O ser humano é o Princípio Divino personalizado. Esse princípio personalizado é uma força em evolução. A evolução mística consciente ocorre naquele purificador momento de iniciação em que surge na consciência a percepção de que a Alma Suprema é TODA MENTE – TODA AMOR.
Mas se há evolução do EU, portanto, qual a sua meta?
A meta é a perfeição do ‘principio’ personalizado ao ponto em que se torne desindividualizado. Todo ele se torna princípio, puro princípio, nada mais – o mecanismo da evolução que chamamos ‘carma’. Entretanto, não estamos interessados aqui simplesmente pelo nome, pelo rótulo ‘carma’. O que devemos saber é: quais são os mecanismos? Usando a lei do triangulo, descobrimos que existem três dimensões pelas quais a personalidade evolui. Essas dimensões são as do Carma Moral, Carma Psíquico e Carma Criativo. O maior deles é o Carma Criativo.
Se nos perguntassem ‘por que usar o termo dimensão?’ a resposta só pode ser a de que isso se assemelha ao problema de espaço que o arquiteto enfrenta ao construir um edifício.
Pelas leis da construção, não pode ele construir qualquer tipo de edifício sem usar as dimensões de altura, largura e profundidade. Nós também estamos criando uma mansão, que é a condição, a morada em que viveremos nos amanhãs. Essa mansão, porém, pertence inteiramente a nós, ao nosso interior. Seremos melhores arquitetos do nosso futuro se soubermos que o “um é três” e o “três é um”. Devido a que cada uma das três divisões do carma possui magnitude por [e no interior de...] si mesma, ‘dimensão’ é um termo que não só define exatamente cada qual, mas transfere o tema, carma, do reino do abstrato ao reino do específico.
Para alguns, o carma tem significado compensação apenas por nossos pensamentos e ações morais. Mas essa compreensão do carma existe na consciência duma pessoa que está só alguns passos à frente da crença “céu-ou-inferno” das religiões ortodoxas. O Cósmico não nos coloca em situações que sejam ou boas ou más. Quaisquer que sejam nossas futuras condições, somos nós que a criamos. Entretanto, existe o Carma Moral, que constitui a primeira dimensão.
Seu axioma é o Amor Divino. Se todos nós compreendêssemos corretamente essa verdade sublime, e a incorporássemos completamente em nossa vida diária, seria impossível realizarmos algo imoral. Sermos bons, fazermos o bem, seria tão involuntário quanto o batimento cardíaco. Quando o coração do nosso Ser estiver batendo, pulsando, impelindo o sangue da vida espiritual – o Amor Divino – então, e somente então, saberemos que estamos sincronizados com o Coração do Pai.
Quando o estudante de ocultismo fala que leva consigo capacidades psíquicas de uma outra encarnação, raramente pensa nisso como carma – mas trata-se de carma. O axioma da ‘segunda dimensão’, o ‘Carma Psíquico’, é o domínio do EU psíquico sobre o físico. Deve-se compreender que as capacidade psíquicas que possuímos em determinado momento foram adquiridas por esforços através de um ou de outro método. Por isso, criamos, como Carma Moral, certas condições na personalidade, e o mesmo ocorre como o Carma Psíquico, isto é, criamos determinada capacidade para uso da personalidade.
A terceira dimensão do carma é, em muito, a mais importante para a personalidade.: a do Carma Criativo. Seu axioma é a capacidade de a personalidade prestar serviços. É esse princípio que o Cósmico usa para elevar o homem a uma civilização espiritual maior. É por essa dimensão especifica, a do Carma Criativo, que estamos interessados aqui.
SEJAMOS MODERNOS_
Para que possamos explicar o Carma Criativo, devemos lançar as bases sobre as quais ele está edificado. Se a pessoa deseja ser útil nesta e em futuras encarnações, precisa ser um verdadeiro representante de nossa época. Novas idéias surgem apenas na mente daqueles que estão sintonizados com as necessidades e problemas de sua época. Seria, acaso, possível hoje que alguém cuja mente estivesse muito atrasada no tempo criasse algum novo uso para a energia atômica? Isso seria impossível! Por isso, a primeira coisa que se faz necessária é extirpar da mente todos os conceitos antiquados que a estorvam. Em outras palavras, é preciso que sejamos verdadeiramente modernos.
Mas o que é ser verdadeiramente moderno?
Carl Jung, o grande psicanalista, sabiamente observou que a única diferença entre o selvagem e o civilizado é a dos conceitos. O selvagem primitivo demonstra tanta inteligência, ao enfrentar os problemas do seu ambiente, como nós ao enfrentarmos os nossos. Entretanto, nós, deste nosso estrato, possuímos um conjunto diferente de conceitos – numa ordem superior. Por conseguinte, é no mundo dos conceitos – o mundo da mente – que constatamos o verdadeiro moderno, e não em seu ambiente, nem na época em que vive. Muitas mentes ilustres de épocas passadas foram tão modernas em pensamento quanto muitas pessoas de hoje.
O ponto crucial de ser ou não ser um homem moderno não pode ser avaliado pelos padrões do homem comum. Se perguntássemos a um homem comum se ele se considera uma pessoa moderna em mentalidade e vida e, em caso afirmativo, por que, com ênfase ele nos diria que é moderno não só porque desagrada-lhe o antiquado modo de vida, mas porque em sua casa tem ele telefone, maquina de lavar, refrigerador e também um carro. Ele, portanto, deve ser um verdadeiro homem moderno. Isso é tudo o que para ele significa ser um ‘homem moderno’.
QUATRO PEDRAS FUNDAMENTAIS_
Mas esse homem comum ficaria surpreso em saber que nada mais é que alguém ‘enquadrado em nossa época’. Para avaliá-lo, não lhe perguntamos se ele gosta ou não gosta, usa ou não usa certo aparelhos mecânicos em seu lar ou local de trabalho. Testamo-lo extraindo alguns de seus conceitos, sem os quais ninguém poderia contribuir com uma coisa criativa sequer para a evolução do homem. Por conseguinte, nós que somos estudantes de misticismo [se nos referirmos absolutamente ao homem comum] e que buscamos criar dentro duma ordem superior de serviço, devemos orientar nosso pensamento pelo verdadeiro modernismo. Esses padrões são os conceitos que nutrimos a respeito dos:
=> sistemas econômicos ou sociais;
=> da ciência;
=> da religião;
=> e estética.
Essas são as quatro pedras fundamentais – o quadrado sobre o qual se alicerça a civilização.
É óbvio que todo o plano de vida do homem primitivo se baseia nesses quatro alicerces, assim como o nosso. O ser primitivo usa suas ciências para obter alimento e abrigo. Possui sua ordem social. Possui sua religião. Possui sua arte ou estética. Nossa civilização difere da sua apenas em refinamento. Em outro sentido, esses conceitos são só ferramentas - uma alavanca que o Cósmico usa para elevar o enorme corpo de massa humana de seu estado primitivo, da grande valeta em que caiu. É através da consciência do homem racional que o Cósmico opera para realizar o refinamento. Esses homens são as personalidades que conhecemos e de que nos lembramos como os “reveladores” de hoje e de épocas passadas.
Portanto, se são esses quatro conceitos “fundamentais” que o Cósmico usa, devem eles ser analisados e definidos para que cada um de nós os conheça em sua essência,pois, repito, a menos que nossa consciência esteja infusa com a essência desses conceitos, não podemos nos considerar verdadeiramente modernos.
1] Ciência, a inquirição do desconhecido.:Devemos estar sintonizados com as mentalidades cientificas que laboram atualmente, para que outro véu de trevas possa ser levantado amanhã. A ciência procura descobrir as causas e, depois de descobri-las, empenha-se em utilizá-las em benefício do homem. É ela a inquirição do desconhecido. O homem comum vive pelo que é conhecido; nós devemos conhecer o que é desconhecido. Não é preciso que todos os segredos estejam ao nosso alcance, mas precisamos saber que há conhecimento por ser revelado e que há trabalho por ser feito. E o que é mais importante, devemos ser capazes de prever os efeitos que as novas leis cientificas, ou a introdução de novas invenções cientificas, exercerão na ordem social, religiosa e estética. Um exemplo disso encontrado no passado é o da “Teoria de Copérnico” sobre o Universo. Esse novo conceito cientifico alterou todo o campo do pensamento social, religioso e estético. Hoje, faz isso a “Teoria da Relatividade”, de Einstein, que não só está revolucionando a ciência, mas seu impacto em nossa vida é tão tremendo que aqueles que não podem antever suas conseqüências lógicas e aqueles que não se dispõem a dominá-la olham o futuro com o ar de desespero e inutilidade. Recordem o efeito da ‘bomba atômica”.
2]A Ordem Social, a luta pela sobrevivência.: A ordem social é a primeira a sentir o impacto da ciência. A religião ensina que o homem não vive do pão apenas. Mas aqui aprendemos que devemos primeiro conseguir o pão. O pão sempre foi o símbolo das necessidades materiais do homem, e é como tal estamos usando esse termo aqui. O homem comum não tem a fortaleza espiritual de sustentar suas convicções quando lhe falta o pão.
Quando o pão só pode ser obtido como prêmio de guerra entre dois homens, é então que o homem retrocede seu comportamento ao do selvagem. O místico sabe que a ordem social não é um sistema de regras e regulamentos políticos, mas um grande laboratório no qual as leis da economia são usadas para criar um sistema que satisfaça eqüitativamente a necessidade de pão, a necessidade primordial.
3]Religião, o chamado a Deus.: A religião representa a mais alta ordem moral que o homem pode conceber como um padrão de conduta entre os homens e entre eles e o Criador da vida. Por trás disso há um impulso emocional de adorar um Ser Supremo. Esse impulso é tão real e poderoso na constituição do homem quanto seu impulso de buscar abrigo e alimento. Mas o conceito, a compreensão desse impulso, é uma coisa que evolui. O místico deve saber que na religião encontra-se a origem de muitos dos temores, repressões, inibições e superstições. Esses são os bloqueios emocionais que, como uma âncora, ficam atados ao pescoço espiritual do devoto. Surgem e são nutridos num grande volume de interpretações religiosas errôneas. As verdadeiras e prístinas religiões procuram LIBERTAR, não escravizar. Esse é o estandarte que o místico deve manter asteado.
4]Estética, o espírito criativo.: A arte ou estética é o supremo esforço criativo do homem em expressar a percepção que ele tem do mundo em que vive. Ela procura interpretar as forças que operam no pensamento e viver do homem. Torna-se ela um símbolo. A arte criativa jamais copia ou imita a aparência física dum objeto, mas trabalha para exprimir o espírito sutil do objeto. Sempre está à frente de seu tempo. O esteta – o artista – registra esse espírito em música, pintura, literatura, etc., na forma como surgem, mas que a “massa humana” não o reconhece até que um poder plenamente amadurecido se manifeste como parte integral da vida diária humana. O místico deve conhecer essas forças. Precisa saber quando surge esse espírito. Isso, naturalmente, significa que o místico é também um esteta. Aliás, não se pode ser um místico desenvolvido a menos que se seja antes um esteta. O esteta cria. O EU deseja ver suas criações – seus reflexos. O esteta místico, portanto, ao interpretar o surgimento de certo poder, cria um novo reflexo do EU do homem.
Como já afirmamos, o conceito das quatro pedras fundamentais e sua análise é o critério que de o místico possuir ao se conformar à causa da evolução espiritual do homem. Poderá haver uma falsa ciência, falsa ordem social, falsa religião e falsa estética. Demos aqui o padrão e a medida de cada uma delas, e esse padrão é tão fundamental que reflete todos os períodos da história. Esses padrões são verdades [”atualidades”], mas sua realidade [a forma como percebemos sua operação no mundo de hoje] é a coisa mais importante para nós como estudantes de ocultismo. Por isso, aquele que está procurando desenvolver-se na dimensão da responsabilidade moral, e na da esfera psíquica, deve aprender a conhecer a plena importância das tendências e conquistas da ciência, da ordem social, religiosa e estética, em beneficio do seu Carma Criativo – incorporando em sua consciência a medida total de cada uma, a ponto de, voluntária e involuntariamente, reagir ao novo e ao melhor desta e da próxima encarnação. Isso, e somente isso, faz do nosso ser um verdadeiro moderno.
Somente isso é criativo. No poder ou na vontade de cada um está a oportunidade de se tornar, nesta ou em futuras encarnações, algo que não se é. Tenham em mente aquilo que foi postulado no começo deste artigo: não é suficiente lutar por mais pureza e mais desenvolvimento psíquico. O Mestre Interior necessita duma personalidade de que possa se utilizar para levar a LUZ do conhecimento ao coração e mente dos homens.
Se a pessoa só tem desenvolvimento moral e psíquico, poderá o mestre usá-la para revelar alguma grande verdade cientifica? É claro que não. Assim, se a pessoa, através de muitas encarnações, não só continua a se desenvolver moral e psiquicamente, mas se prepara cientificamente, o mestre interior pode facilmente aceitar o serviço dessa personalidade. Se assim não fosse, a finalidade da doutrina da reencarnação cairia por terra.
Será que podemos imaginar que Einstein ou Milikan não estiveram envolvidos em empreendimentos científicos numa vida passada? Um Rembrant em pintura? Um Jesus em religião? Os conhecimentos e as técnicas dos conhecimentos não foram acumulados numa única vida.
PASSAGEM DE ENCARNAÇÕES_
Percebemos, assim, onde se encontra o caminho que leva ao Carma Criativo, a terceira dimensão. Devemos ser “modernos” em todos os planos. Mas se o nosso maior interesse e capacidade está, por exemplo, no campo cientifico, continuando a nos preparar para esse serviço, encontraremos maiores oportunidades nesta e nas próximas encarnações.
Nossa finalidade deve ser a estimulação do pensamento nas linhas do viver criativo progressivo. Como toda a literatura esotérica nos ensina, não existe um ponto de parada. Infelizmente, muitas pessoas progridem a passos muito lentos. Imaginem um ser humano passando de uma a outra encarnação, século após século, e carregando em sua consciência conceitos de dois séculos atrás! Uma pessoa assim é intelectual e emocionalmente estéril. Para ela, a ciência não significa mais que engenhocas mecânicas. No mundo social, não passa ela duma ovelha num rebanho. Em termos religiosos, ela se afina com os pagãos. Em estética literária, não vai além de histórias de sangue, crime e escândalo. Para ela, as grandes artes criativas são desconcertantes e confusas, e a boa musica é aborrecedora. Nossa recusa em sermos “modernos” não só traz danos a nós mesmos, mas é um grande crime – o crime de perpetuar a nossa própria ignorância. Com todo o alcance de nossa imaginação, será que podemos conceber algo mais monstruoso?
A divindade do principio que é o EU, o coração de Deus – o coração do homem, o sopro de Deus – o sopro do homem, tudo isso nada é para o homem se não for em sua compreensão. “Em todas as suas consecuções, consiga compreensão”, disse um mestre. Certamente, parte não pouco importante da compreensão é a percepção de que o homem cria seu próprio mundo. Por isso, como o Pai cria e governa por meio de sistema e ordem, nós também devemos criar por meio de sistema e ordem. O Carma é instrumento. As dimensões são seus mecanismos. A terceira dimensão torna mais brilhante o reflexo da LUZ MAIOR.
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[Texto de Fred. A.Owens]
9 de fev. de 2010
O Carma Criativo
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