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Quem quer ver a Divindade,
Não a verá,
Porque ela é invisível.
Quem quer ouvir a Divindade,
Não a ouvirá,
Porque ela é inaudível.
Quem quer tanger a Divindade,
Não a tangerá,
Porque ela não tem forma.
Nenhum caminho parcial
Conduz à meta total.
Só na visão do Todo se encontra a Divindade
E então a superfície parece tenebrosa escuridão,
Enquanto a profundeza parece luminosa superfície.
Nunca a Divindade é inteligível,
Ela permeia o Universo sem fim
E gira pelo Todo como se fosse o Nada.
A Divindade é uma forma sem forma.
A Divindade é o Ser sem Existir,
É o mais Insondável de todos os insondáveis.
Quem encara a Divindade não lhe vê a face.
Quem segue o Infinito, o verá sempre fugitivo.
Só quem sintoniza com o Infinito,
Esse o conhece realmente,
Como os antigos o conheciam,
Eles, que sabiam que todos os visíveis
Nascem do Invisível.
Explicação: Aqui Leo-Tse frisa, mais uma vez, a verdade fundamental: que a Divindade, o Infinito, o Absoluto, o Uno, não é objeto para a empiria sensorial nem para a análise intelectual; quem quer conhecer o Tao não o deve querer conquistar nem invadir, mas deve ser por ele conquistado e invadido. A ego-vacuidade atrai a cosmo-plenitude – mas nenhuma vacuidade pode criar a plenitude. O silêncio auscultativo da alma escuta o silêncio eloqüente do Espírito. Toda a arte de conhecer Tao está em saber preparar-se para a sua visita, sua revelação, sua invasão.
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Lao-Tse_Tao Te King
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