10 de mar. de 2010

Introdução à Parapsicologia _ Parte 2

Continuamos a informação prometida no artigo anterior. Desta vez trataremos de classificar os fenômenos ‘paranormais e dotados’, vale dizer, as pessoas que percebem ou produzem fenômenos psíquicos que não são comuns.

Mas antes quero me referir a uma característica ou função mental denominada PANTOMNÉSIA. Este termo significa ‘memória total ou completa’. Implica em que nosso subconsciente nunca esquece nada, tem tudo arquivado. Em certas condições, como durante sonhos, estados de relaxamento, etc., recordamos coisas que nos aconteceram muito tempo atrás. Por meio de técnicas hipnóticas, pode-se recordar até o momento do nascimento. Relacionada também com este fenômeno, temos a CRIPTOMNÉSIA, ou ‘memória de coisas ocultas’,que é uma memória não reconhecida como tal, pois a pessoa encontra coisas que tinha sido perdidas muito tempo antes, ou de repente vem à sua mente consciente o nome de alguém que a pessoa conheceu muitos anos atrás e de quem já não se lembrava. A Criptominésia faz parte da Pantomnésia. Um exemplo clássico desse fenômeno ocorreu com a Divina Comédia de Dante. O Cântico número 13 perdido e ninguém sabia onde estava. Em maio de 1321, o filho menor de Dante sonhou que seu pai se aproximava dele e o levava a um quarto onde havia passado os últimos anos de sua vida, e ali indicava um lugar. Quando acordou, procurou esse lugar e nele achou o manuscrito. Evidentemente, trata-se de um caso de Criptominésia. Em algum momento o rapaz viu seu pai guardar ali o cântico, ou ouviu ele dizer onde estava o manuscrito Depois essa informação passou para o subconsciente e, com o tempo, voltou através de um sonho, devido ao alvoroço das pessoas que tentavam encontrar esse escrito, provocando na mente do rapaz o desejo de descobrir seu paradeiro.

A pessoa que se dedica ao estudo da Parapsicologia deve considerar muito, tanto a Pantomnésia quanto a Criptominésia, pois alguns fenômenos, como o que descrevi, não são realmente parapsicológicos nem paranormais. Mais adiante, quando fizermos de fato a classificação, consideraremos também alguns outros sentidos que temos, como seres humanos, a fim de compreendermos que muitas coisas que assustavam nossos avós eram na realidade fenômenos naturais, captados através do sistema nervoso.

De um ponto de vista muito geral ou global, os fenômenos paranormais se classificam em ‘sensoriais e extra-sensoriais’.

Os fenômenos ‘sensoriais’ são aqueles que se captam ou se produzem com a participação de nossos sentidos físicos. Os ‘extra-sensoriais’, por sua vez, são captados ou produzidos por vias indiretas, sem a participação direta do sistema nervoso, embora este acabe sempre participando numa fase secundária, a fim de que nosso cérebro compreenda o fenômeno. Como exemplos gerais, entre os fenômenos sensoriais temos a RADIESTESIA e, entre os extra-sensoriais, a TELEPATIA.

Quanto aos ‘dotados’, classificam-se conforme os fenômenos que captam ou produzem. Se o dotado é de efeitos sensoriais, chama-se ‘sensitivo’, e se é de efeitos extra-sensoriais, ‘paragnosta ou metagnomo’. Como foi explicado no artigo anterior, é possível que um parapsicólogo seja dotado, embora isso não seja muito comum, e sim uma coisa muito rara. Também foram encontrados dotados tanto sensitivos quanto paragnostas, o mais famosos dos quais foi ‘Douglas Hume’, que podia produzir à vontade todos os fenômenos psíquicos.

Recentemente foram conseguidos muitos avanços na compreensão dos mecanismos emocionais e cerebrais dos ‘dotados’, bem como das características e da produção dos fenômenos paranormais. Sabe-se agora que:

1_ Esses fenômenos costumam ser acompanhados de experiências subjetivas de forte teor emocional.

2_ Os dotados produzem mais e melhor quando trabalham em seu ambiente natural. Na presença de um pesquisador ou de um parapsicólogo, o êxito está condicionado ao grau de simpatia ou de amizade que existia entre eles, assim como a que os experimentos sejam motivadores e não aborreçam o dotado.

3_ Os casos de fenômenos espontâneos se produzem principalmente em estados especiais do cérebro denominados ‘Estados Alterados de Consciência’. Também influi muito a confiança em si mesmo.

Para produzir esses estados de consciência, as técnicas mais usadas tem sido a hipnose e os sonhos controlados, que são praticadas em diversos laboratórios, como é o caso do “Maimonides Medical Center de Nova Iorque”.

Segundo uma das hipóteses, o centro de controle das percepções paranormais está localizado a nível do rinencéfalo. Nas técnicas de relaxamento, hipnose, privação sensorial mediante o sonho, os êxtases místicos, etc., o rinencéfalo adquire um papel predominante, porque pode transmitir a mensagem recebida para a zona cortical ou o córtex cerebral, onde ela se torna consciente. Não obstante, isso deve ser feito com muito cuidado e controle, pois, do contrário, a mente consciente poderia perder o controle do subconsciente e então a pessoa perderia também o controle de suas funções básicas e a capacidade de raciocinar, podendo chegar à loucura ou à perda total ou parcial da realidade.

Os estados alterados de consciência podem ocorrer pelas seguintes vias normais:

1_ Via TROFOTRÓPICA _ que consiste numa diminuição dos estímulos sensoriais, como acontece no relaxamento, no transe hipnótico ou magnético, no sonho, no isolamento numa câmara de silêncio, etc.

2_ Via ERGOTRÓFICA _ ou por excitação. O medo, o arrebatamento ou êxtase místico, a introdução súbita de uma pessoa em água muito fria ou muito quente, a crença de estar na presença de um Santo ou de um Mestre de conhecimento espiritual, ou a presença real de um destes, podem produzir esse fenômeno e dar origem à captação ou à produção de fenômenos paranormais. Exemplos clássico são as curas chamadas de milagrosas, que se produzem em grutas famosas, como a de Lourdes. O doente se apresenta com muita fé e grande esperança, mas ignora que a água é gelada. Quando é introduzido de repente na água, o estímulo pode provocar uma cura paranormal. Um parapsicólogo francês, Robert Toquet, calculou que, em condições de paranormalidade, a divisão das células pode se acelerar até 30 vezes em relação à normal. Se isso é possível, nada há de estranho em que um mal seja curado em questão de minutos ou de algumas horas; mas como até pouco tempo não se compreendia esse fenômeno, dizia-se que era um milagre.

Voltando aos ‘dotados’, todos o somos, mas em estado potencial. Em outras palavras, ocasionalmente, todos temos a experiência de algum fenômeno psíquico. A diferença entre um dotado natural e um potencial está em que, no primeiro, os fenômenos são transferidos de modo natural e espontâneo das áreas mais profundas do cérebro para a superfície e aí se tornam conscientes, ao passo que no outro não ocorre isso, e sim nosso cérebro guarda a informação em suas zonas mais profundas, sem que o saibamos. Mas algumas vezes se produz uma sensação estranha, como angustia, ou o pressentimento de algo sem saber exatamente o que. Ainda não se conhece o mecanismo de transferência de uma zona do cérebro para outra, nem está claro como nosso cérebro pode receber informação por via extra-sensorial. Não obstante, a Parapsicologia, como toda ciência, continua pesquisando, e tem-se a esperança de que algum dia se chegue a conhecer tudo isso, de modo que os fenômenos psíquicos possam ser desenvolvidos em muito mais pessoas, para que eles tenham aplicação prática e positiva.

No artigo que virá a seguir, explicaremos a relação dos sentidos físicos com os fenômenos que no passado eram considerados milagrosos ou paranormais, mas que não são perfeitamente naturais.
_

[Texto de Pedro Raúl Morales]

Nenhum comentário:

Postar um comentário