrou pela janela do prédio onde ele estava hospitalizado.

b] A família Woods morava num povoado da Califórnia e tinha um gato chamado Sugar. Em junho de 1951, os Woods tiveram de se mudar para uma granja situada em Oklahoma, a uma distancia de 2.300km, e decidiram deixar o gato com uns amigos. Um ano e dois meses depois Sugar chegou à granja em Oklahoma. Para todos foi um mistério que o gato tivesse atravessado a pé grande parte dos Estados Unidos, e que ele tivesse podido se orientar para encontrar seus donos.

Podemos observar que, a nível humano, o sentido de orientação está muito desenvolvido nas pessoas que vivem de modo primitivo, como nossos índios e os esquimós, que se orientam sem terem pontos fixos de referencia. Um esquimó sai para caçar e, ainda que ao retornar dias depois a paisagem tenha mudado completamente, ele sabe onde está seu iglu e sua família.

Colocadas todas estas necessárias explicações, passamos a focalizar os fenômenos mais importantes que são estudados pela Parapsicologia.

Classificamos esses fenômenos em duas categorias: ‘sensoriais e extra-sensoriais’. Começaremos analisando os fenômenos de natureza sensorial. E lembraremos que os dotados deste tipo de fenômeno são chamados de ‘sensitivos’.

No campo sensorial, os fenômenos se subdividem em:

ð Hiperestesia;
ð Xenoglossia;
ð Radiestesia.

_ Os fenômenos de hiperestesia não só podem ser observados no campo humano, mas também no campo animal.

O termo ‘hiperestesia’ significa agudeza dos sentidos, ou seja, uma supersensibilidade para captar sensorialmente os fenômenos. Isto significa que, se alguém possui capacidade visual muito aguda, é hiperestésico em relação à média. Quando alguém viaja a uma região selvagem,por exemplo, percebe que os indígenas têm os sentidos físicos mais desenvolvidos. Certos índios têm o olfato tão desenvolvido que podem saber, por meio dele e a qualquer hora do dia, se um animal está dormindo ou caçando. Também podem enxergar no escuro ou ouvir qualquer som ou ruído que o ‘homem civilizado’ não consegue perceber. Com estes exemplos queremos indicar que esse indígenas são ‘hiperestésicos’.

Nos animais costuma ocorrer também esse fenômeno, pois seus sentidos são mais desenvolvidos do que os nossos. Em termos gerais foi estabelecido o seguinte:

1.Eles podem se orientar e encontrar seus donos a grandes distancias.
2.Pressentem terremotos e outros desastres.
3.Alguns animais podem perceber campos elétricos e magnéticos, assim como outros estímulos a que o ser humano é insensível.

Alguns exemplos de cataclismos pressentidos por animais, são:

ð na noite de 26 de agosto de 1883, a ilha de Krakatoa, que estava situada entre Java e Sumatra, desapareceu em conseqüência de uma erupção vulcânica cujos efeitos foram sentidos em todo o mundo. Alguns dias antes os animais estavam tomados de pânico; os pássaros emigraram sem causa aparente e os mamíferos fugiram jogando-se ao mar e procurando chegar às ilhas vizinhas. Mas os moradores de Krakatoa não souberam interpretar o comportamento dos animais e foram buscá-los em lanchas, condenando-os assim, juntamente com eles próprios, a uma morte certa.

ð Em fevereiro de 1939, alguns cachorros São Bernardo, embora fossem muito fiéis, recusaram-se a sair para sua costumeira expedição destinada a auxiliar as pessoas extraviadas na neve. Uma hora mais tarde, uma tremenda avalanche de neve se abateu sobre o vale. Como será que os cães pressentiram isso?

ð Na grande inundação da Holanda, em 1961, 48 e 24 horas antes os ratos, coelhos e outros animais, abandonaram lugares que iam ser inundados e foram para pontos mais elevados.

Em nosso próximo artigo daremos mais exemplos de animais que captaram perigos, e também narraremos casos de pessoas que possuem essas mesmas faculdades.

[Texto de Pedro Raúl Morales]

Nenhum comentário:

Postar um comentário