15 de dez. de 2011

O Uno e o Verso do Universo

O Insondável (Tao) que se pode sondar
Não é o verdadeiro Insondável
O Inconcebível que se pode conceber,
Não indica o Inconcebível.
No Inominável está a origem do Universo.
O que é Nominável constitui a mãe de todos os seres.
O Ser indigita a Fonte Incognoscível.
O Existir nos leva pelos canais cognoscíveis.
Ser e Existir são a Realidade total.
A diferença entre Ser e Existir,
É apenas de nomes.
Misterioso é o fundo
Da sua Unidade.
Eis em que consiste a sabedoria suprema.
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Explicação: Tao é a Realidade Insondável, o Brahman Absoluto, a Divindade Transcendente, que, como tal, não é acessível ao nosso conhecimento finito. Tao, o Ser Ontológico, ultrapassa todo o nosso conhecer lógico. Só conhecemos a Divindade Transcendente na forma do Deus imanente. O nosso conhecer finito finitiza o Ser Infinito.

Tao é em si mesmo anônimo, inominável. Quando o nominamos, reduzimos a um plano finito o Infinito, relativizamos o Absoluto, parcializamos o Todo, colorimos o Incolor, personalizamos o Impersonal. O que se pode dizer e pensar não é a Realidade Absoluto, que é indizível e impensável. Através dos óculos da nossa finitude humana enxergamos a Infinitude Divina, visualizando-a assim como nós somos, mas não assim como ela é.

O Ser e o Existir, a Essência e a Existência, o Uno e o Verso, constituem o Universo, a Unidade do Real na Diversidade dos Realizados, que é a Realidade Total.

A plenitude do Todo nos afeta como sendo a Vacuidade do Nada. Quem olha diretamente para a pleni-luz solar não enxerga nada – por excesso de Luz. A Essência do Ser é para o nosso conhecer como se fosse o Nada.

Para nós, somente o Algo Existencial é objeto de conhecimento – o Todo Essencial é totalmente incognoscível, como se fosse o puro Nada. Toda a sabedoria consiste em evacuarmos essa Vacuidade, em nulificarmos essa Nulidade, não para enxergarmos o Todo da Essência, mas para sermos invadidos pelo Todo.

Em linguagem de matemática diríamos: o “1” representa o Todo da Essência Infinita; o “0” simboliza o Nada da Não-Essencia; mas, se colocarmos o Nada da não-Essencia do lado direito do Todo da Essência, resulta o Algo da Existência: 10, 100, 1000, etc.

O Infinito gera do seio do Nada o Finito, ou o Algo.

O Algo Existencial é filho do Todo Essencial gerado no seio do Nada.

Brahman, o Pai Infinito, gera os mundos, através do seio de Maya, mãe de Todos os Finitos:1000000.

Os novos algarismos, que costumamos chamar arábicos, tiveram origem na Índia; o “1” simboliza o masculino; o “o” representa o feminino, e da união desses dois nascem todas as Existencialidades.

Intuir esta Verdade é Sabedoria suprema, diz Lao-Tse.

Sabedoria ou Sapiência, não é inteligência. Saber é saborear experiencialmente, intuitivamente, não é pensar analiticamente.

A ciência é o produto da inteligência – a sapiência é dádiva da razão.

A ciência vem do pequeno ego – a sapiência brota da Fonte do Grande Cosmos, que no homem se revela como o Eu e flui pelos canais humanos, se esses estiverem devidamente desegoficados e firmemente ligados à Fonte Cósmica.

A cosmo-plenitude plenifica a ego-vacuidade.
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Lao-Tse_Tao Te King

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