14 de mai. de 2010

BUDA_UM HOMEM CONTRA O SOFRIMENTO DO MUNDO


Sozinho, ele mudou a história de vários povos, construindo uma renovada visão de mundo, na qual o sofrimento pode finalmente ser destruído. Esse homem Iluminado foi Sidarta Gautama, o Buda.

Seu nascimento está envolto em poesia e lenda. Segundo as histórias contadas mais correntemente, sua mãe, chamada de Maya [para alguns místicos essa é uma metáfora, pois ilusão, nas tradições indianas, possui o mesmo nome], em um sonho teria visto um elefante com seis presas entrar no seu ventre e fecundá-la com uma pérola. Ao acordar ela não sente qualquer alteração, apenas um ligeiro bem-estar, pois sabe que traz o Iluminado – A LUZ DA ÁSIA – dentro de si.

Após alguns meses, uma criança vem ao mundo,que deixa o ventre de Maya, andando e falando, como seria esperado de um ser tão evoluído espiritualmente. Nesse instante, SIDARTA dá sete passos, olha acima e abaixo, à esquerda e à direita, constatando que não existe outro como ele no universo. Depois, as histórias se confundem, mas todas relatam os perfumes que foram sentidos e os prodígios que aconteceram por toda parte. Ao dar à luz, sua mãe também adquiriu a iluminação e faleceu sete dias depois, ascendendo aos Céus. Assim teve início a saga de BUDA no plano material.

Nascido há mais de 2.500 anos, entre 558 e 567 a.C., SIDARTA GAUTAMA, quer viria a ser conhecido como BUDA, surgiu entre os membros da casta guerreira KSHATRYA, sendo seu pai na época um rei da região de KAPILAVASTU, ao sul do Nepal, onde nasceu sob a filosofia SAMKHYA, um dos três pilares básicos do hinduísmo tradicional.

Percebendo que o menino possuía algo de especial, o pai levou-o aos sábios e videntes, que viram nele todos os traços de um grande Iluminado. Suas mãos e pés traziam as marcas dos animais sagrados e da Grande Montanha; no alto de sua cabeça, onde se localizava o ‘chakra’ coronário, havia uma protuberância. Nesse instante, um dos sábios presentes chorou, pois sabia que, devido a sua idade avançada, não viveria o suficiente ara ser um dos discípulos do Iluminado.

Ao verem os sinais e coincidências de seu nascimento, os sábios profetizaram ao rei que seu filho havia descido ao mundo para ser um grande rei de toda a Terra ou um dos maiores sábios que pisaram no planeta. O rei não queria que seu filho fosse um monge, mas um grande príncipe, e por isso criou-o fechado no palácio, ocultando-lhe tudo que pudesse lembrar o sofrimento do homem. Cercou-o de luxo, mas os sinais continuavam a aparecer. Numa competição de arco e flecha realizada no palácio, SIDARTA lançou uma flecha numa distância assombrosa e, quando ela tocou o solo, a terra se abriu, brotando uma fonte de água límpida que até hoje é procurada sem sucesso por vários mestres e peregrinos. O pai se preocupou, mas preferiu ignorar diversos sinais – como o crescimento do lóbulo das orelhas-, tentando em vão fazer com que o iluminado seguisse o caminho da realeza e se casasse.

AS VERDADES DA VIDA
O matrimonio foi realizado com Isodara, nascida no exato instante em que Sidarta veio ao mundo, e a paixão entre eles, dizem, ocorreu no momento em que seus olhares se cruzaram. A vida do príncipe parecia seguir de acordo com o desejo de seu pai: quando ele saia do palácio para ver como andavam as coisas no reino, os guardas do império iam à frente limpando a sujeira, tirando os mendigos das ruas e tudo que pudesse mostrar como era realmente o mundo. Mas em uma de suas saídas a segurança falhou e o jovem viu três coisas que o perturbaram.:

ð A primeira foi um velho faminto e decrépito. Isso o deixou muito surpreso, pois ele não imaginava que aquilo existisse. Perguntou ao cocheiro que visão era aquela, recebendo a explicação de que era um velho, e que todos um dia chegam a tal estado;
ð A segunda visão foi um doente atacado pela lepra, o que o abalou ainda mais. Novamente ele perguntou o que era aquilo e ouviu que se tratava de um homem doente, como todos na Terra que, cedo ou tarde, acabam acometidos por uma enfermidade;
ð No caminho de volta ele encontrou um cortejo fúnebre e, mais uma vez, perguntou o que era aquela procissão, com um homem deitado. O cocheiro explicou a Sidarta que a morte é o destino final de cada pessoa, não importando a sua condição ou casta.

Esses encontros mudaram a vida do príncipe, que passou a pensar profundamente nos acontecimentos à sua volta, percebendo que seu pai e todos os demais ocultavam-lhe os fatos da vida. Ele percebeu que sua existência havia sido uma grande ilusão, pois o mundo tinha sofrimento, doenças e morte -, fosse quem fosse, ninguém escaparia a isso. Ele não sabia o que ‘fazer’, mas começou a sentir um impulso crescente e resolveu sair uma vez mais. Nesse novo passeio, ele encontrou um grupo de monges mendicantes, e sua curiosidade levou-o a perguntar a seu servo quem eram aqueles homens. O serviçal explicou que eram santos, que escolheram abandonar todas as ligações com as coisas terrenas para encontrar a Iluminação e se livrar do sofrimento. Essa resposta atingiu o coração do príncipe com a força de uma bomba, fazendo-o tomar a decisão de deixar o palácio, os luxos para se tornar um monge e ajudar outros a se libertarem do sofrimento.

A SAÍDA DO PALÁCIO
O dia em que Sidarta abandonou o palácio também foi o dia em que seu filho nasceu. Firme em sua decisão, ele quis ver o filho antes de partir, e o encontrou dormindo. Sem querer acordá-lo, deixou-o com a promessa silenciosa de que um dia voltaria para cuidar dele. Depois, cavalgou com seu servo para longe, trocou de roupa com o serviçal e se dirigiu às montanhas para encontrar os sábios e aprender com eles. O servo retornou e contou o ocorrido ao rei, que ficou desolado, mas nada pôde fazer. Segundo a lenda, o cavalo de Sidarta morreu de tristeza ao voltar para o palácio.

Conforme conta a tradição, o jovem aprendeu o sistema SAMKHYA com o mestre Arada-Kalama, e as técnicas de ioga com o guru Udraka Ramapura. Mas, mesmo assim, seu interior não estava calmo. Ele sentia que deveria partir para outras direções e, com este intuito, rumou com um grupo de ascetas para floresta. Se intuito era praticar mortificações e jejuns para atingir a Iluminação.

Ele percebeu que, por mais que castigasse seu corpo e jejuasse quase até morrer, enfrentasse o Sol ou a chuva sem nada a lhe cobrir o corpo, praticasse as posições de ioga nas mais diversas condições, esses extremismos não o estavam levando a lugar algum.

Quando externou suas preocupações para seus companheiros de senda, eles disseram que ele estava se desviando do caminho, que deveria treinar com mais afinco. Embora ainda fizesse toda a série de mortificações, Sidarta percebia que estava longe de seu objetivo. Em uma das passagens pela floresta, uma moça percebeu o quanto ele estava fraco e ofereceu-lhe um pouco de água e arroz, que ele aceitou de bom grado. Mas seus companheiros, ao ver isso, repreenderam e abandonaram-nos, pois segundo afirmavam ele não era digno do caminho dos SADHUS[renunciantes].

Com as forças renovadas, SIDARTA percebeu que a verdade e a libertação, não estavam nos extremos. Fosse na luxuria ou nas mortificações, ele nunca encontraria as respostas que procurava, pois elas estavam no meio termo, no CAMINHO DO MEIO. Com isso em mente, ele decidiu ir até o fim para descobrir a VERDADE. Para isso, escolheu uma figueira, sentou-se embaixo dela e fez o juramento de que, mesmo se sua carne definhasse e seu sangue secasse, ele só se levantaria dali depois de obter a Iluminação. Tão firmes eram sua determinação e vontade que GAUTAMA a obteve naquela mesma noite.

Foi então que ele percebeu a razão de tudo que ocorria ao homem, soube quem era e quem havia sido, que há 500 encarnações ele vinha se preparando para a Iluminação.

Também percebeu que não havia nada e nem ninguém para auxiliar no seu processo de busca e conhecimento: toda a verdade e o saber estavam em seu interior. Compreendeu que essa mesma verdade se aplicava a todos os seres humanos, que essa era a chave para acabar com o sofrimento.

Conta-se que MARA[rei dos demônios], percebendo que o seu domínio sobre os homens seria afetado, atacou o iluminado com todas as suas artimanhas, desde elefantes enlouquecidos e guerreiros místicos, até belas donzelas em trajes diáfanos. Mas, uma a uma, tais ameaças foram desviadas por SIDARTA, que já havia se tornado o BUDA.

Firmem em seus propósitos, continuou noite adentro e, quando a estrela da manhã surgiu no horizonte, BUDA despertou com toda a força de sua Iluminação. Segundo contam as escrituras budistas, isso ocorreu na lua cheia de maio, que no calendário hindu é chamada de VESAK, data que se tornou especial no budismo – uma espécie de Natal, pois representa o momento em que nasceu o grande salvador do mundo, aquele que havia atingido a Iluminação por si mesmo.

Sidarta tinha 35 anos quando isso aconteceu. Após ter atingido a iluminação, ele ainda permaneceu mais sete dias sentado no local, desenvolvendo uma forma de transmitir aos homens o que havia descoberto, para que não só ele, mas todos, pudessem atingir o estado de BODHI[ILUMINAÇÃO].

O CAMINHO E A VERDADE
No período final de sua meditação, ele havia deduzido quatro VERDADES NOBRES que são:

ð o sofrimento existe; sua origem é o desejo; sem desejo não há sofrimento; pode-se chegar a eliminá-lo por meio da SENDA ÓCTUPLA, que consiste em:

1. intenção correta;
2. visão correta;
3. palavra correta;
4. ação correta;
5. vida correta;
6. esforço correto;
7. mente correta;
8. concentração correta
.


Com isso, ele definiu uma didática para ser mantida mesmo após sua partida deste plano. Essa forma de pensamento era inovadora, pois quebrava o sedimentado sistema de castas indiano e colocava em xeque o destaque que os gurus e religiosos usufruíam na sociedade hindu. BUDA ainda foi além, afirmando, em mais de um discurso, que os praticantes do BUDISMO deveriam questionar seus mestres, inclusive ele. Somente a doutrina que sobrevivesse a tal escrutínio teria a chave para a libertação.

Seguindo suas próprias palavras, o Iluminado em Benares mendigando como um sadhu errante foi ter com os cinco renunciantes que o haviam deixado para trás, por não considerá-lo digno de ser monge. Ao chegar ao Parque das Gazelas, proferiu seu primeiro sermão, que tem para o budismo a importância do Sermão da Montanha para o catolicismo. No momento em que os monges o viram, percebem que ele era o Iluminado. Após ouvirem suas palavras, os cinco atingiram SAMADHI [O Supremo estado de Bem-aventurança] e se uniram à ordem que acabava de nascer: O BUDISMO.

A LUZ DA ÁSIA
Sidarta Gautama começou a andar por toda a Ásia e converter um grande número de pessoas, a tal ponto que a classe sacerdotal se viu acuada e pediu que seu pai fizesse algo. Ele convocou Sidarta, que atendeu o pedido do pai. Afinal, embora fosse um Iluminado, ainda atuava com o máximo de ética e educação.

O Buda chegou a seu palácio acompanhado por mais de 20 mil seguidores e, durante sua estadia, converteu o primo ANANDA, que se tornou seu grande amigo e herdeiro de seu legado. Também tornou monge seu filho, e foi repreendido por seu pai. O rei entendia que, apesar de ser um Iluminado, ele não poderia ordenar crianças sem que elas atingissem uma idade mínima, o que foi aceito por Buda e virou regra desde então.

Ainda em sua terra natal, Sidarta foi vitima de intrigas e emboscadas, algumas armadas por seu primo DEVADATA, das quais sempre se livrou. Conta a lenda que Devadata foi tragado por um dos infernos e lá queima em chamas até hoje.

Passados alguns anos, Buda foi visitado por Mara, o Rei dos Demônios, que havia sido vendido na noite de sua Iluminação. Mara lhe perguntou se ele deixaria seu corpo físico e Buda respondeu que sim, três meses a contar daquela data. Ele explicou que a morte e o fim do corpo físico é uma lei universal à qual até ele deveria obedecer, mesmo tendo a capacidade de viver milhares de anos, se assim quisesse.

Depois disso, ele convocou os mais diversos seres, desde demônios serpentes até criaturas celestiais, e ordenou que todos observassem a sua lei, que ela não fosse quebrada e afirmou que, por meio de sua prática, muitos seriam libertados.

Com a saúde abalada em virtude de alguns alimentos que lhe foram ofertados em suas andanças, ele caiu de cama e faleceu aos 80 anos, deitado com a face para o poente e a cabeça em direção ao norte, debaixo de duas árvores. Entrando em êxtase, ele abandonou o corpo em meio a seus discípulos.

Durante o processo de sua morte, Buda vaticinou os cismas que deveriam ocorrer, como de fato ocorreram, e que transformaram o BUDISMO em um amálgama de diferentes visões – uma teia que interliga diferentes pontos de vista, desde o lamaísmo tibetano até o zen-budismo japonês – todas iluminadas pelos ensinamentos da LUZ DA ÁSIA: SIDARTA GAUTAMA, o SAKYAMUNI BUDA.
-
[Texto de Alex Alprim_ Sexto Sentido Especial_Grandes Iluminados]

Nenhum comentário:

Postar um comentário