Será que podemos dizer que a alguns homens escolhidos foi concedida a SABEDORIA das eras – que ‘alguns’ homens possuem conhecimentos que não são comuns e compreensíveis a todos? Essa afirmação não pode ser feita sem alguma alteração. A pergunta lógica seria: ‘escolhidos por quem e por quê’?
Conhecimento compreensível! A compreensão pressupõe uma base de entendimento e uma completa percepção consciente. Mas a ‘base de entendimento’ depende da ‘relatividade’, e esta da apresentação de fatos...
Afirma-se que ‘conhecimento’ é o “estado de ser ou de ter se tornado consciente do fato ou verdade”. A posse do fato e da verdade, que essencialmente são uma coisa só, constitui conhecimento. A educação é a ‘transmissão ou aquisição de conhecimento’ - consistindo em fato e verdade...
“O conhecimento”, diz o místico, “é a soma dos fatos e verdades colhidos da experiência, educação ou compreensão, sem preconceito com relação ao canal pelo qual o influxo de conhecimento possa advir, a fonte da educação, sua natureza, ou a objetividade da compreensão”.
Para o místico todo fenômeno requer observação cuidadosa para que seja classificado e relacionado corretamente com outras causas ou com a grande causa primordial. Não mais o místico pode ser considerado ‘aquele que sustenta a possibilidade duma relação inequívoca, direta e consciente com Deus através duma espécie de êxtase’, a menos que esse êxtase inclua todo método sadio de raciocínio...
O místico não sente qualquer estranheza em sua comunhão com Deus através de todos os fenômenos. Para lê, o contato com Deus não apenas é possível, mas é uma constante realidade, através do estudo da mais diminuta forma de vida celular.
Para ele a ‘compreensão’ é fundamental - ele compreende o que outros não compreendem, entende o que os outros não podem entender. Se a base do entendimento é a ‘relatividade’, o Místico tem perfeito entendimento sobre porque descobriu a verdadeira relação de todas as coisas e todas as leis...
Essencialmente, portanto, o Místico e aquele cuja compreensão está baseada num entendimento divino de coisas fundamentais; e aquilo que ele analisa deve revelar fatos verdadeiros... que se associam com os fundamentos bem estabelecidos em sua consciência.
Meras abstrações não encontram lugar no verdadeiro conhecimento... Toda lei deve ser ‘demonstrável’ e deve enquadrar-se no esquema perfeito das coisas, segundo revelação de seu conhecimento e compreensão singulares.
Será que não poderemos, portanto, dizer que a poucos homens advém a sabedoria que não é comum a todos? E não será a lei da escolha tão lógica e justa quanto todas as outras leis da natureza?
A LEI DA ESCOLHA
O primeiro mandamento do decálogo da Lei da Escolha é:
1] “Desejarás a sabedoria com um coração isento de dúvidas!”
A dúvida é a lança envenenada do Maligno, com a qual ele nos espeta em nossas inquirições e pesquisas, mas também nos tortura tanto que acabamos nada mais desejando além da libertação do veneno da ‘ansiedade específica’. A dúvida nos conduz por um caminho longo e escuro, rumo à porta atrás da qual esperamos encontrar a luz, e rejubila-se com o fato de que nos mantém nas trevas e nos impede de perceber os muitos portais que não havíamos notado.
O segundo mandamento é:
2]”Não serás crédulo!"
A credulidade é definida como débil ou ignorante consideração quanto à natureza ou força da evidencia sobre a qual uma crença está fundamentada ... em geral, uma disposição, proveniente da ignorância ou debilidade de acreditar-se prontamente – especialmente em coisas impossíveis ou absurdas”.
Em que é que a dúvida e a credulidade diferem essencialmente? Ao duvidarmos, não estamos considerando a evidencia apresentada? Não demonstramos disposição para crer? Não substituímos certa crença, em geral nossa credulidade preciosa, pela de outra pessoa?
O místico nem duvida nem é crédulo. Exige e ‘busca’ a prova. Ele não acredita em nada – ou sabe ou não sabe.
O terceiro mandamento é:
3]”Buscarás com uma mente aberta!”
Isso parece muito simples. Mas ousamos dizer que a média dos homens de negócios não abrem o jornal pela manhã sem estarem dispostos a encontrar ali o que confirmará suas idéias preconcebidas ou que fortalecerá suas dúvidas e credulidade.
Uma mente aberta? A oscilação no número de membros duma congregação deve-se à determinação que o buscador da verdade bíblica faz no sentido de que essas revelações coincidam com suas noções preconcebidas ou que venham ao encontro das crenças mutáveis de sua mente vacilante...
A verdade deve primeiro estabelecer sua capacidade de lembrar o caráter das coisas no interior da mente do buscador, ou o buscador não penetrará na câmara para aprender!
O quarto mandamento é:
4]“Buscarás com humildade e sinceridade!”
Para o humilde todas as coisas são possíveis. Isso não é uma abstração para o Místico – que a ‘sabe verdadeira’...
Humildade não é submissão no sentido da submissão que impede a existência do caráter e magnetismo pessoais. A humildade dirige o caráter e o magnetismo pessoal a canais eficientes, proporcionando expressão mais livre à personalidade interior enquanto o manto exterior é calmamente abandonado.
A pessoa deve aprender que a alma é apenas uma parte do infinito, residindo temporariamente num corpo mortal, e que a compreensão e a harmonização perfeitas dependem da percepção da humildade da alma e da relação com Deus, isenta de qualquer espécie de poder temporal.
A sinceridade parece uma qualificação óbvia, mas, como a da mente aberta, raramente existe no grau necessário a que se cumpra o mandamento. O Lord Lytton, disse: “O entusiasmo é o espírito alentador da sinceridade.” Se a sinceridade da pessoa não se manifestar em entusiasmo [e numa disposição de fazer sacrifícios em favor da busca], a busca da Sabedoria, que só se manifesta ao humilde e sincero, é infrutífera.
O quinto mandamento do decálogo é:
5]“Aproxima-te com reverência daquilo que é Sagrado!”
No sentido de que o que é Sagrado é santificado, podemos concordar com a afirmação do Místico: “Eu santifico aquilo que está livre de equívocos morais, físicos e espirituais. Aquilo que é de caráter nobre, puro e inviolável, e que se prova um eficiente meio para a felicidade anímica e bem-aventurança espiritual, é verdadeiramente santificado.”...
O Místico sempre tem consciência do ‘fato’ de que em Deus e através de Deus são todas as coisas. Na operação de toda a lei em todos os fenômenos naturais, o Místico vê a mente de Deus e reconhece a ‘divindade’. Para ele, tudo é ‘sagrado’, por sua própria natureza e por existir simplesmente.
Aproximar-se com reverencia do ‘umbral’ do conhecimento místico é como aproximar-se da presença de Deus com santidade no coração e na mente.
O sexto mandamento é:
6]“Não por direito, mas por privilégio desfrutarás o conhecimento!”
É tão simples acreditar que o conhecimento devesse ser propriedade comum de todos os homens, por ‘direito’. É verdade que Deus nos concedeu olhos para ver, ouvidos para ouvir e um cérebro para compreendermos e recordarmos. Mas esses dons são privilégios, e tudo o que é retido na consciência, como resultado do funcionamento das faculdades sensoriais, é um privilegio e não um direito. Assim diz o Místico.
A aceitação de um dom não acarreta maior obrigação de reconhecimento e reciprocidade que o uso dum privilégio nos obriga a sentir o inegoísmo do nosso benfeitor. Por isso, lógica e racionalmente, o Místico concorda com o outro mandamento do decálogo...
O Sétimo mandamento é:
7] Com um coração abnegado beberás do vinho e compartilharás do pão na festa dos Sábios Místicos!”
O vinho que enche o corpo com o espírito da vida e o pão que fortalece os tecidos do ser mortal: esse o místico partilha com um coração altruísta.
Será inegoísmo buscar-se o conhecimento pelo qual se possa vangloriar do poder assim alcançado, ou usar esse conhecimento exclusivamente para o progresso pessoal, ou negar aos outros qualquer serviço que possa ser prestado pelos benefícios colhidos desse conhecimento? Isso constitui aquele ‘egoísmo’ que deve ser purgado do coração e da mente para que a Iluminação divina possa manifestar-se na compreensão das maiores verdades.
O Oitavo mandamento é:
8]”Amarás teu semelhante pelo amor que Deus te deu!”
Pode parecer meramente filosófica a afirmação d que todo Amor é de Deus. Se qualificarmos o termo Amor, interpretando-o como o principio de atração compassiva ou prazerosa dos seres sencientes e racionais [que é puro, nobre e bom], poderemos seguramente concordar que o Amor é Deus é Deus em manifestação a nós aqui na Terra.
Visto que Deus inspirou Amor m nós, devemos amar nossos semelhantes. O Místico sabe que aparentemente é impossível amar o seu semelhante como ele mesmo. Mas como provam todos os atos e pensamentos do verdadeiro Místico, acha ele possível amar seu semelhante com a inspiração que lhe permite ser amável e tolerante, justo e obsequioso, cordial e prestativo, atitudes que todo homem espera que Deus manifeste a ele, por causa do Amor que habita em Deus.
...Não é preciso estabelecer-se outra fraternidade universal que não a da expressão do Amor de Deus que, potencialmente, está no coração de todos os seres humanos. Quando o alvorecer da Consciência Mística chega ao neófito, junto chega a compreensão de que toda a humanidade está unida divinamente por um laço Infinito.
O Nono mandamento é:
9]” Preparar-te-ás para a missão de tua existência!”
Nascemos para cumprir uma missão na vida!... Não é preciso acreditarmos que cada personalidade-alma foi colocada num corpo físico para cumprir certa missão predeterminada... Viemos a esta vida ignorantes e sem poderes ou capacidade, exceto os que Deus nos conferiu. Com esses dons adquirimos, por privilégio, outros conhecimentos e capacidades. Esses dons nos obrigam a usá-los para a finalidade que Deus tinha em mente ao concedê-los a nós – e isto se torna nossa missão na vida: ‘fazer aquilo que beneficiará os outros e trará Luz do conhecimento e a paz da compreensão àqueles que não as possuem.
Devemos nos preparar para essa missão - aprender a enxergar bem, pois quanto melhor for nossa visão e acurada a nossa interpretação, melhor será a nossa compreensão...
Devemos ampliar o nosso armazém de memória para que disponhamos da faculdade de recordar aquilo que servirá a nós ou aos outros quando preciso. Devemos conhecer as leis da natureza para que disponhamos das potentes possibilidades que sempre estão ao nosso alcance e esperam a nossa aplicação. Devemos nos preparar para que, quando surgir a oportunidade ou a ordem de cumprirmos a ‘missão’, estejamos prontos em conhecimento e experiência para realizar aquilo que nossa preparação nos inspire a fazer como nossa ‘missão.
O Décimo mandamento é:
10]”Agirás segundo a Trindade – Consagração, Cooperação e Organização!”
Este último mandamento revela o objetivo deste artigo. Visa ele oferecer-lhe a oportunidade de seguir os mandamentos do decálogo e, pela preparação que só advêm a poucos, cumprir sua missão na vida. Pela consagração de ideais, cooperação com outros inspirados analogamente, devemos auxiliar de modo organizado a difundir a Grande Luz nos vales obscurecidos do nosso planeta.
Considere isto um convite a obedecer o terceiro e quarto mandamentos deste artigo. E tendo assimilado esta mensagem, você a transmitirá, de acordo com o sétimo mandamento, àqueles que compartilhem da oportunidade que chegou a você. Desse modo esta mensagem chegará a muitas pessoas, não ficando restrita ao coração de somente um. Considere-se escolhido para distribuir esta mensagem entre os seus conhecidos que estejam interessados, que por sua vez a transmitirão a outros. Em silencia, e sem nome ou personalidade, a chegará alguém que está buscando, e assim se cumprirá a missão dum simples artigo.
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[Texto de Spencer Lewis]
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