14 de abr. de 2010

Uma Descoberta dos Antigos Egípcios_Pode Ajudar a Purificar os Estoques de Sangue


Substância química de planta destrói bactérias e vírus.

Fazendo uso de uma descoberta que os médicos egípcios fizeram há aproximadamente 5.000 anos, pesquisadores desenvolveram uma nova maneira para destruir vírus e bactérias que podem infectar o sangue estocado nos bancos de sangue, para transfusões.

Dizem eles que, em última análise, os bancos de sangue podem se tornar ainda mais seguro do que são hoje – e completamente protegidos até mesmo do HIV, o vírus da AIDS.

Os médicos do antigo Egito observaram que quem comia uma erva muito comum, que crescia nas margens do Nilo, logo desenvolvia queimaduras solares graves, marcadas por um forte escurecimento da pele ao ser exposta à luz solar intensa.

Aqueles médicos não perceberam que tinham descoberto uma classe de substancias químicas naturais que permaneciam inativas até que a radiação ultravioleta do Sol as fazia entrar em atividade.

Os egípcios usavam as plantas para tratar pacientes que sofriam da desfigurante moléstia chamada ‘vitiligo’, que produz manchas esbranquiçadas na pela porque algumas células perdem sua pigmentação.

As substâncias químicas das ervas egípcias chamam-se PSORALENOS, e são encontradas também em outras plantas, entre elas o ranúnculo, o figo, a lima e a pastinaga. Os pesquisadores modernos desenvolveram um processo conhecido como FOTOATIVAÇÃO, usando lâmpadas de ultra-violeta, a fim de converter a atividade química dos psoralenos numa arma para tratar uma forma letal de câncer da pele, o linfoma célula-T cutâneo, e a psoríase, moléstia cutânea mais comum e penosa.

TRANSFUSÕES MAIS SEGURAS

Agora uma equipe de cientistas da Universidade da Califórnia, em São Francisco, e do Departamento de Saúde da Califórnia aprenderam a pôr em atividade o psoraleno sintético, para descontaminar todo o sangue. Os cientistas acreditam que esse incremento pode garanti a segurança dos estoques de sangue para transfusão.

As séries de testes de triagem hoje usadas por todo banco de sangue podem detectar com quase total exatidão a presença de sete vírus causadores de doenças, inclusive o HIV. Entretanto, ainda que o sangue seja seguro, há sempre uma remota chance de que um vírus escape à detecção, e a capacidade de purificar com total exatidão todo sangue doado seria uma imensa contribuição para a segurança das transfusões.

O Dr. Laurence Corash, professor de medicina laboratorial na UCFS, e o Dr. Carl V. Hanson, chefe do laboratório de vírus do Estado, em Bekerley, lideraram equipes que testaram sistemas simples para eliminar vírus e bactérias no plasma e plaquetas do sangue, usando psoralenos ativados sob luz ultravioleta.

O Federal Food and Drug Administration, dos Estados Unidos, autorizou o primeiro teste humano, no qual pacientes voluntários receberão transfusões de sangue tratado com um composto de psoraleno, irradiado com luz ultravioleta.

Entretanto, levará pelo menos 5 anos antes que as complexas séries de testes em seres humanos provem que o sistema é completamente seguro e eficaz, disse o Dr. Corash.

EXPERIÊNCIAS COM CHIMPANZÉS
Em experiências com chimpanzés, a equipe da UCSF contaminou o plasma de sangue humano com doses infectadas por vírus de hepatit, e tratou o plasma com um composto de psoraleno ativado por luz ultravioleta, antes da transfusão nos chimpanzés. A substância química rapidamente destruiu todos os vírus, e seis meses depois das transfusões nenhum dos animais apresentou qualquer evidência de infecção virótica, segundo relatos do Dr. Corash e seus colegas.

Em resultado de outras experiências por outros grupos de pesquisa, o Dr. Corash disse numa entrevista recente – “Há um grande número de dados que mostram que não foi encontrado um único vírus que o sistema não possa eliminar – esteja a infecção virótica dentro ou fora das células. E o sistema é tão simples que você poderia montá-lo na garagem de sua casa”.

Em outras séries de experiências, o grupo da UCSF concentrou-se na proteção de plaquetas sanguíneas contra a infecção por bactérias, um problema que pode ocorrer quando se estoca plaquetas por um tempo longo. As plaquetas são as células que fazem o sangue coagular, e as transfusões de plaquetas são essenciais para o tratamento de pacientes submetidos à quimioterapia contra o câncer ou os que passaram por transplante de medula ou de órgãos.

Em recentes experiências de laboratório, sacos de plástico transparente contendo concentrados de plaquetas, do Banco de Sangue da Alemanha-Contra Costa, foram inoculados com duas classes comuns de bactérias e três vírus; em seguida, tratados com S-MOP, um composto de psoraleno, e irradiados com luz ultravioleta de comprimento de onda longo. Os pesquisadores relataram recentemente no jornal cientifico BLOOD que o sistema inativou rapidamente todos os microorganismos, sem qualquer dano para as plaquetas e sua capacidade de executar sua função coaguladora.

INATIVANDO O VÍRUS DA AIDS
No laboratório Berkeley do Dr. Hanson, a equipe desenvolveu técnicas similars para inativar o vírus da AIDS destruindo seu núcleo genético, mas deixando intactas as proteínas da superfície externa do vírus. Deste modo, o vírus torna-se não-infeccioso e pode ser usado sem perigo para testes diagnósticos e outras experiências, segundo afirmou o Dr Hanson numa entrevista.

Trabalhando com pesquisadores da Cruz Vermelha, o Dr. Hanson e seus colegas estão investigando também outros compostos de psoraleno e diferentes comprimentos de onda de luz ultravioleta, a fim de tornar o sistema anda mais específico e eficaz.

“A perspectiva de aprender a inativar vírus conhecidos, e os ainda desconhecidos, que possam contaminar o sangue, é algo excitante” – disse ele.
-
[Texto de David Perlman, Editor da D.F. Science Chronicle]

Nenhum comentário:

Postar um comentário