11 de fev. de 2010

O Universo Descontínuo.


Os conceitos sobre o universo físico mudam à medida que a experiência do homem abrange mais do universo observável e os experimentos científicos se tornam mais completos e perfeitos.


Um campo cujos conceitos estão se alterando relaciona-se com a continuidade da expressão de eventos físicos. Por exemplo, no período da Física clássica [ de Sir Isaac Newton, no século dezessete, a Max Planck, no começo do século vinte],ensinava-se que a energia, o tempo, o espaço e o momento [massa x velocidade] são quantidades contínuas. Poder-se-ia transmitir, em princípio, qualquer quantia de energia a uma partícula [ao elétron único do átomo de hidrogênio, por exemplo],mesmo numa quantia infinitesimal. Além disso, os antigos físicos acreditavam que era possível conhecer exata e simultaneamente a posição duma partícula. Esses conceitos foram o resultado direto de observações de corpos grandes [relativamente à escala atômica]e dos mais simples cálculos matemáticos necessários a predizer o comportamento desses corpos sob condições definidas.

Com o surgimento da nova Física nas primeiras décadas do século vinte, as noções clássicas tiveram de ser modificadas para explicar a natureza descontínua do universo atômico. Por exemplo, a descoberta do elétron, dos raios X, da estrutura do átomo e da unidade intrínseca de carga contida no elétron e no próton, foram valiosas no surgimento da nova Física. Os níveis de energia do elétron do átomo de hidrogênio [na realidade, de todos os átomos] são quantificados e não podem assumir valores arbitrários. A luz parece onda em certos experimentos e partícula [um fóton] em outros. Heisenberg demonstrou matematicamente que é física e teoricamente impossível determinar a posição e o momento ou a inter-relação de tempo-energia] exata e simultaneamente.

Este é o famoso PRINCIPIO DA INCERTEZA:

ð Momento x Posição > constante de Planck (h)/2PI

Essa relação indica que podemos determinar experimentalmente tanto a posição como o momento dum corpo somente dentro de certa quantidade (h), que, embora muito pequena, não é infinitesimal. Em certo sentido, a quantidade de (h) é um aumento universal na escala de medida da natureza. Seu valor não é arbitrário e está intimamente entrelaçado à própria essência do universo físico. Isso entra em conflito com a concepção clássica de que as dimensões comuns de medidas espaciais são totalmente arbitrárias.

Desse novo ponto de vista, é interessante perceber como esses conceitos mutáveis afetam nossas teorias metafísicas e filosóficas.

CONCEITO MÍSTICO DO ABSOLUTO_
O conceito de DEUS, o TODO, o Absoluto, apresentado pelo místico, entende o SER como Universal, que compõe a própria essência de tudo o que existe ou que pode existir. Nada existe além do SER. Como o SER é TUDO, é abrangente, e nada pode existir fora d’Ele ou exterior a Ele. Ele não é divisível, pois que é que poderia separar sua essência? Conseqüentemente, o SER é contínuo. Em certo sentido, os físicos clássicos enxergavam uma correspondência “de um a um” entre a necessidade da continuidade do ser e a continuidade da natureza. Psicologicamente, foi esse mesmo preceito que opôs resistência ao progresso da física de Bohr, Pauli, Dirac, Schrödinger e Heisenberg em seus primórdios.

A NOVA FÍSICA E O PENSAMENTO METAFÍSICO_
Uma contribuição vital da nova Física ao pensamento metafísico é a de que as manifestações da existência [SER] no universo físico são descontínuas e quantificadas quando vistas de perto. Além disso, nenhuma afirmação sobre a matéria é exata. Por exemplo, tudo o que se pode afirmar sobre o modo de manifestação dum elétron é que existe uma probabilidade especifica de que, num dado momento, o elétron se encontre numa determinada posição. Essa dicotomia entre o verdadeiro estado do SER e sua manifestação particular em nosso universo explica por que é tão difícil para o homem, um mecanismo biológico composto de partículas descontínuas, construir mecanismos para medir as manifestações psíquicas superiores do SER. Pelo que sabemos, essas manifestações podem possuir uma natureza contínua e ser estranhas aos nossos métodos de avaliação física.

Essa descontinuidade da natureza sugere que nossa consciência pessoal, embora encarnada num mundo físico, pode assumir [ou se manifestar em...] uma forma descontínua. É evidente, mesmo para o observador descuidado, que a nossa consciência ou percepção objetiva-subjetiva não é um fluxo temporal contínuo. Antes, nossa consciência consiste em pensamentos conscientes separados por hiatos ou períodos momentâneos de não-consciência. Nossa consciência de tempo é produto da seqüência desses intervalos discerníveis de consciência. Tempo e Consciência, enquanto no plano físico, são inseparáveis.

A avaliação interna desses intervalos de consciência ou percepção depende de como os vivenciamos. Por exemplo, é um fenômeno bastante conhecido o de que o tempo passa muito mais rapidamente num sonho que quando estamos acordados. Um sonho é de alguns segundos de duração talvez requeira muitos minutos de tempo do estado de vigília para ser relatado. Entretanto, não se deve entender isso no sentido de que nossas noções de tempo, ou seus métodos de manifestação, são totalmente arbitrárias. Não é razoável supormos que o tempo necessário a elaborarmos um pensamento esteja relacionado com a quantidade de circuitos neurais pelo cérebro nesse momento especifico. Provavelmente, o intervalo mínimo entre os pensamentos é determinado pelo tempo objetivo necessário a que um impulso elétrico de um neurônio, ou célula cerebral, a outro. Nessa situação, o período de transferência estaria de acordo com a nossa escala fundamental de tempo consciente – períodos mais longos de consciência requereriam números maiores de unidade operando seqüencialmente. Para que um pensamento seja registrado na memória durante os sonhos, pode ser que seja necessária uma parte do cérebro menor que a necessária em estado de vigília.

Com base no que foi dito acima, percebemos uma correspondência entre a natureza descontínua ou interrompida do mundo físico e a nossa consciência cerebral comum, uma analogia que não se tinha em mente na época da Física clássica. A nova Física tem auxiliado a compreender o nosso mundo.

Em contraste com o acima exposto, é interessante discutir a natureza da experiência mística ou noética. Durante esse estado mental, o indivíduo perde a noção de individualidade e sente-se ubíquo, isto é, que está em todas as partes ao mesmo tempo. A noção de tempo é tal, que só existe o agora [o passado, o presente e o futuro deixam de ter significado]. Aliás, não há nenhuma noção de tempo durante a absorção no estado místico. A mente se torna capaz de vivenciar e absorver o conhecimento extensivo, absorvente, completo, auto-suficiente e satisfatório, que parece surgir espontaneamente na consciência, sem recurso aos sentidos objetivos ou capacidades de raciocínio do cérebro. É como se de repente a pessoa compreendesse a totalidade e amplidão de certo assunto, em todas as suas ramificações e permutações.

A EXPERIÊNCIA MÍSTICA_
A natureza ininterrupta desse estado contrasta extremamente com a consciência normal de nosso mundo físico. Talvez isso seja significativo à nossa compreensão do estado místico, pois, durante esse estado, as noções de espaço e tempo não existem para nós. Esses são constructos do mundo físico, e não do SER. Parece que o estado noético pode representar a experiência direta da natureza do SER por parte da personalidade consciente individual. O método exato da transferência dessa informação ao cérebro humano é desconhecido.

A existência desse estado noético de experiência é uma das melhores evidências de que dispomos sobre natureza do SER, de DEUS ou do TODO. É a distinção entre a forma descontínua de manifestação do universo físico normal com suas qualidades espaciais e temporais e o estado de conhecimento espontâneo e sensação de ubiqüidade que cria muitos dos equívocos sob os quais laboramos. Para alcançarmos o sucesso máximo em nossa vida, precisamos compreender e utilizar as leis e regras que compõem nossas existências interior e exterior. Desvendar o plano do Supremo Arquiteto, e colocá-lo em prática, é o verdadeiro propósito da humanidade. Os métodos de conseguirmos isso estão contidos nos ensinamentos de fraternidades arcanas.
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[Texto de.: Michael J. Kell]

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