29 de nov. de 2009

A MENTE MATERIAL E A MENTE ESPIRITUAL


Todo ser humano encerra em si um EU elevado e puro e outro EU baixo e mau que, através das idades, vai crescendo e purificando-se, como tem igualmente um corpo ou mente corpórea, que é apenas uma coisa transitória que não vai além do presente dia de hoje.

O espírito está cheio de idéias sugestivas, instigadoras, e de aspirações nobilíssimas que recebe do Poder Supremo.

O corpo ou a mente corpórea considera bárbaras essas idéias e denomina tais aspirações de utopias.

A mente espiritual contém em si possibilidades e forças muito maiores, mais fortes e poderosas do que todâs aquelas que até agora tanto o homem como a mulher tem possuído e desfrutado, através de todas as eras.

A mente material ou corpórea diz-nos que só podemos viver como nas épocas anteriores viveram os nossos antepassados. O espírito só anela libertar-se das cadeias e dores que o corpo lhe impõe, ao passo que a mente física se empenha em nos demonstrar que nascemos já fadados para o mal, para sofrer, e que, quanto mais avançarmos na senda do progresso, mais sofreremos. O espírito deseja ser o seu próprio guia, tanto no caminho do bem, como no do mal, e encontrar em si próprio a direção adequada e propicia para ele.

A mente material diz-nos, pelo contrário, que devemos aceitar a mesma norma de vida até aqui seguida pelos outros, a mesma bandeira pelos outros asteada e sugerida pelo entusiasmo de opiniões rotineiras, crenças velhas e velhos preconceitos.

“Nunca mintas a ti próprio”, eis um provérbio ou rifão que freqüentemene se ouve. Porém, a quel EU se refere?

Já por diversas vezes, temos dito que cada um de nós tem em si duas mentalidades, a física e a espiritual.

O espírito é uma força e um mistério. Tudo quanto sabemos ou podemos chegar a conchecer a seu respeito é que existe e que estende a sua ação sobre todas as coisas e fenômenos da vida física, pois vemos e verificamos os resultados dela em tudo, mas muitos dos seus efeitos escapam à percepção dos nossos sentidos físicos.

O que vemos de uma coisa qualquer, árvore, animal, pedra ou homem, é apenas uma parte mínima dessa mesma coisa. Existe uma força que mantém durante um espaço de tempo mais ou menos longo, a pedra e o homem na forma e sob o aspecto em que os nossos olhos físicos os vêem, e esta força atua constantemente sobre eles, em um grau maior ou menor. É esta força que forma a flor, desde o pólen até a sua completa maturação e esplendor. Quando tal força cessa de atuar sobre a flor, sobre o homem, determina o que se chama a decadência e a morte. Esta força está transformando continua e constantemente a forma de todos os seres constituídos pela matéria organizada. Nem a planta, nem o animal, nem o homem conservam hoje exatamente a mesma forma física que tiveram ontem ou hão de ter amanhã. A esta força que está sempre ativa e que é, de certo modo, a criadora de todas as formas que a matéria apresenta aos nossos olhos, é que nós damos o nome especial de ‘espirito’.

O ver, o raciocinar, o apreciar e julgar da vida e de tudo quanto se lhe refere ou lhe é inerente, no conhecimento desta força, é o que se chama a “mente espiritual”.

Em virtude desse conhecimento, possuímos o maravilhoso poder de fazer uso desta força e dirigi-la, logo que a descobrimos e sabemos que existe, para nossa saúde, para a nossa felicidade e para a paz eterna da nossa mente. Nada mais somos do que um composto desta força e, portanto, a estamos atraindo constantemente, para ser convertida, depois, em parte do nosso próprio ser. Quanto maior a quantidade de força que o nosso organismo encerra, tanto maior será também o nosso conhecimento.

No começo da nossa existência física, deixamos essa força agir cegamente, porque ignoramos completamente essa condição especial, a que damos o nome de ‘mente material’. Porém, à medida que a mente cresce e se fortalece, torna-se mais esperta e um dia interroga-se a si própria:”por que havemos de sofrer tanto? Por que hão de ser tão grandes as nossas dores e penas? Por que parece que só tenhamos nascido para adoecer e morrer?

Esta pergunta é o primeiro grito de alerta e despertar que a mente espiritual solta. E toda interrogação feita com o firme desejo de saber, de adquirir o conhecimento da verdade, há de forçosamente ter a satisfatória resposta, um dia, mais cedo ou mais tarde.

A mente material é uma parte do nosso EU, de que o corpo se tem apoderado por ele próprio tem sido educado também. É como se disséssemos a uma criança que são as rodas de um barco que o fazem mover-se, sem nada lhe dizer nem explicar a respeito do próprio vapor, que é incontestavelmente a força motriz das rodas.

O menino educado nessa falsa idéia, quando o barco se recusasse a navegar, procuraria a causa disso nas próprias rodas. É isto justamente o que a muitos sucede, pois tem a pretensão de alcançar a saúde e o vigor dos seus movimentos só pelo fato de alimentar-se bem, isto é, muito, o seu corpo material, sem pensar que a imperfeição ou dano pode estar no verdadeiro motor, única fonte de força – a mente.

A mente material ou corpórea considera e julga tudo sob o ponto de vista físico somente, vendo apenas aquilo que em nosso próprio corpo material está contido. Em compensação, a nossa mente espiritual vê o corpo somente como um instrumento de que há de servir-se o nosso verdadeiro EU, para se pôr em contato com as coisas do mundo material.

A mente corpórea ou física vê, na morte do corpo, o fim de todas as coisas, ao passo que a mente espiritual só vê, na morte do corpo, uma nova libertação do espírito, o ato de abandonar este instrumento, já gasto ou imprestável, inútil, porquanto o espírito sabe que, embora invisível para os olhos materiais, existe sempre, como antes da morte do corpo.

A mente material julga que a força nos provém toda dos músculos e nervos, sem mesmo admitir que, ao menos em parte, ela possa provir-nos de uma fonte muito diversa e alheia a ele e fôra dele, e só nesse poder confia para agir no mundo físico, como nós confiamos também na palavra ou na pena, para nos comunicarmos com os outros homens. Chegará contudo a descobrir um dia, a mente espiritual, que o pensamento pode influir sobre as pessoas, embora se encontrem muitas milhas distantes de nós, tanto a favor como contra os nossos interesses.

A mente material não acredita que o seu pensamento seja uma coisa tão real e verdadeira como a água que bebemos ou o ar que respiramos. Mas a mente espiritual sabe, pelo contrário, que cada um dos mil pensamentos por nós formulados todos os dias, secretamente, é uma coisa real, um elemento verdadeiro que atua sobre a pessoa ou pessoas para as quais é dirigido; como igualmente sabe, também que toda matéria nada mais é do que manifestação do espírito ou força; que tudo quanto é material ou físico continuamente se está modificando de acordo com o espírito, que se exterioriza a si próprio sob a forma por nós denominada matéria.

Por conseguinte, se com firmeza, persistência e Constancia, mantivermos em nossa mente espiritual idéias de saúde, força, fortuna, ventura, e a possibilidade de readquirir ou recuperar as nossas perdidas energias, essas mesmas idéias terão a sua expressão física no corpo, providenciando de forma que nunca decaia, e não tenha fim o seu vigor, nem sequer diminua, antes aumente a acuidade de cada um de seus sentidos físicos.

A mente material acredita que a matéria, isto é, o que os nossos sentidos físicos nos fazem conhecer, é tudo ou quase tudo quanto existe neste mundo.

Do seu lado, a mente espiritual apenas considera a matéria como a expressão mais baixa e grosseira do espírito, sabendo também que ela é uma diminutíssima parte de tudo quanto existe.

A mente material entriste-se ante ao aspecto da decadência e da morte. A mente espiritual nenhuma importância liga a tudo isso, por saber que o espírito ou a força que o move tomará novamente o corpo ou a árvore apodrecida e, vivificando todos os seus elementos, com eles constituirá outra vez alguma nova forma material de vida e de beleza. A mente do corpo acredita que os únicos sentidos que o homem possui são os sentidos físicos da vista, da audição, do tato, do olfato e do paladar, porém, a mente mais elevada, a mente do espírito, sabe que ele é possuidor de mais outros sentidos por nós desconhecidos, semelhantes aos físicos, porém ainda mais poderosos e de muito maior alcance.

A mente do corpo tem sido denominada, em diversas ocasiões, “mente material, mente mortal ou mente carnal.” Todos esses termos se referem a uma spo e mesma coisa, isto é, a essa parte do nosso EU que tem sido educada no erro, pelo próprio corpo. Aquele que tivesse nascido e se tivesse educado sempre entre pessoas que acreditam ser a terra uma superfície plana e que não gira em volta do sol, acreditá-lo-ia também, tal e qual elas o acreditam.

É exatamente assim que absorvemos, durante os primeiros anos juvenis de nossa existência terrestre, todos os pensamentos das pessoas que nos rodeiam ou que mais próximas estão de nós, as quais crêem que é unicamente o corpo que constitui o seu ser e de todas as coisas julgam pelo que os sentidos lhes mostram. É isto que constitui a nossa mente material.

Vendo a mente material que se produz a decadência, a disolução e a morte em toda criatura humana, ou antes o que ela julga como tal desconhecedora do fato de que a mente espiritual ou o verdadeiro EU nada mais faz com tal processo do que abandonar um invólucro já gasto e inútil,pensa que a decadência e a morte são sempre o fim de todo ente humano, de todo organismo vivo. Por esse motivo, não pode evitar a tristeza e o desalent oriundos de semelhante erro, que preenche literalmente a maior parte de nossa existência terrestre. Um dos resultados dessa tristeza, que nasce da falta de esperança, é um espírito desassossegado que põe o Maximo em proporcionar-se todas as alegrias e os prazeres, sem ver que são justos e retos na atual existência do corpo. É este um erro enorme. Toda energia que por acaso se adquira em semelhante disposição de espírito, não pode ser, de nenhuma forma, duradoura, trazendo, além disso, consigo, em partilha, muita dor e, miséria física.

A mente espiritual ensina-nos, pelo contrário, que o prazer e a alegria são os maiores estímulos da existência. Mas estes prazeres e alegrias são muito diversos dos prazeres e alegrias apreciados pela mente material. A mente espiritual – que sempre está aberta às mais elevadas e puras idéias da vida – ensina-nos que existe uma lei que regula o exercício de cada um dos sentidos psíquicos e, quando conhecemose seguimos fielmente esta lei, diminui a fonte das nossas dores até estancar-se totalmente, e aumenta a dos nossos prazeres, que crescem tanto mais, quanto mais cresce a observância da dita lei.

Por ‘mente espiritual’ compreendemos uma visão mental muito mais nítida e clara das coisas e forças existentes, ao mesmo tempo, em nós e no Universo, e das quais a Humanidade tem vivido até agora na maior ignorância.

Atualmente, chega até nós um diminuto vislumbre destas forças e, embora a sua claridade não seja muita, ela tem sido suficiente para convencer a alguns de que as causas reais e verdadeiras da dor humana foram ignoradas nos tempos antigos. Na realidade, a Humanidade tem sido como aquêles meninos que acreditam ser o moleiro de quem, do interior das velas, mói o grão, porque alguém lhe disse isto. E até que não se lhes diga o contrário, os meninos estarão na completa ignorância de que é o vento que faz girar o moinho.

Não se imagine que este exemplo seja uma imagem exagerada da ignorância dos homens, a qual repele a idéia de que o pensamento é um elemento que nos rodeia por todos os lados constituindo uma força propulsora tão potente como o próprio vento, com a diferença que, dirigida às cegas pelos homens, no domínio da mente material e da ignorância, fez girar as velas do ‘moinho humano’ em direções diversas, ora boas, ora más, proporcionando uma vezes resultados magníficos e outras vezes verdadeiros desastres.

O corpo não é constituído dos trajes que ele usa e, contudo, a mente material raciocina como se assim fosse. Não conhece que ele nada mais é do que uma espécie de roupa para o espírito, pela ignorância em que está de que o corpo e o espírito são duas coisas inteiramente diversas, julgando assim que é o corpo aquilo que apenas constitui o homem e a mulher. E quando esse homem e essa mulher caem acabrunhados pelos sofrimentos morais e físicos, empregam todos os seus esforços em refazer o ‘vestido’ em farrapos, sem se lembrarem de restaurar e reforçar antes a força interior, o verdadeiro fabricante da roupa.

Não há provavelmente, duas individualidades em quem a mente corpórea e a espiritual operem e raciocinem exatamente da mesma forma. Em alguns parece não te despertado ainda a mente espiritual. Emm outros começa já a entreabrir os olhos como os nossos olhos físicos fazem, quando despertamos, aparecendo-nos todas as coisas vagas e indistintas. Outos estão quase completamente acordados e sentem que, em volta deles, existem certas e determinadas forças em que nunca tinham pensado, embora se servissem delas. Nestes, já está travada a luta pelo predomínio entre a mente espiritual e a corporal, luta que, algumas vezes, pode ser acompanhada de grandes perturbações físicas, dores fortíssimas e absoluta carência de tranqüilidade de espírito.

A mente corpórea, enquanto não foi subjugada e totalmente vencida e convencida da verdade, é sempre recebida pela mente espiritual de lança em riste e em tom de desafio.

A parte ignorante de nosso EU opõe uma resistência hecúlea a despender-se dos seus modos habituais e rotineiros de pensar; e em cada caso tem o espírito de travar uma renhida batalha para nos induzir firmemente à convicção e libetação de um erro qualquer estabelecido.

A mente física só deseja seguir sempre os caminhos rotineiros de suas idéias cediças. Quer fazer e continuar sempre a fazer apenas o que tem feito, o que seus antepassados fizeram. É isto oq eu sucede atualmente à imensa maioria dos homens, e, à medida que os anos passam, mais espêssa e dura se torna a crosta de seus velhos pensamentos e, portanto, maior dificuldade encontra em se modificar ou renunciar às suas velhas e errôneas crenças.

Quer e deseja viver sempe na casa onde longos anos tem vivido, vestir segundo seus antigos hábitos, i aos seus negócios ou ocupações e voltar cotidiniamente à sua casa à mesma hora, e isto durante anos e anos.

Ao chegar a certa idade nega-se absolutamente a aprender qualquer coisa de novo e até chega a menosprezar todas as artes, como a música, a pintura e outros trabalhos artísticos que muito contribuíram não sópara o distrair, mas também para lhe robustecer a mente espiritual, proporcionando-lhe o repouso necessário, sem mencionar o prazer que o espírito sente em ensinar ao corpo maior habilidade, destreza e aptidão para uma profissão ou ofício.

No exercício de qualquer arte,a mente corpórea apenas sabe ver o meio de ganhar dinheiro e nunca de tornar aprazível e variada a existência, destruindo toda a fadiga e repousando, assim, a parte da inteligência dedicada aos negócios ou preocupações habituais, aumentando, deste modo ou destarte, a saúde e o vigor do espírito e do corpo. A mente material mantém fixa a idéia, à medida que o corpo avança em idade, que já demasiado velho para aprender. É isto o que dizem muitíssimas pessoas antes de terem chegado ao que chama meia-idade, aceitando como incontestável e invencível a idéia de se irem fazendo velhos.

A mente material diz-lhes que o seu corpo se irá debilitando gradualmente, perdendo, pouco a pouco, as forças juvenis até chegar, por fim, à morte.

A inteligência ou mente corpórea diz que sempre assim tem sido e, portanto, assim será sempre também no futuro, e aceita esta idéia sem sequer discuti-la ao menos. “Isto tem de ser assim”, diz ela, com plena inconsciência do que diz.

Dizer que uma coisa há de ser é a maior força que se pode por em ação para que se realize. A mente material vê que o corpo corre para uma decadência gradual, lenta por vezes, é certo, porém inevitável. E embora trate, de quando em quando, de afastar esse espetáculo da vista, a idéia reaparece uma vez ou outra, como sugestionada pela morde de seus contemporâneos, o que nela desperta a idéia de que há de ser; e este estado mental suscitado por essa frase é o que determinará a inevitável decadência física.

O espírito, ou antes, a mente melhor inspirada diz: - “Quando alguém sentir que está entrando no caminho da fraqueza ou decadência, dirija o seu pensamento, com toda a energia que lhe for possível, para idéias de saúde, bem-estar e vigor; pense em coisas mateiais alegres, saudáveis, animadoras, que encerram tais idéias; por exemplo, nas encasteladas nuvens, na fresca brisa, nas espumante cascata, nas tempestades do oceano, no bosque de robles seculares ou pássaros que, nos viridentes ramos, soltam alegres e harmoniosos gorgeios, cheios de vida e de movimentos.”

Agindo assim, atrairemos uma positiva e verdadeira corrente de vida e saúde, encerrada nas coisa materiais aqui mencionadas e outras semelhantes. E, acima de tudo isso e com isso, se aprende a confiar no Poder Supremo que formou todas essas belas coisas e muitas mais, o que constitui a infinita e imortal parte do nosso EU mais elevado, isto é, a nossa mente espiritual; à medida que a nossa fé no dito Poder aumente, aumentarão também as nossas forças.

Responde a mente material:”Isto é um absurdo! Se o meu corpo está doente, devo procurar curá-lo com coisas materiais que possa ver e senti; isto é, e só isto, o que tenho a fazer. Quanto ao pensamento, é indiferente pensar na enfermidade ou na saúde.”

Pode acontecer que qualquer mente que comece a despertar e sentir toda a força destas verdades, permita em muitos casos, que a sua própria mente material ridicularize e menospreze alguma destas idéias, sendo coadjuvada por outras mentes espirituais, ainda não despertas também de todo a estas verdades e em quem a ‘ignorancia’ é a força mais positiva e nela radicda transitoriamente.

Há pessoas que, com um telescópio na mão, não vêem tão longe quanto outras podem ver, sendo possível, por esse motivo, que elas duvidem, de boa-fé, ser verdade o que as outras dizem ver. Embora tais pessoas não digam nem desmintam as crenças de quem já tem a mente mais desperta e esclarecida,nem por isso deixa de atuar o seu pensamento como uma barreira ou cortina que intercepta a luz da verdade e a impede de chegar aos seus olhos.

Porém, quando a mente espiritual começou uma vez a despertar, nada pode deter o seu acordar definitivo. Só a ação da matéria pode retardá-lo mais ou menos.

“o nosso verdadeiro EU pode não se encontrar onde se encontra o nosso corpo. Ele está sempre onde está o nosso pensamento – no negócio, no escritório, na oficina ou junto de alguém para quem nos sentimos atraídos pelos laços de afeto ou de rancor, e ainda em lugares muito afastados do ponto aonde se encontra o nosso corpo. O nosso verdadeiro EU move-se com a mesma inconcebível rapidez com que o faz o nosso pensamento.”

E a mente material diz: “Isto é um absurdo. O meu EU está sempre onde o meu corpo se encontra e em nenhuma outra parte.”

Muitos dos pensamentos ou idéias que repelimos às vezes como impossíveis ou filhos de pura fantasia, são apenas procedentes da mente espiritual, e é a ‘mente fisica’ quem a repele e menospreza.

Não nos ocorre idéia alguma que não encerre em si mesma alguma verdade; o que sucede é que nem sempre somos capazes de descobri-la e compreende-la de um modo perfeito. Há alguns séculos ou talvez ml anos que um homem pôde ter concebido a idéia de que o vapor existia como fonte de força e poder inestinguíveis. Era necessário, para isso, produzir um certo progresso – progresso na manufatura do ferro, na construção de estradas e nas necessidades criadas pelos homens. Mas isto não impede que a idéia de aproveitar o vapor como orgem de força, não fosse uma verdade. Mantida esta verdade, uma série de mentalidades acabou por trazer as aplicações do vapor à sua presente e relativa perfeição, para o que a dita idéia teve que lutar contra as negações e obstáculos que iam lançando em seu caminho e mentes materiais, cegas e grosseiras.

Quando uma idéia qualquer nos ocorre, e dizemos a nós próprios: “Bem,eis aqui uma coisa que poderia ser muito boa, embora não veja, neste momento, como possa acontecer”,deitamos por terra uma grande barreira, abrindo um largo caminho para a realização das mais novas e extraordinárias possibilidades em nós latentes.

A mente espiritual sabe hoje que possui, para conseguir toda espécie de fenômenos sobre o mundo físico, um poder muito maior do que a maior parte das pessoas pensa, e vê que, a esse respeito, o mundo se acha imerso nas mais densas trevas da crassa ignorância.

Todavia o homem espiritual conhece já o caminho a seguir para conseguir uma saúde perfeita, para se libertar da decadência e ainda da morte física, para se transladar de um ponto a outro e observar quanto quiser, inteiramente independente do corpo e para conseguir todas as coisas materiais de que tenha necessidade ou desejo, mediante somente a ação da prece ou súplica silenciosa em comum com os outros homens[*] ou isoladamente.

A condição mental que mais devemos desejar é o completo domínio da mente espiritual. Isto porém não significa que a mente material ou corpo deva ser inteiramente e em toda ocasião martirizado pelo espírito; significa apenas que a sua resistência e oposição aos impulsos do espírito tem de ser vencidas. Nada mais significa senão que a mente material ou o corpo não deve empenhar-se em predominar sobre o espírito, quando, na realidade, ela constitui somente a parte inferior da personalidade humana. Pelo “predominio do espírito” esse especial estado em que o corpo coopera de boa vontade e alegremente em todos os desejos da mentalidade espiritual.

É então que o espírito poderá gozar de todas as suas faculdades e poderes, pois não terá de desbaratar nenhuma porção da sua força em vencer a hostilidade da mente material.

Podemos, então, empregar todas as nossas energias na empresa que deve ou há de trazer-nos toda espécie de bens materiais, aumentando cada vez mais as nossas potencias, a nossa paz e a nossa felicidade, até chegar à realização do que hoje, decerto, seria tido por milagre.

A mente material ou física nunca se deve misturar com a espiritual em coisa alguma do se possa referir às privações ou castigos que a nós próprios infligimos, por pecados ou faltas cometidas. Bastaria só esta mistura para nos levar a convertermo-nos em verdadeiros fanáticos, em homens inexoráveis e sem piedade, tanto para conosco como para com o próximo. Esta grande e indubitável perversão da verdade tem dado origem a frases cruéis, tais como estas: crucificar, subjugar o corpo, martirizar a carne. Foi desta mesma perversão ou má compreensão da verdade que brotaram essas ‘ordens religiosas’ ou associações de homens e mulheres que, caindo ao extremo do exagero, procuram a santidade na privação de todo conforto e no próprio martírio.

A palavra “santidade” significa ação integral do espírito sobre o corpo, mediante o conhecimento, a fé profunda em nossa capacidade para atrairmos o auxilio do Poder Supremo, em maior proporção de dia para dia.

Quando perdemos a paciência conosco, quando não nos podemos suportar a nós próprios – devido às repetidas investidas e ataques da mente material ou por nossos freqüentes delitos e recaídas nos pecados que nos assediam ou por vivermos em determinados períodos de irresistível intemperança – nenhum bem faremos em nosso favor pensando sempre mal de nós e apostrofando-nos com os piores epítetos.

O homem nunca deve chamar-se a si próprio: mísero pecador, e ainda menos com maior energia e intensidade do que chamaria os outros. Ao pronunciar esta frase, materializamos a idéia nela contida e, pelo menos temporariamente, convertemo-la em realidade.

Se muito freqüentemente pusermos diante de nosso espírito a visão de sermos um miserável pecador, o que inconscientemente faremos é que essa visão se converta em um ideal que, de dia para dia, se robustecerá cada vez mais, produzindo-nos grave dano, até obrigar-nos a retroceder no caminho do nosso progresso, o que nos arruinará o nosso próprio corpo. Porque, após esse estado mental que tem sido preconizado nos tempos passados, vem sempre a dureza de coração, a hipocrisia, a falta de caridade pelo próximo, a misantropia e a mesquinha concepção da vida – estados mentais próprios apenas para nos trazerem toda espécie de enfermidades físicas.

Quando a mente material permanecer no sítio quelhe corresponde, ou antes quando nos convencermos da existência verdadeira desta força espiritual, dentro e fora de nós ao mesmo tempo, e quando aprendermos a fazer uso dela com ‘retidão’ – pois de alguma forma temos usado dela em todos os tempos – compreenderemos então as palavras de Paulo:”A morte absorvida na vitória”, e o pavor e a aflição da morte desaparecerão. Então se converterá a vida em uma marcha triunfal, caminhando do prazer de hoje aos prazeres vindouros; e a palavra VIVER significará somente ALEGRIA.

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Notas:
[*] Bases do Circulo Esotérico da Comunhão do Pensamento.

[Texto retirado do, Volume 4º, Capitulo 5º do Livro Nossas Forças Mentais, pg. 43/54 de Prentice Mulford, Editora “O Pensamento”.


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