9 de ago. de 2010

Mudanças


Os padrões sempre fluentes de nossa vida são marcados por variações e momentos decisivos, mudanças desejáveis e indesejáveis. É essencial refletir sobre as mudanças a fim de compreendermos o progresso que tenhamos realizado como criaturas humanas.

Mudanças são inevitáveis em todas as vidas; mas às vezes é muito difícil lidarmos com elas. O desconhecido pode ser assustador e mesmo mudanças positivas podem ser muito estressantes. Os psicólogos usam uma escala de estresse que mede a intensidade da tensão comumente sentida devido a eventos especiais da vida, e descobriram que mesmo as mudanças mais desejáveis podem produzir estresse. Por exemplo, um novo casamento ou uma promoção no emprego podem causar grande felicidade, embora um forte estresse possa também ser sentido.

Mas, podemos nos preparar melhor integrar as mudanças da vida de maneiras positivas e satisfatórias. Chave para isso está na importância ao conhecimento do Eu Interior e ao insight que decorre de nossas experiências na vida. Sabemos que mesmo uma experiência de vida difícil pode proporcionar uma oportunidade para crescimento pessoal e maior compreensão de nós mesmos e do mundo em que vivemos.

Com efeito, com freqüência verificamos que uma mudança ou experiência que parecia a ‘pior coisa que podia ter acontecido’ acaba sendo um catalisador que dirigiu nossa vida para um sentido muito positivo e desejável.

Podemos perceber as mudanças como experiências de transição, revelando que, quando alguma coisa está terminando, uma outra está começando. Refletindo nisso sua compreensão de que um término apenas anuncia um novo começo nos padrões da vida que estão constantemente mudando.

NOSSO SACRIFÍCIO
É interessante notar que, todos nós temos um desejo em comum: o desejo de mudança em nossa vida. Mas para alcançá-la precisamos ter um compromisso interior com a mudança e estar dispostos a fazer os sacrifícios necessários.

Mas, que sacrifício precisam ser feitos? Os dicionários definem sacrifícios como a renuncia ou a destruição de algo valorizado ou desejável, em troca de algo considerado superior ou mais premente. A palavra ‘sacrifício’, que vem do latim, significa ’tornar sagrado’. Segue-se que a força do nosso compromisso pode ser medida pelas coisas que estamos dispostos a renunciar ou eliminar de nossa vida.

NOÇÕES PRECONCEBIDAS
Nosso sacrifício pode ser de renunciarmos a crenças muito estimadas e a noções preconcebidas, bem como, às emoções que as sustentam. Isso pode se tornar necessário porque precisamos então desenvolver novas habilidades e novos recursos para nossa vida diária, e aprender a usar os que já temos de maneiras novas e criativas. Podemos sentir necessidade de sacrificar muitos padrões familiares em nossa vida, para ‘tornar sagrado’ o novo rumo que escolhemos.

Se não renunciarmos à nossa velha maneira de ver as coisas e não mantivermos a mente aberta para um novo modo de pensar, simplesmente projetaremos nossas velhas crenças e não compreenderemos o que estivermos tentando aprender. Por exemplo, há uma estória a respeito de um homem chamado Mulla Nasrdin, que levou uma manada de jumentos para atravessar a fronteira do seu país com uma país vizinho, todos os meses, durante muitos anos. Quando os oficiais da alfândega lhe perguntavam qual era o seu negócio, ele sempre respondia, ‘contrabando’.Os oficiais davam e então uma busca na manada, mas nunca encontravam nenhum contrabando.

Anos mais tarde, quando Nasrdin tinha se aposentado, um dos oficiais da alfândega o encontrou no mercado e perguntou: ‘agora que você está aposentado, não quer me dizer o que era que estava contrabandeando todos aqueles anos?’ E Nasdrin respondeu: ‘jumentos’.

A razão pela qual os oficiais não conseguiram encontrar os objetos contrabandeados era que eles tinham idéias preconcebidas. Presumiam que esses objetos estariam escondidos e, por isto, não percebiam o ‘óbvio’.

Não é fácil fazermos essas mudanças em nosso pensamento, se confiamos sempre nos outros para nos dizerem em que deveríamos acreditar e como deveríamos nos comportar, ou se presumimos que já temos todas as respostas. Devemos examinar todas as opiniões que já tínhamos formado sem reflexão ou análise. Devemos aprender a pensar e verificar a validade de novos conceitos demonstrando-os a nós mesmos, não somente pelo estudo mas através de exercícios e experimentos. Assim aprendemos a testar, em nossa própria vida, os princípios das leis da natureza. Desse modo chegamos a conhecer uma verdade viva e não apenas acreditar nela. Graças a esse método, a validade do aprendizado é estabelecida por cada um de nós, em nossa própria vida.

O CONHECIMENTO DA VERDADE
Como podemos ver, as mudanças na vida não são apenas as que vem de fora, mas na realidade aquelas que o próprio ser humano desencadeia. Isso exige coragem e envolvimento, pois a senda não é fácil. Muitas vezes, somos obrigados a ver nosso mundo de uma nova maneira, diferente de como o percebemos no passado, e isto pode resultar num sentimento de desilusão. Em outras palavras, vivenciamos o processo de extirpar uma ilusão. Isso não é necessariamente uma experiência agradável, de modo que podemos ser tentados a retomar nosso velho e confortável modo de pensar. Mas, uma vez impressionados com a verdade, não podemos mais ser felizes em retornar. Com o apoio do Cósmico, encontramos nosso próprio caminho, passamos a conhecer a nós mesmos, nos empenhamos em servir aos outros.

Na lenda do Rei Arthur fala-se de certa noite em que os cavaleiros estavam reunidos na Távola Redonda. O Rei se recusou a deixar a festa começar antes que ocorresse um milagre. Logo apareceu uma forma velada do Santo Graal. Em função dessa experiência mística, Sir Gawain propôs uma aventura. Foi decidido que cada um deles passaria um ano procurando o Graal, sozinho e começando por entrar nos pontos mais densos da floresta, onde não houvesse nenhum caminho.

A busca do Graal, por esses cavaleiros lendários, é a busca da verdade velada que é o Eu Interior. Devemos aceitar essa busca, sabendo que é algo que temos de fazer por nós mesmos, uma vez que se trata de encontrarmos nosso verdadeiro Eu. Mas as ferramentas e os ideais que podem nos servir nessa busca podem ser encontrados nos ensinamentos rosacruzes. Assim como os cavaleiros encontravam apoio e recursos na Corte do Rei Artur, nós os encontramos nos ensinamentos dos Mestres, para nossa busca tão pessoal. Essa busca é essencial ao nosso trabalho e constatamos que toda vida humana é enobrecida pelo dedicado esforço de conhecer a si mesmo.

As mudanças exteriores em nossa vida são meras distrações transitórias, mas as mudanças interiores definem quem somos. Citando Ralph Waldo Emerson: ‘o que está atrás de nós e o que está à nossa frente é insignificante em comparação com o que está dentro de nós.’
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[Texto de Donna G.O’Neill]




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